Vila Isabel homenageia Martinho em desfile correto e entra na briga

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

Ferreira, chega ai!

A Unidos de Vila Isabel fechou o Carnaval da Marquês de Sapucaí levando para a Avenida uma homenagem em vida ao cantor, compositor e presidente de honra da escola, Martinho da Vila. Com o enredo “Canta, canta minha gente. A Vila é de Martinho!”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, a agremiação encerrou os desfiles com chave de ouro apresentando um belíssimo tributo à vida e obra do cantor. O homenageado esteve presente tanto na abertura do desfile, como surpresa na comissão de frente, e voltou ao final do desfile, no chão, atrás da última ala.

Fala, Luiz!

Luiz Fernando Reis. Foto: Reprodução/Youtube SRzd
Luiz Fernando Reis é comentarista do SRzd

“Muito bom desfile. Acho que está brigando para estar entre as seis. Disputa com a Viradouro pela segunda e terceira colocações.”

 

 

 

 

 

Comissão de frente

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

A comissão de frente da Vila Isabel representou a ascensão do rei Martinho sendo coroado diante da sua escola do coração. Integrantes que representavam guerreiros africanos e um griô apresentaram a ancestralidade de Martinho em um enorme tripé de Omolu. Sob o olhar atento do coreógrafo Márcio Moura, os dançarinos realizaram apresentações sincronizadas e que empolgaram o público. Ao final da performance, um trono era revelado com o homenageado da escola.

Vale ressaltar que nos setores que a escola não precisava se apresentar para os jurados, o trono permaneceu virado para o desfile para que Martinho pudesse assistir ao espetáculo em sua homenagem.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cris Caldas, realizou apresentações marcadas pela sincronia do par e passos coreografados que incrementaram ainda mais as performances. Representando a força e o axé de Zambi, o casal usava fantasias nas cores da escola, além de preto, bege e branca na saia da porta-bandeira.

“Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas trouxeram para a Avenida o bailado acrescido de passos e gestos coreográficos que enriqueceram a performance, sem prejuízo para a coreografia original de cada dançarino. O mestre-sala executou o Cruzado, com roda completa em torno da porta-bandeira, que rodopiou graciosamente nos dois sentidos, durante o movimento Abano. Ao realizar a Carrapeta, evitou a “falsa queda”, mas fez uma bonita elevação de perna, com destreza e equilíbrio. Seus giros e piruetas foram igualmente realizadas com grande habilidade. Cristiane Caldas deslizou no Balanço, sem apoio do par, e apresentou sua comunidade, se deslocando com segurança no espaço para dançar. Sincronizando a Pegada de Mão ao Aviãozinho, o casal rodopiou com desenvoltura e altivez, desfraldando o pavilhão, que foi apresentado com elegância e alegria. Um bailado bonito de se ver!”, disse Eliane Souza, comentarista do SRzd.

Alegorias e adereços

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

Com alegorias grandiosas, a escola não manteve o padrão de luxo e riqueza dos dois últimos Carnavais, mas apresentou belos carros na Avenida. No topo do abre-alas foi possível notar pequenas falhas no acabamento e no último carro, no qual havia uma escultura de Martinho no topo, a plataforma não subiu por completo.

O abre-alas retratava a favela trazendo referências à frase do samba: “dono do palco, Zumbi lá do morro”. Já a segunda alegoria retratava a saída de Martinho de sua cidade natal, Duas Barras, para apresentar ao mundo toda sua simplicidade, sabedoria e inspiração. O terceiro carro simbolizava a viagem de Martinho rumo à África celebrando a força e beleza do continente.

A quarta alegoria composta por um Griô acompanhado de crianças sentadas sob a sombra de uma árvore representava toda a sabedoria e conhecimento do homenageado. Abrindo o quinto setor, um tripé simbolizava os antigos bondes que passavam pelo Boulevard. Fechando o desfile, a última alegoria celebrava a vida e trajetória do rei Martinho. No alto do carro havia uma escultura do homenageado sentado com sua cerveja sobre a mesa.

“As alegorias foram grandiosas, com destaque para o abre-alas composto de vários carros acoplados. O tripé “Pegando o bonde para passar no Boulevard” destoou do conjunto alegórico da Vila, foi pequeno e tímido em comparação à grandiosidade do restante do conjunto alegórico. A sorte foi lançada. Agora é aguardar a abertura dos envelopes”, disse Jaime Cezário, comentarista do SRzd.

Fantasias

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

A Vila Isabel apresentou um belíssimo conjunto de fantasias e de fácil entendimento contando toda a vida, trajetória e obras do cantor e compositor.

“A Vila Isabel encerrou o Carnaval do Grupo Especial com chave de ouro, fazendo uma linda homenagem ao seu grande poeta, Martinho da Vila. Trouxe boas fantasias que contaram a vida do homenageado, tudo de forma clara, seguindo o roteiro fornecido”, comentou Jaime Cezário.

