Final 2 marca desfiles históricos no Rio de Janeiro e 2022 já é um deles

Desfile Viradouro 2020. Foto: Juliana Dias/SRzd

Desfile Viradouro 2020. Foto: Juliana Dias/SRzd

A numerologia é um instrumento de estudo dos números e da influência que a vibração deles tem em nossas vidas e já bastante difundido e procurado pelas pessoas.

Segundo esta ciência, tudo pode ser representado por números e cada um deles tem uma vibração diferente. Essa vibração traz influências à personalidade, espiritualidade, intelecto, relações pessoais e dons profissionais, por exemplo.

No Carnaval, onde é conhecida a reconhecida a prática da espiritualidade entre os sambistas, alguns fenômenos ficam sem explicação.

De acordo com a numerologia, o numero 2 representa a maternidade, que é capaz de gerar, nutrir e acolher. É tido como um número que simboliza a sensibilidade, o conhecimento e a força da intuição. Possui ainda um poder de conciliação, que promove a paz e o equilíbrio aos polos positivos e negativos.

Analisando os desfiles de escolas de samba nos Carnavais dos anos de final 2, é possível encontrar um semelhança; a recorrente concretização de desfiles que causaram grande apelo junto ao público, seja pelos sambas que caíram no gosto do popular, seja por espetáculos que entraram para a galeria dos mais emblemáticos da festa no Rio de Janeiro.

+ Recorte dos últimos 50 anos mostra algo especial nos desfiles dos anos de final 2:

É quase um consenso que a construção musical dos sambas de enredo se modificou ao longo dos anos. Para dar sustentação ao contingente crescente nos desfiles, entre outros aspectos, eles foram sendo transformados.

Também beira a unanimidade, entre especialistas no tema, que o ano de 1972 é um ponto fora da curva pela quantidade de obras imortais no Carnaval carioca.

O Império Serrano conquistou, naquele ano, seu oitavo título de campeão, homenageando a cantora Carmen Miranda, morta em 1955.

O enredo Alô, Alô, Taí Carmen Miranda, foi desenvolvido pelo carnavalesco Fernando Pinto, conquistando seu primeiro título. Logo depois, se tornaria um dos gênios na arte de desenvolver ideias e soluções originais para os desfiles.

O samba imperiano foi composto por Heitor Achiles, Maneco e Wilson Dias e, como acontecia naqueles tempos, acabou sendo gravado por artistas de fora do circuito da folia. Este, em especial, por nada mais, nada menos, que Elis Regina.

Além do hino da verde e branca, Portela, com Ilu Ayê, a Terra da Vida; Imperatriz Leopoldinense – Martim Cererê; Acadêmicos do Salgueiro – Nossa Madrinha, Mangueira Querida e Unidos de Vila Isabel – Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade, se destacam no catálogo com obras imortais.

+ Bum Bum Paticumbum Prugurundum 

Bum Bum Paticumbum Prugurundum. Quem diria que esta “sopinha de letras” se tornaria parte de um refrão dos mais cantados da história do Carnaval carioca?

Novamente o Império Serrano conquistou a taça. Naquele 1982, debaixo de um sol escaldante, criticou o gigantismo que as escolas de samba estavam adotando, em detrimento das raízes culturais da festa.

Sugerido pelo carnavalesco e cronista Fernando Pamplona, foi confeccionado pelas carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda, que foram campeãs também pela primeira vez.

Beto Sem Braço e Aluízio Machado foram os autores desta obra de arte e além da comunhão entre a escola da Serrinha e o povão, ficou a previsão que se concretizou: “… Escondendo gente bamba, que covardia…”, num dos trechos do samba.

Ainda merece destaque neste ano o alegre e contagiante Carnaval cheio de simplicidade da União da Ilha do Governador, com o inesquecível É Hoje.

