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Ensaios Técnicos 2022: a emoção de voltar à passarela do samba

Ensaios técnicos 2022. Foto: SRzd

Ensaios técnicos 2022. Foto: SRzd

Acompanhei, “de casa”, pelas redes sociais, em especial pelo SRzd e Rio Carnaval, os casais de mestre-sala e porta-bandeira em seu retorno aos ensaios técnicos, o grande teste para o momento do desfile oficial. Contagiante!

A mágica e a emoção de apreciar cada par em sua performance, me fez refletir, novamente, sobre a importância do samba para o povo. E mais ainda, sobre a dança do samba, e mais diretamente sobre o bailado do mestre-sala e da porta-bandeira, nossa dança nobre, em sua potência e significado, que abraçou toda uma festa. Não se pode falar em Carnaval no Brasil, sem se lembrar do magnifico bailar e de seus dançarinos geniais.

O bailado, a dança nobre do samba, se compõe pelos sete movimentos obrigatórios e todo um “riscado” realizados pelo mestre-sala em perfeita sincronização com os quatro movimentos, igualmente obrigatórios, realizados pela porta-bandeira. E vejamos que, no par, cada um desenvolve movimentos, passos, gestos individuais, próprios e personalíssimos, que unificados determinam o estilo da dupla.

A sintonia e o entrosamento que constroem, fazem emergir uma dança única: ela, uma rainha com suas nuances, desfraldando o pavilhão; ele cortejando com elegância, estilo próprio e muita criatividade. Ele é o dançarino, neto de um paulista, filho de um baiano, que nasceu nas primeiras décadas do século XX no Rio de Janeiro nas agremiações dos negros e se impôs para seduzir a dama com sua performance extraordinária! Por causa desta dama, que porta o sagrado pavilhão de uma agremiação de samba, existe o mestre-sala.

Pela magnífica presença, plena de significados, do pavilhão, a porta-bandeira é necessária. E apreciar esta dupla em sua dança ancestral me enche de prazer.

O retorno dos ensaios técnicos, de forma exuberante, em plateia e atores, foi a ópera popular que me motivou, me tirou do vazio e me trouxe alegria imensurável.

Alegria por admirar: o Johny Matos cortejando a doce Jacke Antunes que portou, com graciosidade e determinação, o pavilhão da Em Cima da Hora; a suavidade e o belo gestual de Roberta Freitas na Acadêmicos de Santa Cruz e as sequências de movimentos harmoniosos realizadas em sintonia com Mosquito; na São Clemente, a agilidade e gentileza de Vinícius Pessanha ao conduzir Jack Pessanha; o bonito “riscado” de Thiaguinho Mendonça dançando em total sincronismo de movimentos com Rafaela Theodoro na Imperatriz Leopoldinense; a potência do bailado de Fabrício Pires e Giovanna Justo no Sossego; o olhar atento de Phelipe Lemos para Denadir Garcia na Unidos da Tijuca; na Beija-Flor de Nilópolis, a performance contemporânea de um bailar clássico de Claudinho e Selminha Sorriso; o perfeito entrosamento de Sidclei Santos e Marcella Alves, no Salgueiro; a forma personalíssima de Cintya Santos, do Porto da Pedra, realizar o Abano sob a tutela de Rodrigo França; a altivez e a elegância de Julinho Nascimento e Rute Alves que “perfumaram” a passarela para a Unidos do Viradouro desfilar; a exuberante apresentação de Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas da Unidos de Vila Isabel; a postura, a segurança e a desenvoltura de Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane no Paraíso do Tuiuti; a presença elegante e cortês de Marlon Lamar protegendo a precisão dos giros de Lucinha Nobre na Portela; a altivez do casal Matheus Olivério e Squel Jeorgea da Estação Primeira de Mangueira; a forma bonita de Douglas Valle e Jaçanã Ribeiro da Inocentes de Belford Roxo se despedirem do espaço de julgamento; a grande sintonia de Diogo Jesus e Bruna Santos na Mocidade Independente de Padre Miguel; a harmonia das sequências dos movimentos de Daniel Werneck e Taciana Couto na Grande Rio; na Unidos de Padre Miguel, o manuseio do leque de Vinícius Antunes conduzindo a dança de Jéssica Ferreira; no Acadêmicos do Cubango a habilidade de Diego Falcão em conduzir a dança e a porta-bandeira Aline Flores, utilizando uma bengala; na Unidos da Ponte a delicadeza e elegância do mestre-sala Yuri Souza ao executar a corte a Camyla Nascimento ; o cruzado e o meio sapateado do mestre-sala Marlon Flores, sempre cortejando a Danielle Nascimento na União da Ilha do Governador; na Lins Imperial a exuberante performance de Jackson Senhorinho em perfeita sintonia com a habilidosa Manoela Cardoso; os movimentos corteses e o gingado elegante de Feliciano Júnior acompanhando os giros seguros de Alcione Carvalho, no Estácio de Sá; no Acadêmicos de Vigário Geral, o bonito girar da porta-bandeira Thainá Teixeira sendo conduzida por Diego Jenkins que manuseava um bastão com maestria; as nuances e brejeirices de Lais encantando Renan Oliveira no Império da Tijuca; e no Império Serrano, o vigor e agilidade de Matheus Machado aliados a expressividade de Verônica Lima; e, assim como, a forma livre e legítima do bailado apresentada por diversos e diferentes casais no ritual da lavagem da passarela do samba.

