Império Serrano 2020: Em desfile sobre mulheres, verde e branca deixa baianas sem saia e desrespeita sua história
O Menino de 47 não tem mãe
Com o enredo “Lugar de mulher é onde ela quiser”, o Império Serrano deixa suas matriarcas de bermudas e seus ritmistas de chinelo.
Fala, Luiz!
“Foi triste. O samba funcionou, as alas estavam completas, vieram bem. Mas para uma escola com tantos campeonatos como o Império Serrano, não podia se permitir a isso. Foi triste, foi melancólico. E a gente sentia a tristeza em cada componente do Império. A ausência da saia das baianas mexeu com a decência e ancestralidade”
Comissão de frente
Único momento de alívio durante toda tensão que pairou o desfile do Império Serrano, a comissão de frente fez com que a escola fosse aplaudida logo nos primeiros módulos. A apresentação trazia mulheres negras que referenciavam a própria cultura imperiana negra e jongueira do Morro da Serrinha, com passos que caracterizavam a dança que consagrou uma das matriarcas que foi homenageada: Tia Maria do Jongo.
Para o comentarista do SRzd Marcio Moura, a comissão de frente foi emocionante:
“Última escola da noite trouxe uma incrível comissão. Bailarinas lindas, muito bem ensaiadas pelo estreante Paulo Pinna. Prova de que simplicidade é parceira direta do talento! Uma emocionante homenagem às mulheres!”
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
O casal mostrou entrosamento e força. Veronica Lima e Matheus Machado estavam muito seguros. O bailado comoveu o público que notou a familiaridade do traje, pois diante da crise financeira da escola, a roupa da dupla era a mesma de antigos carnavais.
Para a comentarista do SRzd Eliane Souza, o bailado foi ancestral.
“O que observamos na performance do primeiro casal, Matheus Machado e Veronica Lima, foi o encontro belíssimo da juventude herdeira do bailado ancestral com a espetacular experiência de uma sambista renomada! Encantador observar a elegância e o garbo em movimentos obrigatórios, gestual e passos bem elaborados. A passagem do casal foi um presente para os olhos.
É importante ressaltar também, o segundo casal do Império Serrano, Yuri e Maura Luiza, com um bailado harmonioso, no qual se destacou a integração do par pela sintonia e sincronismo dos movimentos coordenados e pela alegria de dançar, merece este destaque.”
Alegorias e adereços
Um dos principais dramas do desfile imperiano era encontrado nas suas alegorias. A escola da Serrinha reviveu o seu conjunto alegórico do Carnaval 2019, que foi responsável pelo retorno da agremiação para a Série A. Foi notória a tentativa do carnavalesco em inserir no contexto atual da escola. Infelizmente, sem sucesso.
Para o comentarista o Wallace Safra, o conjunto alegórico do Império Serrano foi singelo e assertivo:
“As alegorias também ficaram comprometidas em seu processo de acabamento e finalização, mas com plásticas homogêneas e que obedeceram um trabalho singelo e assertivo.”
Fantasias
As fantasias foram o pior quesito do desfile do Império Serrano. A crise financeira e a péssima gestão da escola foram refletidas diretamente na vaidade do componente da verde e branco. “Serrinha Custa Mais Vem” é um dos versos cantados pela Velha Guarda da escola. Porém, diferentemente da música, a fantasia custou e não apareceu. E, a partir daí, o drama foi instaurado em diversos setores da passagem pela Avenida, pois um garoto travesso, o menino de 47, deixou a ‘Mãe Baiana, mãe’ de bermudas.
Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, as fantasias deixaram a desejar:
“O conjunto de fantasias deixou a desejar, apresentando muitas falhas de acabamento, muitos figurinos incompletos, alguns inacabados, além de uma plástica singular.”
Enredo
O enredo tinha como finalidade exaltar o empoderamento das mulheres, usando como base Tia Maria do Jongo, ela era uma das únicas fundadoras vivas da escola. De fato, o desfile não chegou aos pés da representatividade e do significado cultural que envolvia a quase centenária matriarca que morreu no ano passado.
Toda a narrativa do desfile foi prejudicada com a escassez das fantasias. Algumas não ficaram muito claras, outras simplesmente não foram visitas.
Samba-enredo
O samba do Império não é nenhuma maravilha. Pelo contrário, está bem aquém do que a escola costuma produzir musicalmente. Também se esperava mais por se tratar de uma homenagem às mulheres. Apesar disso, a obra não compromete e foi o menor dos problemas na Avenida.
A composição foi bem levada pelo intérprete Silas Leléu e conseguiu injetar um pouco de ânimo nos mais guerreiros componentes, que superaram as adversidades e desfilaram por amor à verde e branca da Serrinha.
Bateria
A bateria é o pulsar do desfile de uma escola de samba (aliás, essa é a frase que está presente no pavilhão imperiano), quando esse movimento não é feito de forma saudável, tudo é prejudicado. Apesar da metáfora, em um desfile a história não é diferente. Conhecida pelos seus agogôs, a Sinfônica do Samba foi uma das feridas com a ausência das suas fantasias. Com alguns dos seus ritmistas de chinelo e chapéu, a bateria fez um bom trabalho diante das circunstâncias.
Para o comentarista do SRzd Bruno Moraes, a bateria foi segura:
“A tradicionalíssima bateria Sinfônica do Samba entrou na Avenida com a autoestima baixa, pois muitos ritmistas estavam sem chapéu e só receberam a fantasia horas antes, o que impactou na performance. Mestre Gilmar fez boa apresentação aos julgadores, seguro e com muita postura.”
Harmonia
A tradicionalíssima bateria Sinfônica do Samba entrou na avenida com a autoestima baixa, pois muitos ritmistas estavam sem chapéu e só receberam a fantasia horas antes, o que impactou na performance. Mestre Gilmar fez boa apresentação aos julgadores, seguro e com muita postura.
Evolução
A escola não teve graves problemas no quesito e não deve ter muito o que se preocupar na apuração. O desfile foi encerrado dentro do tempo e não apresentou oscilações de andamento, nem clarões na Avenida. As alas permaneceram coesas e não embolaram durante a evolução. Os componentes, contudo, poderiam ter aproveitado o bom samba-enredo para mostrar mais em empolgação e garra.
Nota da galera
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