Império da Tijuca mantém tradição de bons sambas em desfile cheio de Axé

Império da Tijuca. Reprodução

O Império da Tijuca foi o penúltimo a pisar na Avenida na segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.

Já com o dia amanhecendo, a tradicional escola do Morro da Formiga começou bem sua apresentação, com comissão de frente e abre-alas que impactaram o público que ainda resistia ao cansaço da longa jornada carnavalesca. Porém, como o passar dos minutos, problemas de acabamento e tropeços no cortejo, ficaram aparentes na passagem tijucana.

+ em busca do Acesso:

Cores do Axé é o título do tema desenvolvido pelos carnavalescos Júnior Pernambucano e Ricardo Hessez, estreando na agremiação na função.

A história apresenta a união de uma poderosa narrativa ao olhar precioso de quem soube reconhecer e se inspirar em um elemento tão potente e enriquecedor, imbuído da força primordial, transformadora e criativa: o Axé.

Para a tradição nagô-iorubá, o Axé é a energia vital que está presente no universo desde sua criação. Com maestria, Carybé pintou e esculpiu o cotidiano do nosso povo. Dentre ritos e celebrações do terreiro, festas e aglomerações das ruas, vários momentos repletos de energia ganharam contorno nas obras do artista. O enredo se baseou no universo religioso afro-brasileiro a partir da obra do artista Carybé, carinhosamente pela escola intitulado: Obá das Cores do Axé.

+ comentaristas do SRzd avaliam desfile:

Célia Souto: “Os componentes cantam o samba, porém não mantém a vibração do canto, oscilando entre estrofes mais destacadas em relação a outras menos vibrantes. A evolução da escola flui com regularidade”.

Cadu Zugliani: “A tradição de bons sambas recentes do Império da Tijuca está mantida. Samba forte, muito bem interpretado pelo Daniel e pela forte comunidade da escola. O único porém do samba é que, talvez pelo andamento pra frente, as frases ‘pinta meu corpo retinto macumbeiro’ e ‘mamãe Oxum guiando o amanhã’, ficaram um pouco atropeladas. Mas não tiram o brilho do grande desfile que o samba fez”.

Jaime Cezário: “A proposta defendida pelo enredo era usar como fonte inspiradora a obra do pintor Carybé e viajar na mística baiana. Mas o que foi apresentado, foi muito mais a mística baiana fundamentada no culto dos Orixás e o do Candomblé. Seria uma proposta sensacional ver em pinceladas criativas isso tudo descrito em fantasias e alegorias. A excelente ideia do enredo, talvez tenha ficado um pouco difícil de ser traduzida, pois esbarrou nas dificuldades financeiras de uma escola que desfila nesse grupo. O que vimos como enredo apresentado na sua totalidade, foi a força da cultura mística baiana. Ficou faltando ver o colorido das pinturas do Carybé, transformados em cores desse Axé. As fantasias foram resolvidas dentro do roteiro fornecido, não usaram requintados materiais, mas o que foi apresentado, foi de boa qualidade e com bom acabamento. As alegorias eram grandes, com bom acabamento, e apresentavam ótimos destaques, os quais ajudaram a dar um toque especial no conjunto geral. Destaco o destaque do abre-alas, com a fantasia de Oxalá, roupa requintada e rica, que chamava atenção”.

Eliane Souza: “Renan Oliveira e Laís Lúcia fizeram uma apresentação com leveza e simpatia, com gestos e passos da dança afro acrescentados aos movimentos do bailado. O casal desenvolveu sua coreografia com grande habilidade, coordenando os movimentos e demonstrando a excelente sintonia em suas finalizações. A porta-bandeira realizou com destreza seus giros, sempre cortejada e conduzida pelo mestre-sala, que reverenciava o pavilhão com galhardia. Destaque para Fábio Rodrigues e Mônica Menezes, o experiente segundo casal da escola”.

Rachel Valença: “O Império da Tijuca tem o peso de uma escola tradicional e isso é sem dúvida um trunfo. Mas fica a um passo do peso excessivo que não conquista o torcedor contemporâneo. Além disso, foi possível entrever traços de carência de recursos bravamente escondidas pela elegância da escola, à exceção do presidente Tê, que parece ter perdido o cuidado com a aparência que o cargo exige”.

Wallace Safra: “A comissão de frente se apresentou em três atos, trazendo a cada ato Orixás distintos e movimentos inerentes a cada um deles de maneira orgânica e identitária ao cunho religioso, com uma reprodução leve e de fácil leitura para o público. O coreógrafo Jardel Augusto Lemos conseguiu traduzir de forma objetiva o enredo e nos figurinos que representavam ‘as cores do sagrado’ deu início ao enredo da escola de maneira direta. Destaque para a objetividade e transparência na comunicação e mensagem da comissão”.

+ veja a galeria de fotos do desfile

(veja a ordem de desfiles do Acesso):

+ sexta-feira , 17 de fevereiro:

1ª – Arranco do Engenho de Dentro
2ª – Lins Imperial
3ª – Vigário Geral
4ª – Estácio de Sá
5ª – Unidos de Padre Miguel
6ª – Acadêmicos de Niterói
7ª – São Clemente

+ sábado , 18 de fevereiro:

1ª – União de Jacarepaguá
2ª – Unidos da Ponte
3ª – Unidos de Bangu
4ª – Em Cima da Hora
5ª – Unidos do Porto da Pedra (escolha de posição feita pela escola)
6ª – União da Ilha do Governador
7ª – Império da Tijuca
8ª – Inocentes de Belford Roxo

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