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A sorte está lançada! Jaime Cezário faz suas apostas para o Grupo Especial 2023

Saudações ao povo do samba e do Carnaval! Após analisar os enredos das 12 escolas de samba que vão desfilar no Grupo Especial, o que mais ouço é a famosa pergunta: mas e ai?

Quem disputa os seis primeiros lugares e voltarão no sábado das Campeãs? Pergunta difícil, mas respondo. São 12 torcidas apaixonadas e todas querendo esse posto; voltar campeã. Vou aqui, no meu achismo, pois não sou o dono da verdade, apenas um profissional de análise fria em cima de propostas, sendo que, de algumas agremiações, pude ver um pouco das fantasias e ouvir os sambas-enredos escolhidos. Em cima disso, vamos lá!

Já deixei bem claro a todos os leitores que acompanham a coluna que o enredo que mais me seduz é do centenário da Portela: O azul que vem do infinito. Vejo a escola com enorme chances de retornar entre as seis, mas quero deixar claro, essas enormes chances vão depender da inspiração dos seus carnavalescos, Renato e Márcia Lage. Se os dois estiverem naquele ano, tipo o Tambor, do Salgueiro, aí corre que vai ficar difícil para as outras!

Temos que contar também com o fator erro zero, esperando que não se repita o que vimos esse ano com alegorias presas em viadutos. Então, se a plástica for boa, sinergia não vai faltar, transformando a Avenida em um rio azul e branco, conquistando com certeza, o coração de todos.

Outra escola que deve vir muito forte nessa briga é a Unidos do Viradouro, que traz um enredo inédito: Rosa Maria Egipcíaca, e que tem bom apelo emocional. Pelo que fiquei sabendo o samba era o que a comunidade queria, fora isso tudo, é a escola de maior poder financeiro e de organização dos últimos anos na batuta do seu presidente Marcelinho Calil.

Com relação as fantasias, vi apenas uma foto de protótipo de uma ala comercial, algo relativo ao mar, que sinceramente não dá para estabelecer nenhuma avaliação mais fundamentada. O carnavalesco Tarcísio Zanon faz sua estreia solo no Especial, que é sempre algo desafiador, fora isso tudo, encerrará a segunda-feira. Com certeza a Sapucaí vai tremer.

Uma aposta certeira de retorno entre as campeãs, é a escola do município de Nilópolis, a Beija-Flor. Esse ano, segue a linha dos enredos questionadores que andam na crista da onda, segundo alguns pensadores da festa. O enredo tem como título: Brava Gente! O grito dos excluídos no Bicentenário da Independência. E apesar de uma sinopse um tanto quanto difícil de compreender, a escola traz a chancela do carnavalesco Alexandre Louzada, somado a juventude de André Rodrigues, sabe o que significa? Bom gosto em fantasias e alegorias, e muita riqueza também. Já vi algumas fantasias de alas e são suntuosas e de bom gosto, ricas até demais para um enredo que fala da Independência da Bahia. Ah, lá vou eu querendo dar uma de intelectual que quer ver miséria na Avenida! Estão certíssimos em trazer luxo e riqueza, o povão quer ser rei e rainha, miséria e sufoco já enfrentamos o ano todo!

Outra grande expectativa será o desfile da campeã de 2022, que traz o enredo que homenageia Zeca Pagodinho e tem como título: Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar!. Seu desfile será bem cedinho, será o a segunda escola a desfilar no domingo. Os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Hadad vão continuar seguindo o roteiro apresentado nos últimos desfiles da escola. O que isso representa? Fugirão do lugar-comum. Grandes expectativas aguardam a Grande Rio, e isso as vezes atrapalha, mas eles fizeram por merecer, pois todos ainda tem em mente o desfile campeão deste ano.

