União da Ilha 2019: Enaltecendo dois dos maiores escritores do Brasil, escola faz bom desfile

Surpreendendo com um trabalho plástico louvável e apresentando um enredo sobre duas das figuras mais importantes da literatura brasileira, a União da Ilha foi a quarta agremiação a entrar na Avenida no segundo dia de desfiles do Grupo Especial. Apresentando “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, a escola percorreu a história de forma lúdica, apresentando dois dos escritores mais famosos do Brasil: Raquel de Queiroz e José de Alencar.

Pelo terceiro ano na Ilha, Severo Luzardo, o carnavalesco, trouxe um plástica muito bonita e carros enormes, já impactando o público na Comissão de Frente.

Para a comentarista do SRzd Rachel Valença, o desfile da União da Ilha foi homogêneo: “A União da Ilha surpreendeu com um desfile homogêneo e de grande qualidade plástica. O samba não ajudou em nada, mas para Ito Melodia nada é impossível. É um puxador no sentido original da palavra: anima e incita ao canto”.

Comissão de frente

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

A Ilha levou para a comissão de frente uma inovação tecnológica, que arrebatou a Avenida. Com coreografia assinada por Leandro Azevedo, a ala falou sobre “O Milagre da Fé”, trazendo o povo do Ceará de uma forma estereotipada em relação à pobreza e simplicidade, mas aguerrido na fé. Vivendo da terra, os camponeses se surpreendem com a chegada de um Padre Cícero hi-tech, que sobrevoa a Marquês em um drone.

Nas arquibancadas e frisas, o efeito foi super aplaudido, já que era inesperado.

No conjunto, todavia, apesar da inovação, é um tanto quanto estranho ver o “Padim Ciço” voando em um drone. A ideia de “abençoar” a plateia acabou sendo perdida, diante da dissonância do momento.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Márcio Moura, a comissão da União da Ilha, já tinha feito esse “truque” no Festival de Parintins, no Amazonas: “Ilha do Governador traz como coreografo da comissão de frente o estreante Leandro Azevedo. Uma trupe de dançarinos interpretavam o povo sofrido do Nordeste citado nas obras de Raquel de Queiroz e José de Alencar. Surge, então, Padre Cícero, sobrevoando. Alexander Duru é o artista por trás dessa obra, repetindo o feito do Festival de Parintins do último ano”.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Vestida de serpente, a primeira porta-bandeira da Ilha, Dandara Ventapane, é uma estrela. Ela, que conta com uma dança própria e muito bem trabalhada, contou com todo o suporte da estrela Phelipe Lemos. Juntos fizeram um espetacular desfile, que deve ser aplaudido. E foi!

Para a comentarista do SRzd no quesito, Eliane Santos Souza, o casal da União da Ilha deve ser exaltado por sua destreza: “Habilidade, firmeza e refinamento na perfeita execução de Phelipe Lemos, durante o ‘meio sapateado’, no qual pudemos apreciar a incorporada releitura do ‘movimento de Chiquinho’ da Maria Helena! Com destreza e segurança, ele realizou movimentos como a ‘carrapeta’, sendo impecável durante a ‘pegada de mão’, quando possibilitou a porta-bandeira Dandara Ventapane deslizar com elegância e leveza no ‘aviãozinho’. Usando muita galhardia escreveu suas ‘letras’, realizou falsas quedas, meneios e mesuras para cortejar a porta-bandeira, apresentando os passos característicos do bailado. Puderam ser observadas, durante a performance, a sintonia e a harmonia do par, assim como, o sincronismo no cumprimento dos movimentos coordenados.

Alegorias e adereços

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

A União da Ilha desfilou de maneira muito superior à esperada, em comparação com o Ensaio Técnico realizado na Marquês de Sapucaí. Animada, a escola da Zona Norte levou à Avenida cinco grandes alegorias, que fizeram bonito devido à riqueza de detalhes.