Dentre todos os maravilhosos pares que desfilaram exibindo suas performances, confirmando sua sintonia e o sincronismo de seus movimentos coordenados que edificam o bailado, destaco, pela grande emoção que me proporcionou, o casal da Unidos de Bangu, pela linda trajetória no samba, confirmada por sua vibrante história nesse ano de 2022.

Naquele dia, 9 de abril, após a passagem do casal, eu teci o comentário sobre sua apresentação diante do módulo de onde os julgadores irão avaliar sua performance no dia do desfile oficial:

“Lindo apreciar o bailado deste par, que são dançarinos de diversas modalidades de performances de salão, um casal na vida real, pais devotados de Arthur Xavier Abreu, nascido este ano, dia 21 de março! O casal, Anderson Abreu e Eliza Xavier, demonstrou uma perfeita sintonia na execução dos movimentos. Destaco na apresentação do par a realização do EIXO DE CURVA – passo nomeado por Manoel Dionísio (2016) – com grande habilidade e segurança; do CRUZADO, bastante permeado de movimentos de outras danças, da CARRAPETA acrescida de movimentos do jogo de futebol, e as piruetas e reverências em sincronismo com o ABANO executado com vigor pela dançarina!’
Eu fiquei bem impressionada com a liberdade e altivez do par dançante. Para mim, naquele ensaio técnico, sua trajetória no samba foi escrita no solo sagrado da Passarela do Samba!”.

E afirmo isto, sem dúvidas, pois, também me confirmam as redes sociais, em mensagens após a realização do ensaio, das quais, “peneirei” algumas, que apresento neste texto por ratificarem o meu destaque a este par:

Disse, sobre a performance do casal, Selminha Rocha, a Sorriso, belíssima primeira porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis e mentora do movimento “ Salvaguarda e Manutenção do Bailado do Mestre-Sala e da Porta-Bandeira”: – “Que bailadooo…emocionante…vocês dão um verdadeiro show!! Merecem nota máxima!!”.

E logo a seguir, encontrei o comentário do gigante Rogério Dornelles, o mestre-sala que levou o bailado para além mares, pelas terras europeias: “Nossa!! Deu aula coreografia! Vivaaa!!.

E ratificando todas as postagens, em conversa com Manoel Dionísio, o professor que os iniciou na arte de bailar, sobre sua apreciação dos casais no ensaio técnico, fiquei encantada com seu comentário sobre Anderson Abreu e Eliza Xavier: “o comportamento deles foi digno de um casal dedicado a dança, por conta da postura, sincronismo e muita elegância”.

Então, vamos conhecer um pouco sobre a trajetória no samba, percorrida por este par verdadeiro, que não vem de famílias tradicionais de sambistas, mas vem do espaço da dança, em suas diversas e diferentes performances, posto que a dança é o motivo de alegria para os dois.

Eliza Xavier, esposa do Anderson Abreu mestre-sala, foi assim que a linda dama se apresentou para mim, quando iniciamos uma conversa sobre sua trajetória no samba. Aliás, uma trajetória conjunta, construída com muito amor e muita dança.

Casados há oito anos, todavia, dançam juntos desde 2011. Ela tem 34 anos e ele, 37 anos! Cariocas, moradores de Bangu, cursando Educação Física, são instrutores de dança de salão, sindicalizados DRT pelo Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro como Artistas/Dançarinos.

O par iniciou sua carreira no Carnaval do Rio de Janeiro como passistas da Mocidade Independente de Padre Miguel. Frequentaram o curso de mestre sala e porta bandeira da Escola Manoel Dionísio, no sambódromo do Rio, sendo que o Anderson chegou em 2008, por convite da saudosa e majestosa porta-bandeira Soninha da Mocidade. Eliza entrou na escola em 2011. Soninha se tornou a madrinha do casal.

O primeiro desfile do casal foi em 2013 no Bloco Carnavalesco Grillo de Bangu. Logo foram convidados pela Mocidade Independente de Inhaúma do Grupo D, onde desfilaram em 2015 – 2016 – 2017 e se tornaram o primeiro casal da escola. O dançante par foi agraciado com o prêmio Explosão em Samba de melhor casal. Foi nesta escola de samba que o mestre-sala Carlinhos Brilhante foi seu mestre de cerimônia no dia do desfile.

Momento incrível viveram, quando foram convidados, em 2015, por Manoel Dionísio e a querida Nilcemar Nogueira, para um Simpósio no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, representando os casais de mestre sala e porta bandeira do Rio de Janeiro. Naquele momento, eles eram o primeiro casal da Mocidade Independente de Inhaúma  e, Eliza Xavier representou e falou sobre as mulheres no samba e no Carnaval.

