Gabriel Castro: Novos Voos e Novos Caminhos

Gabriel Castro: mudança na vida, nas perspectivas e na imagem artística para 2019 / Foto: Leandro Andrade

 

O ano de 2018 foi um divisor de águas na carreira de Gabriel Castro. A emoção de se tornar pai, com o nascimento da sua primeira filha, Heleninha, levou o passista de ofício a buscar rumos diferenciados e novos horizontes para seu trabalho. Mudou o visual, vieram os novos trabalhos, deu-se uma nova visão artística.

Helena nasceu…Gabriel se recriou!

Gabriel e a filha Heleninha, de 1 ano: a paternidade ajudando o artista em sua reedição / Foto: Quelli Moraes

Já em 2017, nos preparativos para o primeiro Brasil Samba Congress, o maior evento-show envolvendo passistas de escolas de samba já realizado no país, a experiência ao ser convidado como um dos diretores de equipe apontou a necessidade de uma reinvenção. Que só ocorreria, de fato, ao encerrar o carnaval de 2018. 

Após permanecer por 10 anos como passista e por seis anos à frente da coordenação de passistas do Império Serrano, sua escola de coração, Gabriel entregou o cargo ao fim do último carnaval. Alegando buscar novos desafios e uma estrutura de trabalho mais pertinente com suas reais possibilidades de trabalho, avançou sobre outros projetos. Manteve-se na direção de passistas do outro Império, o da Tijuca; prestou consultoria artística à ascendente Unidos de Bangu para sugerir o staff da direção de passistas, dos carros e das alas; aceitou o convite para coreografar a comissão de frente da Imperadores Rubro-Negros na Intendente Magalhães; assumiu a direção de passistas da Unidos de Vila Isabel.

Vestido no azul elegante dos malandros do Boulevard: “Gabriel de Vila Isabel!” / Foto: Leandro Andrade

Foi um 2018 longo e extenuante rumo a este 2019. Mas produtivo e dentro dos novos planos de Gabriel para sua caminhada.

“2018 foi um período de mudanças intensas, fiz do carnaval e da arte minha vida e meu ofício de fato. Hoje me vejo em uma postura ainda mais profissional do que era antes. Trabalhei o dobro e em silêncio. A surpresa e o amadurecimento virão na avenida” – prometeu.

Se a técnica lhe pareceu tão relevante, para Gabriel as parcerias são também fundamentais. Em todo tempo ele destaca o apoio de pessoas-chave para sua realização como sambista e como profissional do carnaval.

“Graças a Deus tenho pessoas especiais a meu lado. Na Vila, eu e Dandara temos muita sintonia e coisas em comum: mesma idade, uma família de sambistas, estamos no samba desde a infância. Há que se destacar, ainda, o auxílio luxuoso de Kátia Suzuki e da equipe de harmonia da escola. No Império da Tijuca, a vinda de Laíza Bastos atendendo meu convite pra compor comigo a direção foi primordial para o bom resultado. Uma parceira constante, com experiência internacional no carnaval e fora dele, sempre muito dedicada à ala.” – afirmou, dividindo “os louros da fama” com as companheiras de ofício. 

As parceiras de trabalho Dandara e Laiza: carinho e afinidade / Acervo pessoal

Mas nem só de convites para novos trabalhos seguiu a vida de Gabriel rumo ao carnaval 2019. A passagem pelo Brasil Samba Congress, que o levou inclusive à edição internacional do evento na Austrália, também o inspirou a produzir um curso destinado ao público estrangeiro que queria aprender o samba carioca para deslanchar no nosso carnaval. Assim nasceu o Workshop Eu Sambo AssimInternational:

“A ideia era simples: reunir o público que mais consome samba, hoje, no mundo – os estrangeiros – oferecendo professores em níveis altíssimos de excelência em trabalho e didática. Optei por professores menos marcados no mercado internacional. Escolhi os professores e convidados do projeto a dedo, produzi e idealizei todos os detalhes, da parte artística à produção, e foi um sucesso, aliás maior do que o esperado. O retorno foi positivo e, após o carnaval, já estudaremos a próxima edição em 2020, e iniciaremos as conversas para levar o projeto para fora do Rio em edições especiais.” – revelou, já adiantando seus planos.

Na edição 2019 do Brasil Samba Congress: atuante como professor e jurado / Foto: Divulgação BSC

Mas é de passistas em desfile, e de ala de passistas, que Gabriel gosta de falar. Para isso, ele adianta o que poderá “entregar” com suas duas alas na Sapucaí: 

“Na Vila, um terço da ala é novo contingente, alguns nunca desfilaram, a ideia era mudar algumas peças respeitando a primordial tradicionalidade de samba no pé dos passistas da escola. Unir o novo ao tradicional, interação e troca de conhecimento entre geração. O resultado é notório: pessoas bonitas cercadas de passistas experientes que passam seu conhecimento aos mais novos. Treinamos muito as apresentações de quadra e para o desfile oficial. Aumentamos a fluidez e a homogeneidade nos ensaios de rua. Os passistas aprenderam a escutar e sentir o samba nos momentos em que a melodia pede respiro, movimentação e explosão. No Império da Tijuca, demos continuidade ao trabalho, que ficou mais maduro e consistente. Trabalhamos aspectos como postura e também figurinos com o intuito de reforçar nossa imagem externa. O samba no pé, graças a Deus nunca faltou na Formiga. Fizemos quatro meses de projeto Eu Sambo Assim na quadra com jovens e adultos da comunidade e região, o que muito nos ajudou na fluidez da dança dos passistas mais novos.” – anunciou, animado com o resultado dos trabalhos.

Identidade visual e estilo na nova fase / Foto: Leandro Andrade

A poucos dias do “maior espetáculo da Terra”, um novo Gabriel será visto na avenida. Ainda não será dessa vez que a pequena Heleninha entenderá a guinada que pode ter promovido na vida de seu pai. Uma coisa, porém, parece certa: jogando nas 11, Gabriel Castro não desiste de vestir a camisa 10.

Coisa de quem é craque nesse negócio chamado “samba”.

   

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