Vila Isabel 2019: Aspirante ao título, escola homenageia Petrópolis, mas estoura tempo do desfile

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

A Vila Isabel foi a segunda escola a cruzar a Avenida no último dia de desfiles do Grupo Especial. Com um enredo falando sobre a cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, a gigante de Noel entrou grande na Marquês, em um desfile quase perfeito, se não fosse o estourar de 1 minuto o tempo máximo do desfile, que é de 75 minutos. Por este motivo, a escola deve perder 1 décimo.

O enredo “Em nome do pai, do filho e dos santos – A Vila canta a Cidade de Pedro”, do carnavalesco Edson Pereira, que estreia na agremiação, foi muito bem trabalhado e impactou na Avenida, com um desfile luxuoso que apostou nos detalhes.

Para a comentarista do SRzd Rachel Valença, o desfile da Vila Isabel mostra a dissonância positiva à escola em relação à agremiação anterior: “O contraste entre a primeira e a segunda escola a desfilar ficou flagrante. A Vila veio riquíssima, mas faltou samba. Por exemplo, o verso ‘Petrópolis nasce com ar de Versalhes’ não cabe na melodia. E nem a excelente bateria do mestre Macaco Branco”.

Comissão de frente

Desfile da Unidos de Vila Isabel. Foto: Leandro Milton/SRzd

Uma grande sacada na chegada de Patrick Silva à frente da Comissão de Frente da Azul e Branca de Vila Isabel. Com um trabalho bastante rebuscado, mostrou um turista adentrando o Museu Imperial, cartão-postal petropolitano. Com representações da Família Real como fantasmas, o “turista” chama o público para conhecer o local.

Com um grande tripé representando o local, “turista” e “família real” adentram ao local para explorá-lo, e mostram um banquete real com toda sua pompa. Como elemento adicional, a mesa do jantar parece flutuar, até que componentes e objetos giram em 360º, gerando um momento “uau” por parte do público.

Em seguida, o “turista” sobe na mesa e cai dentro do tripé, saindo andando no chão atrás do elemento cênico.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Márcio Moura, a comissão da Vila Isabel foi um dos destaques positivos da passagem da escola: “A comissão de Patrick Carvalho, um dos pontos altos do desfile, traz uma apresentação repleta de mágica e ilusionismo. Fantasmas do Museu Imperial assombrando um turista foram a base do trabalho. O público gostou muito, em especial da mesa flutuante. Os bailarinos, repletos de expressividade, foram fundamentais para contar essa história.”

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Denadir Garcia foi pura interação no desfile da Vila Isabel, executando bem seus passos e apostando na interação. Trazendo guardiões coreografados, o casal teve um bom desempenho em todo o desfile.

Para a comentarista do SRzd no quesito, Eliane Santos Souza, o casal Raphael Rodrigues e Denadir bailou com elegância e segurnça.

“O casal acrescentou a coreografia movimentos que propiciaram uma boa ocupação do espaço destinado a realização da ‘apresentação da bandeira’, e realizaram esta movimentação com segurança. A experiente Denadir Garcia deslizou plena nos giros, horário e anti-horário, durante a execução do ‘abano’, e no ‘patinete’ durante seu caminhar na passarela! Raphael Rodrigues, com excelente postura corporal apresentou seus riscados, giros ao realizar o ‘meio sapateado’, assim como os meneios e os gestos corteses, conduzindo a porta-bandeira com esmerada elegância e muita gentileza. Destaco a elegância e habilidade, na realização do bailado, apresentadas pelo segundo mestre-sala Jackson Senhorio que na ponta do pé, em passos miúdos e rápidos, todavia suaves e fluentes, conduziu Bárbara Dionísio em seu deslizar no ‘balanço’ sem apoio! Axé!”.

Alegorias e adereços

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Farta e volumosa, a Vila Isabel apresentou um carnaval muito bonito e rico. Na contramão do que as outras escolas falaram sobre o corte de verbas e um carnaval de “vacas magras”, a Agremiação mostrou na Avenida carros enormes e muito bem trabalhados, unindo o tradicional e belas alegorias, finalizadas ricamente.

Dividido em três módulos, o abre-alas representou o “Corso Imperial sobre a sagração da fé”, trouxe uma grande carruagem em ricos detalhes, com cavalos representados no primeiro módulo, a cabine da carruagem no segundo e a Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, no terceiro acoplado. Um trabalho rico, feito em dourado, com pensamento nos mínimos detalhes, gerou todo um furor na Avenida.

No segundo carro, uma grande surpresa: um grande índio com um cocar que saía água, molhou a Avenida, trazendo guardiões, reis, e os donos do paraíso: os índios, povo nativo das Américas.