Em 2018, eles desfilaram como primeiro casal do Arranco do Engenho de Dentro e foram convidados para ser o segundo casal da Unidos de Bangu. No ano de 2019, se tornaram o primeiro casal da escola, onde, bem conceituados, desfilarão neste ano de 2022.

Mas, temos algo a mais que emociona e alegra. No mês de setembro de 2021, Eliza, exibindo uma sarada barriguinha, anuncia que estava grávida: “De volta aos treinos e agora muito bem acompanhada com baby no forninho, muita saúde e muito amor”.

E acompanhamos com ternura o crescimento da barriga! Foi bonito de ver, as fotos e vídeos sobre as performances do par, nos momentos em que “carregavam” zelosos o bebezinho, pelos eventos e compromissos cumpridos com devoção.

Lindíssimo também, foi o “ensaio fotográfico” feito aos nove meses de gestação e compartilhado na rede social de Eliza Xavier. Nele, o sagrado pavilhão é ostentado confirmando a existência dos ancestrais da comunidade da Unidos de Bangu. Então, ali estão presentes os que construíram a agremiação, todos que a mantem e aqueles que viram: o passado, o presente e o futuro naquela bandeira vermelho-branco.

O futuro personificado no precioso bebê que já estava chegando naquela família, tornando aquele mestre-sala, um pai e aquela porta-bandeira, uma mãe!

Finalmente, no dia 21 de março de 2022, na Casa de Parto David Capristano Filho – SMSDC_RJ, em Realengo, chegou Arthur! E Eliza postou a felicidade do par, em rede social:

“Apresento a vocês o maior amor do mundo… chegou no dia 21 de março, as 10:17h/am…ARTHUR XAVIER ABREU… Que toda energia positiva do universo nos acompanhe para sempre nesta jornada. E que a grandeza do amor que estou sentindo chegue até você que está vendo esta foto, levando paz ao seu coração”.

E, dias após, postou, o orgulhoso papai, em sua rede social: “Quem pôs quem para dormir ? “… não sei . Só sei que hoje minha paz de espírito eu encontro em você “muleke” !!! Te amo. Obrigado @elizaxavieroficial por registrar esse memorável momento”.

E a foto e o texto provocaram uma declaração de amor da mamãe: – “Meu amor todo resumido nessa foto, meus meninos, não poderia perder esse momento lindo, tô apaixonada” (Eu me recordei de uma postagem que Eliza fez, em rede social, no dia do aniversário de Anderson: “O aniversário é seu mas o presente é meu, por ter o seu amor, o seu companheirismo, por dividir a sua vida e as suas emoções comigo. Gratidão pela sua vida!!! Obrigada por tudo que faz por nós. Arthur tem o maior e melhor papai do mundo”.

Arthur nasceu de um parto normal humanizado, deixando a linda mamãe prontamente restabelecida e mais formosa do que nunca para desfilar no ensaio técnico 2022. E ainda, tornando o papai mais orgulhoso dela! E não somente o papai Anderson, novíssimo título para o mestre-sala, mas, as redes sociais vieram confirmar a alegria e o orgulho dos amigos, parentes e fâs do casal. Vejamos algumas postagens:

Iraci Detoni: Vc é uma Mulher valente!

Maria Perpétuo: Eliza você é um ser humano fora de série e super iluminada ainda mais com a chegada do Arthur

Mary Duarte: Parabéns pelo belo trabalho e comprometimento, parabéns mamãe!

Claudia Laurence, escreveu: “Lindos, orgulho me define quando vejo vcs 2 q agora virou 3. Só te peço que se cuide muito bem por causa do seu resguardo. Descanse bastante, se hidrate o triplo pois está amamentando e esteja preparada e pronta para o que está determinada a fazer, que é o grande espetáculo da terra. Família NOTA 10”.

E seguindo:

“Rudnei Santos: Em primeiro lugar parabéns ao casal, pela chegado do filho! Em segundo, pela garra e perseverança! Em terceiro, amo vocês!”

E como se diz na roda, “papo de sambista é samba”, o menino já chegou trabalhando. Imaginem só, para confirmar se papai e mamãe estão ensaiando direitinho, para brilhar intensamente no dia do desfile oficial e alegrar mais a “família banguense”, Arthur pediu ajuda ao vovô Izaias Xavier e foi conferir o último ensaio que fizeram no Sambódromo!

E o “fã clube” já de prontidão, atento as primeiras performances do pequeno, se agitou:

Dora Aquino: Arthur no ritmo.

Janete Moniz: Nasce um sambista. Já na avenida, Arthur.

Como postou, já de olho no futuro, o Denilson Lopes Sacramento: VOLTA TRIUNFAL, PAPAI E MAMÃE DO

PRÍNCIPE ARTHUR RECÉM-NASCIDO.

AVANTE!!! BANGU…

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