Domingo tem ensaio de peso; O vermelho e o azul que são o Carnaval

Portela 2022. Foto: Juliana Dias/SRzd

*Por Junior Schall

Vamos falar de Carnaval! Alô galera, alô eternos aprendizes da folia das Escolas de Samba. Salgueiro e Portela saúdam o mês do Carnaval. Na reta final, de um calendário com uns “sessenta dias” até o desfile oficial, cada um deles com umas “trinta horas”, trinta e um títulos do Grupo Especial na Avenida. É celebração raiz, origem e essência. Nas noites decisivas, pra valer, uma estará no Domingo, outra na Segunda, o Sal como quinta da primeira, Portela como segunda da segunda.

Reforçando, pois sempre é necessário, estratégias diferentes de Escolas que prezam demais pelo planejamento. A agremiação tijucana virá para uma concentração mais longa, será a última dos Correios. Alegorias montadas, componentes no alto, pista auxiliar ativa com o cortejo perfilado, “tempo pra virar” mais confortável. A azul e branco, a primeira do Balança, irá entrar cedo no “curral”. Concentrando e se preparando com antecedência, se formando com tranquilidade. Dever de casa é ritual e o tempo na concentração é pensado por meses, alinhado e realinhado até o final.

A Escola da rua Silva Teles, inspirada pelo mago Joãozinho Trinta e a sua ótica particular e genial de enxergar a folia, propõe uma reflexão acerca da linha tênue entre o certo e o errado. “Delírios de um paraíso vermelho” é o nome do enredo de estreia de Edson Pereira na entidade. O Salgueiro possui uma estrutura de base muito bem alicerçada, assim como a Portela. As duas agremiações percebem, compreendem (muito bem) e atuam, de modo agudo, em prol
dos seus “conjuntos”. Mesmo de forma invisível o super quesito está mais vivo do que nunca. Na Águia altaneira a data é única, especial, antológica. “O azul que vem do infinito”, de Renato e Márcia Lage, craques da camisa 10 no universo do Carnaval, irá celebrar o centenário da maior campeã do Carnaval carioca. Pelo olhar de cinco personagens fundamentais da história portelense, o sonho que atravessa gerações irá tornar real a narrativa de 100 anos de uma jornada ímpar.

Arquibancadas lotadas, “chão” pesado, conexões ajustadas (lubrificadas em ato contínuo), elencos recheados com expoentes do Carnaval, baterias, casais e segmentos treinando em sintonia. Tanto a vermelho e branco quanto a Majestade do Samba tem muita consistência e equilíbrio nos quesitos em disputa. Os ensaios de ambas, de quadra e de rua, visando canto e evolução, tem por regra a presença de um grande número de participantes. Fator que se reflete, no campeonato dos treinos da Marquês, para a sustentação harmônica do todo. Equilíbrio, do início ao fim do desfile, é uma assinatura comum as duas. O trabalho de estrutura em alas, segmentos e no plano geral estético e técnico, se traduz no número de vezes em que Salgueiro e Portela voltam nas campeãs.

Históricos regulares de apresentações dotadas de um profundo conhecimento interno dessas instituições aos detalhes de funcionamento de suas mecânicas. Dos enredos que melhor representam os seus Pavilhões aos sambas que mais embasam os seus desfiles. Barracão, quadra e avenida são salas de aula para leituras e interpretações corretas e atentas das milhares de linhas gerais que uma Escola de Samba possui.

No treino aberto, e no tudo ou nada, desfile campeão não é tiro curto. Nunca é corrida de 100 ou 200 metros. Vitória na passarela não é sobre chegar rápido, é sobre chegar no tempo certo, dentro da “janela”. Para se estar muitas vezes entre as seis primeiras é preciso fazer uma prova de média distância, com obstáculos e revezamento, tendo na equipe muito mais de quatro atletas. Marcela Alves e Sidcley, Lucinha e Marlon, como primeiros casais, tem alto gabarito
na arte de receber e passar o bastão. Fazem de maneira natural, como extensão dos movimentos diante da cabine, a excelência deles é um somatório de etapas, processos e treinos segmentados. Assim como a Furiosa e a Tabajara com os seus respectivos carros de som e interpretes principais.

De Escolas com tanta regularidade, com presença assídua no sábado, sempre devemos esperar o poder do conjunto (impossível fugir da expressão e da questão do quesito). No morro do Salgueiro e de Oswaldo Cruz a Madureira é patente a ciência de que na Sapucaí não se corre contra o relógio, mas sim com o relógio a seu favor. Mentalidade reinante há tempos.


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