Enredo

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

Finalmente a Vila Isabel levou para a Avenida o enredo que a torcida e o público aguardavam há muito tempo. “Canta, canta minha gente! A Vila é de Martinho!” foi o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira. Uma homenagem em vida ao cantor, compositor e presidente de honra da agremiação. O desfile apresentou com êxito toda a proposta do enredo e cumpriu a missão de levar para a Avenida e vida e obra do maior ídolo da escola.

“A Unidos de Vila Isabel trouxe para a Avenida a vida e obra do fenomenal Martinho da Vila. O próprio cantor foi o fio condutor do enredo, mostrando sua simbiose com a Vila Isabel. A apresentação foi dividida em cinco setores. O primeiro retratou a relação da escola Vila Isabel, do bairro e de Martinho com o povo africano. É importante destacar também o quarto setor, o qual mostrou Martinho como mestre da construção do conhecimento através de sua arte. Reside neste ponto a conexão que a agremiação faz de Martinho com os Griôs africanos, estes são indivíduos oriundos da África Ocidental que são vocacionados para transmitir conhecimentos pela oralidade (histórias, cantos e mitos). Por fim, o quinto setor foi uma merecida ode ao brilhante Martinho da Vila. Considerando-se o desfile em si, este foi claro, cumprindo com a missão de apresentar o enredo”, disse Marcelo Masô, comentarista do SRzd.

Samba-enredo

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

A comunidade abraçou o samba e mostrou que estava com a letra na ponta da língua. A obra de autoria de Evandro Bocão, André Diniz, Dudu Nobre, Professor Wladimir, Wanderson Pinguin, Marcelo Valença, Leno Dias e Mauro Speranza funcionou na Avenida e até mesmo o público que não sabia toda a letra terminou o desfile cantando todo o samba. No carro de som, o intérprete Tinga defendeu muito bem a obra.

“Outro sambaço este da Vila Isabel, digno do homenageado. Achei um pouco ‘pra frente’ do que devia no andamento no começo, mas não perdeu o brilho. Muito cantado na Avenida, fechou bem demais o Carnaval 2022. Mais uma escola que se aproveita bem de um ótimo samba no seu desfile”, disse o comentarista Cadu Zugliani.

Bateria

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

Sob a regência do mestre Macaco Branco, a Swingueira de Noel deu um verdadeiro show na Avenida. Inspirado na canção “Pequeno Burguês”, os ritmistas vestiam farda representando o Sargento Martinho. Assumindo de volta o posto de rainha de bateria da Vila Isabel, após um ano de hiato, Sabrina Sato vestia uma fantasia azul com estrelas simbolizando a condecoração a Ordem do Mérito do Samba.

“A bateria do Mestre Macaco Branco entrou na Avenida com sua sonoridade característica: surdos graves, tarois, caixas ‘roucas’ e centradores ditando a identidade da Swingueira de Noel. A apresentação no primeiro módulo foi segura mesmo parte dela sendo feita com a bateria em deslocamento, o que não afetou a performance. No segundo módulo, o conjunto de bossas foi apresentado muito bem, dessa vez com a bateria parada. É importante salientar o quanto a fantasia da ala favoreceu a boa performance durante todo o desfile.  O andamento se manteve muito bom durante todo o desfile, favorecendo bastante a execução do samba e sua performance com a plateia. A apresentação para o último módulo se deu de forma apoteótica com o público e os componentes cantando o samba a plenos pulmões. O conjunto de bossas, mais uma vez, apresentado com qualidade. Parabéns pro povo de Noel”, disse Bruno Moraes, comentarista do SRzd.

Harmonia

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

Com o samba na ponta da língua, a escola cantou durante todo o desfile. No entanto, deixou um pouco a desejar na força do canto, mas os componentes desfilaram muito empenhados em defender a obra.

“A escola cantou o samba na sua totalidade demonstrando musicalidade, andamento equilibrado e vibração. Destaque para bateria cantando o samba dominando melodia e ritmo com independência musical. Bravo!”, disse Célia Couto, comentarista do SRzd.

Evolução

Desfile Unidos de Vila Isabel. Foto: Juliana Dias/SRzd

A escola evoluiu muito bem e não enfrentou problemas durante o desfile. Sem buracos e mantendo o ritmo, a agremiação fechou o Carnaval sem erros no quesito, como reitera a comentarista Célia Souto: “A escola evoluiu com leveza, andamento e ritmo mantendo e dominando  a uniformidade do desfile.”

Ficha técnica

Enredo: “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”
Presidente: Fernando Fernandes
Carnavalesco: Edson Pereira
Intérprete: Tinga
Mestre de Bateria: Macaco Branco
Rainha de Bateria: Sabrina Sato
Comissão de Frente: Marcio Moura
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho Siqueira e Cris Caldas

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