Mostrando engrenagens e trazendo a modernidade, a terceira alegoria trouxe um elemento surpresa bastante interessante: uma locomotiva saída do meio do carro rumo à parte frontal, soltando fumaça e encenando a chegada da composição em uma estação. Um belo trabalho com evidência nos mínimos detalhes executados pelo carnavalesco Edson Pereira, estreante na Vila. Na traseira da alegoria, uma outra lembrança: a Bauern Fest, uma das festas alemães mais tradicionais do país, que acontece todos os anos, em junho, em Petrópolis.

Já o quarto carro da Vila Isabel trouxe a Velha Guarda dentro de um carro de luxo, mostrando o “Palácio Hollywoodiano”, detalhando o Hotel-Cassino Quitandinha, no início de Petrópolis, que serviu como palco para gravação de diversos filmes nacionais e internacionais.

A última alegoria mostrou uma época importante para a história do país quando, no final do Século XIX, diversas Leis assinadas libertaram o negro, até então escravo.

Segundo o comentarista do SRzd no quesito, Wallace Safra, “com o enredo ‘Em nome do pai, do filho e dos santos – A Vila canta a Cidade de Pedro’, a agremiação apresentou a Cidade de Petrópolis, realizando um encontro da Vila Isabel com a Família Real. No primeiro setor, Edson Pereira resgatou a essência tradicional da agremiação, trazendo para Avenida o dourado da coroa que é o símbolo maior da Escola. Com carros grandiosos e adereços bem realizados durante toda a avenida a Vila mostrou sua imponência e vitalidade neste carnaval. Destaque para o primeiro carro alegórico e para as fantasias das baianas que traduziram o carnaval proposto pelo carnavalesco”.

Fantasias

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Rica, volumosa e com fino acabamento, a Vila Isabel investiu no trabalho manual com as fantasias para este desfile. Com alas inteiras apostando em penas de diversos tipos, as cores se uniram a caras pintadas e muita dança, que fizeram o espetáculo se valorizar.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Wallace Safra, o conjunto de fantasias, “Com um conjunto de fantasias impecáveis, a escola desenvolveu um trabalho intenso na construção, acabamentos e utilização de múltiplos materiais”.

Enredo

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Enaltecendo a criação de uma das cidades mais icônicas do Rio de Janeiro, que sofreu influências de diversos povos europeus, com uma das colônias alemães mais fortes do Sudeste do Brasil.

O enredo foi muito bem desenvolvido e trabalhado pelo carnavalesco, fazendo uma bela homenagem e passeando pela história de Petrópolis.

Samba-enredo

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

O samba-enredo de composição de André Diniz e cia. foi bem apresentado na Avenida, dando um tom complementar ao desfile. Sim, o samba-enredo é quem costuma apresentar o compasso da apresentação, mas diante a majestosa passagem da Vila, o trabalho plástico usou o samba como complemento de uma apresentação para ser louvada.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, o samba-enredo da Vila Isabel “foi bem cantado pela voz guia e aconteceu, levando a Harmonia e a Evolução acompanharem o bom trabalho geral da escola”.

Bateria

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Levando o samba de forma cadenciada, a bateria da Azul e Branca da Vila levou à Avenida um ótimo trabalho. Representando “O som do progresso”, a bateria inovou em sua fantasia, que representava uma locomotiva, inclusive “soltando fumaça” durante todo o desfile. O elemento, pegou o público de surpresa, mostrando todo o trabalho íntimo e atenção aos detalhes do carnavalesco.

Sob comando do Mestre Macaco Branco, a bateria levou um ótimo trabalho.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Bruno Moraes, a bateria da Vila teve um bom comando sob direção do Mestre: “Boa estreia do Mestre Macaco Branco, principalmente pela sua coragem na apresentação do último módulo, já que a escola tinha muito pouco tempo, mas mesmo assim conseguiu executar duas bossas, sem problemas”.

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Vestida de Maria-fumaça, Sabrina Sato é um espetáculo à parte e todos são contagiados por sua alegria e astral. Uma das rainhas mais cobiçadas do Carnaval carioca, a apresentadora prova que paulistano tem samba no pé, e completa 9 anos à frente da bateria.

Harmonia

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Funcionando em harmonia, a escola teve um trabalho bem executado em todo o desfile. Uma lástima porque, no final, a escola foi obrigada a correr e estourou o tempo em um minuto.

Na realidade, foram segundos de diferença. Mas como o Regulamento diz, cada escola tem de 65 a 75 minutos para finalizar seu desfile, ao virar em um minuto o tempo, a agremiação é penalizada.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, “com confiança e muita segurança, a Direção de Harmonia da Vila conduziu seu trabalho de forma brilhante e em nenhum momento demonstrou descontrole o que mostra liderança e o conhecimento do seu trabalho. Conduziu o desfile magistralmente com a entrada das suas Alegorias e a montagem de sua escola na linha de Armação”.

Evolução

Desfile Vila Isabel 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Com ótima evolução e excelente desfile, a escola teve sua execução de acordo com o objetivo previsto.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, “como a Harmonia funcionou, o canto e a dança sustentados pelo ritmo fizeram com que a Evolução fosse bem executada”.

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