O abre-alas, por exemplo, “O Dragão de Ipú e o Pássaro Holandês”, apostou na figura mística de forma bem clássica, fazendo movimentos com a cabeça, corpo e membros. Nas passagens pelos boxes de jurados, o elemento “cuspia” fumaça, um efeito especial que deu todo o tom.

Representando de forma inusitada o Cordel e e formas famosas do Sertão, o segundo carro trouxe um grande boi bumbá preto com detalhes em neon, que deu um chame especial.

O terceiro carro, “A procissão marítima de São Pedro”, trouxe um grande boto cor-de-rosa à frente, mostrando a fauna marítima e a flora típica da região.

Já a quinta alegoria, “Fios da vida do terceiro mundo”, fez um contraponto social com a realidade financeira comum no Agreste Nordestino.

“Cariri”, quarta alegoria, foi inspirado na obra de geografia de Rachel de Queiroz, que apresenta as belezas do sertão de Cariri, no Ceará.

Último carro, “Fios da vida tecendo o mundo”, fez uma homenagem à uma prática comum por mulheres no Nordeste: o bordado.

Fantasias

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Rica, a União da Ilha cumpriu em o quesito “Fantasias”. Com bastante brincadeira de cores, trouxe fortes tons de neon em grandes alas, apostando numa pegada um pouco menos tradicional.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Wallace Safra, o conjunto de fantasias da Ilha teve fácil leitura: “A escola apresentou uma plástica excelente de fácil leitura. No primeiro setor, o desenvolvimento na palha é intenso e presente, traduzindo o enredo apresentado, explorando os tons pardos. A utilização de varetas e vimes possibilitaram as fantasias um trabalho mais longilíneo. A partir do seu segundo setor, o carnavalesco desenvolveu um trabalho em múltiplas cores, colorindo a Avenida, valorizado por um trabalho de arte plumaria primoroso nas fantasias e composições. Soluções criativas não faltaram e o acetato holográfico, fuxicos, bordados e fitas foram os pontos mais marcantes no desfile da agremiação. Destaque para o figurino da bateria, figurino do primeiro casal e os destaques de alegoria apresentados pela escola”.

Enredo

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Levando para o desfile duas grandes homenagens em uma, a União da Ilha desenvolveu com eloquência o enredo, mais uma grande homenagem a personalidades brasileiras. Rachel de Queiroz e José de Alencar são grandes nomes da literatura, e nascidos no estado do Ceará. Com o enredo, a escola passeou sobre as realidades locais para explicar um pouco do trabalho dos romancistas.

Samba-enredo

Na Sapucaí, o samba-enredo realmente não pegou, mas o desfile não foi ruim e a União da Ilha passou bem.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, o samba-enredo da Samba da Ilha “não foi dos melhores Sambas do ano. Teve, ainda, muito caco e chamadas da voz guia, o que confunde os componentes no cantar. O que salvou a apresentação desse Samba foi o ritmo da sua Bateria”.

Bateria

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Com bom desempenho, a União da Ilha teve uma ótima passagem no quesito “bateria”, que chegou sob comando de dois estreantes na escola: Keko e Marcelo.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Claudio Francioni, a bateria da União da Ilha desenvolveu muito bem: “Excelente estreia dos mestres Keko e Marcelo. Acompanhados de Marcão, tiraram onda na frente da bateria, com um andamento fantástico, equilíbrio entre as peças e bossas que levantaram o público”.

Rainha de bateria da Ilha pelo segundo ano, Gracyanne Barbosa foi um espetáculo à parte no desfile. Uma das figuras mais icônicas do Carnaval, a dançarina confirmou a permanência no posto para 2020.

Harmonia

Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Dudu Azevedo comandou a Harmonia da escola com pulso e garra, promovendo um desfile fluído e bem cantado, com boa evolução dos componentes. O samba, de fato, não ajudou, mas o grande trabalho dos integrantes tentou compensar.

Evolução


Desfile União da Ilha 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Sem grandes problemas de evolução, a Ilha terminou o desfile dentro do programado e não precisou correr para isto. Tal fato deve fazer com que a escola preencha todos os requisitos para ser bem pontuada no quesito em questão.

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