Emoção e muita garra; Mangueira entrega ótimo desfile para trio de baluartes

Desfile Mangueira 2022. Foto: Juliana Dias/SRzd

O céu de estrelas é verde e rosa. A Estação Primeira de Mangueira foi a segunda escola a cruzar a Avenida na noite desta sexta feira (22) e apresentou o enredo Agenor, José e Laurindo, uma justa e belíssima homenagem aos inesquecíveis grandes nomes da agremiação: Cartola, Jamelão e Delegado.

+ Galeria de fotos do desfile da Mangueira 

O canto impressionante dos componentes e a emoção que cada um deles demonstrava no olhar, foram, sem dúvida alguma, os pontos fortes da escola.

O desempenho da Mangueira foi muito bom, principalmente se comparado com o do último desfile, em 2020. A escola entregou na Sapucaí toda para a emoção e garra que estavam guardados, e entre muito canto e gritos de “isso sim é Mangueira”, a agremiação deixou uma marca positiva e emocionante na Avenida, honrando os nomes dos três ícones de sua história.

Apesar de ter antecedido a maioria das escolas desta noite, não é cedo para dizer que a agremiação pode entrar na disputa pelo titulo do Carnaval 2022.

Fala, Rachel!

Rachel Valença. Foto: Nicholas Barbosa
Rachel Valença é comentarista do SRzd

“O desempenho da Mangueira me pareceu menos impactante que nos desfiles anteriores da era Leandro Vieira. Fruto de um samba pouco comunicativo? Talvez. O ponto alto do desfile foi o último carro, linda imagem do bailarino de caixa de música. Nele brilhou pra mim num trono Tia Suluca, irmã do homenageado, que de pé sambou com uma mexida de cadeiras que apagou o brilho das musas de hoje em dia”.

Fala, Luiz!

Luiz Fernando Reis. Foto: Reprodução/Youtube SRzd
Luiz Fernando Reis é comentarista do SRzd

“Mais um trabalho autoral do Leandro Vieira impecável, muito bonito. A assinatura dele é marcante. O talento do Leandro salta aos olhos. Continua sendo top 1 dos carnavalescos. Acredito que não ganhe, mas ele é um vencedor. Disputa entre as seis”.

 

 

 

Comissão de frente

O que falar de Priscilla Mota e Rodrigo Negri? O casal, todos os anos, entrega excelência e supera todas as expectativas com seus efeitos, surpresas e, obviamente, neste Carnaval não seria diferente.

A comissão da Mangueira foi espetacular e emocionante em muitos níveis, conseguindo tocar desde os mais novos, até os mais velhos, dos apaixonados aos que nem se atentam muito para o maior espetáculo da terra.

A rápida troca de roupa dos componentes impressionou e fez com que o público vibrasse, o ar nostálgico da comissão que revolucionou o quesito foi inevitável, dificilmente desvendaremos esse segredo.

As altas doses de fofura ficaram por conta dos três meninos que representavam o legado dos três homenageados, que também foram muito bem apresentados através dos dançarinos caracterizados, que se assemelhavam muito com os ícones mangueirenses. Com toda certeza foi uma ótima abertura de desfile e deu o recado com graça, emoção e beleza.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Matheus e Squel sempre dão um show na Avenida, mas esse ano foram ainda mais nobres, bonitos e fortes. O casal representou uma extensão do pavilhão, em homenagem ao grandioso Jamelão. Ambos apresentaram a bandeira com toda a delicadeza e cuidado necessários.

Muito bonito de assistir o bailado sincronizado e nobre do casal. Segundo a comentarista do SRzd Eliane Santos, o casal da Mangueira foi autêntico e harmonioso:

“O bailado do casal da Mangueira, autêntico e harmonioso, foi apresentado neste desfile. Desenvolveram, Matheus e Squel, sequências coordenadas dos passos e movimentos, que sendo obrigatórios, edificam e ratificam a dança nobre do samba! Observamos a postura do par, majestosa e altiva, com uma maneira singular de bailar, na qual Matheus Oliverio riscando e escrevendo suas letras, na condução e apresentação de sua bela dama Squel Jeorgea, com grande desenvoltura. Destaco a gentileza e galhardia do casal na realização da Apresentação da Bandeira. Salve o par verde e rosa”.

Alegorias e adereços

O verde e rosa se fez muito presente na construção do conjunto alegórico, o que é bastante pertinente ao enredo, já que a escola homenageou três de seus grandes ícones.

As primeiras alegorias chamaram atenção pela grandiosidade e beleza dignas de Mangueira, mas com o decorrer da passagem da escola pela Sapucaí, essas características se perderam um pouco, mas nada que possa ter comprometido o enredo ou a magnitude da escola. Segundo o comentarista do SRzd Jaime Cezário, o conjunto alegórico da escola foi belo, mas esperava mais.

