Destaque absoluto em 2019, mestre Fafá relembra estreia e revela planos para 2020

Mestre Fafá. Foto: Reprodução

Por Jonathan Maciel e João Carlos Martins

Nem o maior dos otimistas esperava tanto sucesso de Fabrício Machado de Lima, 29, em seu primeiro ano como comandante da bateria da Grande Rio. Mais conhecido como Fafá, o jovem mestre arrebatou a nota máxima do júri, o Estandarte de Ouro de melhor bateria – algo que a Grande Rio não conquistava desde 2005 – e venceu como Revelação pelo Prêmio SRzd Carnaval 2019.

O maior reconhecimento, contudo, é o da própria escola. O mestre resgatou o ritmo tradicional da ‘Invocada’, algo que vem de família. Cria da agremiação, Fafá é filho do ex-mestre Du Gás, que comandou a Grande Rio e foi braço direito de Odilon. Sua mãe era ritmista, já tocou chocalho e tamborim. “Desde que se entende por gente”, Fafá está na agremiação. Agora, mais do nunca, a Grande Rio é sua segunda casa.

Em entrevista ao SRzd, Fafá relembrou como chegou à posição de mestre de bateria da escola, falou sobre as premiações conquistadas e revelou o que pretende para o Carnaval 2020, agora que até os mais pessimistas esperaram a nota máxima.

Fafá comanda bateria da Grande Rio no ensaio. Foto: Reprodução

O convite

“Primeiro, eu fiquei sem reação, né? Eu não esperava isso. A Grande Rio decidiu fazer uma grande reformulação. O presidente de Honra Helinho me ligou. Eu estava me arrumando pra dormir já. E quando ele falou, eu fiquei meio em choque, parecia que estava sonhando. Só caiu a ficha quando falei com ele na sala dele. Ele me deu todo o respaldo pra poder trabalhar. Me sinto muito honrado e grato por tudo que fizeram por mim, principalmente por terem acreditado. Assumir uma bateria que vinha de grandes mestres foi um desafio enorme.”

Estandarte

“Eu não esperava que eu fosse ganhar isso no primeiro ano. Fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Eu estava em casa. Botei o telefone no modo avião e fui dormir. Acordei com minha mãe entrando no meu quarto, chorando, dizendo: ‘Você ganhou o Estandarte de Ouro de melhor bateria’. Eu falei: ‘Mãe, você tá maluca, não ganhei nada não’. Eu tava meio grogue. Quando eu tirei o telefone do modo avião e vi a enxurrada de mensagem me parabenizando, eu vi que era verdade.”

Carnaval 2020

“A gente continua na mesma pegada do ano passado, com humildade e respeito aos nossos ritmistas. A gente entende que precisa deles. Eu não trabalho sozinho, tenho onze diretores, fora a parte administrativa que nos ajuda. A cobrança, independente de ano, precisa existir todo ano, porque é uma competição e a escola necessita da gente. Cada ano é uma nova oportunidade e um novo momento. O que a gente fez de bom no Carnaval 2019 acabou em 31 de dezembro. Agora é Carnaval 2020 e temos que entrar focados. A Grande Rio tem 31 anos e nunca conquistou um título e esse é o nosso maior sonho.”

Bateria no desfile da Grande Rio de 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Pedra preta

“O que eu posso adiantar é que ‘pedra preta’ vai ser diferente do que muita gente vê no Carnaval. A bateria está fazendo um trabalho voltado ao samba, respeitando a melodia e a métrica. Eu tenho um pensamento de que quando o samba é bom, a gente precisa deixar ele brilhar por si só. Temos uma filosofia de que menos é mais. Quanto menos a gente interferir na obra, melhor. Vamos trabalhar com três paradinhas, incluindo uma convenção de timbal, saudando o candomblé.”

Resgate da Grande Rio

“Esse Carnaval é dos nossos sonhos, né? Há quanto tempo a gente não fazia um Carnaval cultural, resgatando as raízes da Grande Rio. Mas eu sou um cara pé no chão e não entro nesse clima de oba-oba. Alguns sites dizem que nosso samba é um dos mais bonitos do Carnaval, respeito, mas continuo na humildade. Há vários sambas maravilhosos, assim como escolas prontas para a disputa. Estamos trabalhando, um degrau de cada vez, tentando melhorar sempre.”

Referências no quesito

“Odilon, Ciça, Casagrande, Rodney e Dudu são pessoas que tenho muita admiração. Odilon nem preciso falar nada, né? O Ciça teve uma grande passagem pela Grande Rio. Com ele aprendi muito, não só em relação à bateria, aprendi a ser melhor como ser humano. Mestre Casagrande tem hoje uma bateria que é uma referência no mundo. Rodney sou super fã. Mestre Dudu nós até já trabalhamos juntos.”

Mestre Odilon. Foto: SRzd
Mestre Odilon é referência para Fafá. Foto: SRzd







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