+ Sonhar não custa nada, a Estácio sonhou e desbancou a poderosa bicampeã Mocidade:

No ano de 1992, a Estácio de Sá conquistou seu primeiro e único título na elite do Carnaval carioca.

Com um desfile sobre o movimento modernista no Brasil e os setenta anos da Semana de Arte Moderna de 1922, deu um show de história e cultura com o enredo Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo no Brasil, desenvolvido pelos carnavalescos Mário Monteiro e Chico Spinoza.

Campeã nos dois anos anteriores, a Mocidade Independente de Padre Miguel ficou com o vice-campeonato. A verde e branca cantava nos versos iniciais de seu samba que “sonhar não custa nada”, numa alusão ao tri esperado.

A força dada ao desfile da Estácio vinda das arquibancadas embaladas com um inocente me dê, me dá, foi determinante para vencer a escola comandada por Castor de Andrade, que ficou engasgado com o vice.

A adesão ao hino da Estácio, assinado por Caruso, Deo, Djalma Branco e Maneco, foi a maior, até aquele momento, na Marquês de Sapucaí após a inauguração do sambódromo.

Mas o segundo ano da década de 1990 ainda reservou a emocionante e regeneradora homenagem da Estação Primeira de Mangueira ao poeta Antônio Carlos Jobim, com o Se Todos Fossem Iguais a Você, recuperando-se de um desfile abaixo da média para a verde e rosa em 1991.

E como os anos de final 2 são históricos, este reservou um dos maiores incidentes nos desfiles.

A Unidos do Viradouro cantou o tema em referência ao povo cigano; E a Magia da Sorte Chegou, de Max Lopes. E justamente o carro alegórico que representava uma geleira, pegou fogo, ainda dentro da pista.

Em seu segundo ano entre as grandes escolas, a vermelha e branca de Niterói, não houvesse sofrido com esse problema, teria brigado pelo título também.

+ Justa homenagem ao Nordeste:

A Estação Primeira de Mangueira conquistou, em 2002, seu 18º título de campeã do Carnaval.

A verde e rosa prestou justa homenagem ao povo nordestino e a região Nordeste do Brasil com o enredo Brazil com Z É pra Cabra da Peste, Brasil com S É Nação do Nordeste, também de Max Lopes,.

A escola sobrou e foi saudada pelo público aos gritos de “é campeã” os término da apresentação. O samba foi um dos pontos altos e uma sequência de versos no meio da composição, de autoria de Lequinho e Amendoim, também ficaram imortalizadas como uma das mais poéticas e melódicas já escritas:

“No canto e na dança, no pecado ou na fé, vou seguir no arrasta-pé, deixa o povo aplaudir, ao som da sanfona, vou descendo a ladeira, com o trio da Mangueira, doce Cartola, sua alma está aqui”.

+ A ‘paradona’ que movimentou a Sapucaí:

A paradinha, recurso usado pelas baterias das escolas de samba e que geralmente levantam o público ganhou uma nova leitura no ano de 2012.

A Unidos da Tijuca foi a campeã, conquistando seu terceiro título na primeira divisão.

O Borel homenageou os cem anos do nascimento do cantor Luiz Gonzaga com o enredo O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão, de Paulo Barros.

Mas o que ficou na memória foi a convenção dos ritmistas da Mangueira no acompanhamento do samba sobre o Cacique de Ramos. Relembre a paradona mangueirense:

Independente do que aconteça na Avenida, em relação ao que será apresentado pelas escolas de samba do Rio de Janeiro, 2022 já manteve a tradição dos Carnavais de anos terminados em 2.

Será o momento dos sambistas e do público voltarem ao palco do maior espetáculo a céu aberto do planeta, depois de um 2021 onde o que se ouviu foi o silêncio provocado pela imposição restritiva da pandemia.

O que se está sendo chamado pelos representantes das agremiações de o “Carnaval da Vida” certamente vai deixar desaguar todo o desejo represado nestes meses de pausa num espetáculo que promete.

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