Agora, vou fugir a regra da maioria e vou apostar numa escola que muitos não gostaram da escolha do carnavalesco e torceram o nariz para o enredo quando foi divulgado. Nunca imaginei em ver aquele que era o queridinho da mídia e de grande parte do universo do Carnaval ser tão criticado nos dias de hoje, mas, mesmo assim, sigo com minha aposta, eu estou falando da Unidos de Vila Isabel. Espero não causar a ira daqueles que estão a criticar o trabalho do carnavalesco Paulo Barros, mas com o enredo que fala de festa e que tem como título: Nessa festa, eu levo fé, posso afirmar que ele é um verdadeiro “pinto no lixo” de felicidade. Esse enredo é tudo que o artista gosta de fazer como apresentação de Carnaval. Paulo já deu um belo tapa com luvas de pelica no rosto de alguns críticos, fez o desfile de protótipos das fantasias de alas aberto ao público na quadra da escola. E pelo silêncio, foi muito bom! Quando não podem criticar, eles silenciam, e foi isso que aconteceu. Eu vi em vídeo a apresentação e digo que gostei do que foi mostrado, assim como alguns relatos de componentes da comunidade da escola que saíram de lá muito bem impressionados. O samba, acabei ouvindo com um pouco mais de atenção e não é antológico, mas é bem animado, alto-astral e vai dar a conta absoluta do recado. Sei não, enquanto a maioria está preferindo apostar em lugares mais seguros, eu vou ficar na contramão! Só espero ser convidado pro chopp na quarta-feira de cinzas. Vamos lembrar do grande poeta Noel Rosa que dizia: Que a Vila não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz samba também”.

Cheguei a um momento difícil da minha análise, pois só resta uma vaguinha entre as Campeãs, e temos escolas poderosas e gigantes brigando por essa volta premiada ao sábado. Na minha observação, e ratifico, que não sou o dono da verdade, apenas um achismo temperado com análises técnicas de enredos e influenciados pelos sambas e por alguns protótipos de fantasias mostrados.

Então, muita calma nessa hora moçada! A realidade é que serão as notas dos julgadores que vão dizer no final de tudo quem é quem nessa disputa, mas vale o registro. Temos sete escolas para uma vaga, brigam diretamente Mocidade Independente com o Alto do Moura, Mangueira, com o Carnaval de rua da Bahia, Imperatriz com Lampião e Salgueiro com os paraísos e infernos.

E três que querem ser a surpresa do desfile e quem sabe brigar por um lugar ao sol, retornando sábado. São elas a Unidos da Tijuca, com a Baia de Todos os Santos, Tuiuti com os Búfalos da Ilha de Marajó, e o Império Serrano, organizado e fortalecido retornando ao palco principal com a justa homenagem a um grande imperiano que é o cantor e compositor Arlindo Cruz. Difícil e equilibrada essa disputa para 2023, com certeza, você leitor, terá uma opinião diferente, não duvido, mas o que não podemos ter dúvidas é que será, com certeza, um grandioso Carnaval.

Vamos girar a roleta, jogar os dados e fazer nossas apostas, no final tudo, o que queremos é que as melhores sejam as grandes vitoriosas. Boa sorte a todas as agremiações. A sorte está lançada!

Jaime Cezário é arquiteto urbanista, carnavalesco, professor e pesquisador de Carnaval.

Começou sua carreira como carnavalesco no ano de 1993, no Engenho da Rainha. Atuou em diversas escolas de samba do Rio de Janeiro, entre elas, a Estação Primeira de Mangueira, São Clemente, Caprichosos de Pilares, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Cubango, Leão de Nova Iguaçu e Unidos do Porto da Pedra. Fora do Rio, foi carnavalesco da Rouxinóis, da cidade de Uruguaiana, e União da Ilha da Magia, de Florianópolis.

Em 2007 e 2008 elaborou o trabalho de pesquisa que permitiu a declaração das escolas de samba que desfilam na cidade do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural Carioca, junto da Prefeitura do Rio de Janeiro e do IRPH, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

Em 2013, a fantasia da ala das baianas – criada por Jaime para o Carnaval de 2012 para a Acadêmicos do Cubango –, entrou para o acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Iowa, no EUA.

Essa fantasia está exposta no setor dedicado as festas folclóricas da América Latina e representa o Carnaval das escolas de samba do Brasil. Esse feito fez de Jaime o primeiro carnavalesco a ter uma obra exposta em acervo permanente num museu internacional.

Crédito das fotos: divulgação
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

Jaime Cezário

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