Evelyn Bastos: ‘Comercialização do cargo de rainha mata o sonho das meninas’

Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, no desfile das campeãs. Foto: Leandro Milton/SRzd

Não é mistério pra ninguém que Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, é totalmente contra a venda do posto à frente dos ritmistas. Criada na comunidade da verde e rosa, Evelyn chegou ao cargo que sempre sonhou em 2013 e segue até hoje com sua coroa intacta. Considerada uma das maiores rainhas da atualidade, ela explicou o motivo de não concordar com rainhas que pagam pra reinar.

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“Todo mundo sabe que eu sou totalmente contra comercialização do cargo. É algo que prejudica o sonho de tantas meninas do morro, da favela, da periferia. Isso mata o sonho dessas meninas. Eu digo isso porque eu admirava, quando pequena, várias anônimas, e elas me davam a esperança de um dia poder chegar lá”, disse.

A majestade da ‘Tem Que Respeitar Meu Tamborim’ lembrou que por muito tempo as baterias ficaram sem mulheres negras e da comunidade, por causa de uma teoria que as rainhas deveriam ser famosas para atrair mídia.

Evelyn Bastos. Foto: Reprodução/Instagram Leandro Vieira
Evelyn Bastos. Foto: Reprodução/Instagram Leandro Vieira

“Tem escola de samba, como a Mangueira, que tem tradição de ter rainha de bateria da comunidade. Outras escolas optaram por continuar com celebridades. Só que, em determinado momento, começou a voz do povo, das pessoas que gostam do samba, que sempre pediram uma mulher da comunidade naquela posição. Tanto que hoje acredito que estamos numa proporção melhor de mulheres negras e da comunidade à frente da bateria.”

Na Mangueira, a sambista comanda o projeto ‘Sementes de Rainha’, formado por meninas do morro de 6 a 16 anos que sonham em alcançar o lugar que hoje é de Evelyn Bastos. Atualmente, são 43 meninas. Quando elas passam da idade limite, são promovidas à ala de passistas. Para a rainha, não só o samba no pé é importante no projeto, como também a formação social e cultural.

“A gente tem uma sociedade que ainda maltrata a mulher preta, a mulher que vem de comunidade. É importante a gente fortificar, a cada dia, essas meninas que são o futuro do nosso samba e do nosso país. Preconceito a gente não ensina como superar, mas precisamos entendê-lo e olhar nos fundos dos olhos dele para passar por cima”, afirmou.

Festa na quadra da Mangueira. Foto: Thiago Mattos
Evelyn na quadra da Mangueira. Foto: Thiago Mattos










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