Final do Império da Tijuca tem samba de Paulinho Bandolim campeão e desistência por Covid-19

Final de samba do Império da Tijuca para o próximo Carnaval. Foto: Reprodução

No Império da Tijuca, negritude é lei

Poucas escolas tem tanta familiaridade para falar de temática afro na Sapucaí como o Império da Tijuca. Para o próximo Carnaval – que ninguém sabe ainda quando será -, a verde e branca escolheu um samba que carrega no refrão aquilo que a escola vem pregando nos últimos anos: que no Império da Tijuca, negritude é lei.

Só pra se ter uma ideia, dos dez últimos desfiles da agremiação, seis deles tiveram forte presença de temas afro no desenvolvimento.

+ Ouça o samba campeão

Os autores da belíssima obra são Paulinho Bandolim, Guilherme Sá e Edgar Filho. O trio de compositores deu vida – e muito bem – ao enredo “Samba de Quilombo – A resistência pela raiz”, do carnavalesco Guilherme Estevão, e desbancou outras quatro parcerias na final deste sábado (12).

Por falar na vitória…

A consagração da composição é um ponto a se destacar na decisão do Império. O samba foi crescendo no decorrer das apresentações. Sem favoritismo, sem fama nas redes sociais, mas com muita qualidade na obra, com direito a refrão jongado e estilo de composição que lembra os sambas da década de 70, época em que a escola de samba Quilombo, tema do enredo, fez sua história.

Compositor campeão, Paulinho Bandolim, ao lado dos intérpretes Bico Doce e Nina Rosa, que defenderam a obra. Foto: Reprodução

Quilombo virtual

Em tempos de pandemia, o Império da Tijuca foi a segunda agremiação da Série A a realizar uma disputa de samba totalmente virtual – a primeira foi a UPM. Ao todo, foram cinco sábados de live, com transmissão ao vivo pelo SRzd. O concurso aconteceu no Tijuca Tênis Clube e a escola respeitou as orientações de segurança impostas pela pandemia de Covid-19.

+ Reveja a final do Império da Tijuca

Aliás…

O respeito se deu também por parte das parcerias. O samba 40, de Claudio Russo, Lequinho, Léo do Piso e Chico Alves, era um dos finalistas do concurso, mas decidiu não participar após tomar conhecimento que alguns integrantes do grupo estavam com suspeita de coronavírus. Perderam a disputa, mas ganharam no quesito exemplo.

“Decidimos que não há a mínima condição de ocorrer a nossa apresentação na grande final. Vivemos uma pandemia e somos pessoas conscientes o bastante pra entender que com vida não se brinca”, afirmou o compositor campeoníssimo Claudio Russo, que saiu do concurso com mais essa vitória no currículo.

Disputa de samba do Império da Tijuca para 2021. Foto: Divulgação

Sem a parceria 40, a disputa aconteceu com um a menos, mas manteve o brilho do concurso, que foi o maior da história do Império da Tijuca. Foram 56 parcerias inscritas. Mérito não só do enredo, mas da ideia da agremiação de democratizar as eliminatórias.

+ Ouça os outros sambas concorrentes

O novo modelo de disputa privilegiou gravações caseiras, teve taxa de inscrição de R$ 77, com valor revertido para compra de cestas básicas, e não obrigou parcerias a contratar intérpretes, já que a escola disponibilizou integrantes do seu carro de som para defender as obras.

No final, o resultado foi pra lá de positivo. A escola ‘quilombola’, da ‘zoeira’, que já ‘fez tremer’, agora traz de novo o ‘Morro da Formiga pra vencer’. Samba, tem.

Disputa de samba do Império da Tijuca para 2021. Foto: Divulgação










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