“As alegorias começaram deslumbrantemente rosa e verde, a abertura com as duas baianas e a favela em rosa com as esculturas em caricatura era poético, algo para emocionar o coração.  Com o desenrolar acabamos vendo nas duas últimas alegorias o famoso “caixote bem decorado” , o cabaré é a caixa de música, estavam belos e mostravam claramente  aquilo que pretendiam, mas de você Mangueira querida, sempre vamos esperar mais, afinal, tu és  um céu estrelado”.

Fantasias

A volta das cores da escola nas fantasias foi um ponto positivo e emocionante. Não há como negar que o verde e rosa fez falta, assim como um enredo onde elas fossem necessárias. Ponto positivo para as fantasias, embora tenham havido algumas repetições, o conjunto foi satisfatório e pertinente ao tema proposto.

Segundo Cezário, o conjunto de fantasias da escola foi do jeito que o mangueirense gosta: “Esse Carnaval pós -pandemia começou na pura emoção,  é  muito bom “ver de” rosa a Estação Primeira. Foi preciso uma pandemia para ter novamente essa emoção.  As fantasias que homenagearam “Agenor, José e Laurindo” estavam impecavelmente do jeito que o mangueirense ama. Muito bom ver o orgulho estampado nos olhos do componente que vestiam suas roupas como uma verdadeira armadura de felicidade. As fantasias remetiam a um período em que a escola era acusada de ser verde rosa demais, mais faço a pergunta: tem algo mais bonito que te ver assim Mangueira?  Afinal, o seu cenário  é  uma beleza. Com relação aos figurinos criados vi umas repetições  exagerado nos chapéus bicornios, mas você que lê  vai dizer, era assim… e eu respondo, verdade”, comentou.

Enredo

O enredo em homenagem a Cartola, Jamelão e Delegado foi muito bem executado pela escola e fez jus ao legado deixado pelos ícones da escola.

Segundo o comentarista do SRzd Marcelo Masô, o desenvolvimento do enredo pode dar à escola a sensação de dever cumprido:

“A Mangueira chegou mostrando sua força e beleza , raiz do samba. A Estação Primeira, dentre suas várias personalidades de seu céu estrelado, escolheu como seu enredo três estrelas icônicas de sua constelação: Cartola (Antenor) , Jamelão (José)e Delegado (Laurindo). O enredo foi setorizado em quatro partes , sendo o segundo, terceiro e quarto dedicados a Cartola, Jamelão e Delegado, respectivamente. A Mangueira conseguiu transmutar de forma satisfatória do “papel” para a avenida as referências históricas que permearam a vida destes três grandes artistas mangueirenses. A comunidade deve se orgulhar do desfile, do Buraco Quente ao Morro do Telégrafo hoje o sentimento de de dever cumprido impera”.

Samba-enredo

Apesar de não ter sido a melhor escolha da escola, a composição de Moacyr Luz, Pedro Terra, Bruno Souza e Leandro Almeida conseguiu empolgar a público e estava na ponta da língua dos componentes.

Novamente comparando um quesito deste ano com o do último desfile, em 2020, deve-se ressaltar que a letra fácil fez com que a comunidade se sentisse mais confiante para soltar a voz. Segundo o comentarista do SRzd Cadu Zugliani, o samba-enredo da escola teve performance de alto nível.

“Antes de falar no samba da Mangueira, vale destacar o que pra mim foi um grande erro da organização do desfile: Não abrir o esquenta da escola para a Avenida. E o som continuou ruim por um bom tempo. Perdem todos, quem torce e quem paga pelo espetáculo. Agora, sobre o samba da escola, que não empolgou no pré-carnaval, mas que toda vez que foi posto à prova se apresentou em altíssimo nível, no desfile oficial não foi diferente. Sustentou o belo desfile da escola até o final. Muito bacana o Marquinhos Art’ Samba representando Jamelão no alto do carro de som”.

+ Marquinho Art’Samba, intérprete da Mangueira, passa mal durante desfile

Bateria

A Surdo Um de Metre Wesley é um verdadeiro fenômeno. Não há como negar que a Mangueira tem excelentes ritmistas que entregam bastante alegria, empolgação e ritmo impecável. O comentarista do SRzd Bruno Moraes, destacou o desempenho da ala dos repiques:

“A Bateria de Mangueira é um patrimônio do ritmo. Fez um ótimo desfile, com seus ritmistas alegres, dançando, de tanta confiança no ritmo. Destaque para a ala de repiques, com ótimos batedores e que fizeram com que o instrumento somasse muito no ritmo das já tradicionais caixas. As bossas levantaram o público, com direito a chuva de papel picado. A bossa do refrão de baixo, puxava um pouquinho o andamento para frente, mas na execução não houve sobra de instrumento e tudo saiu dentro da normalidade”.

Harmonia

Garra, equilíbrio, demonstrações de felicidade e canto afiado fizeram da harmonia da Mangueira um verdadeiro show e exemplo do que se deve fazer em um desfile. Destaque especial para a ala infantil, onde os pequenos deram um show de simpatia e sincronia. Segundo a comentarista do SRzd Célia Souto, a harmonia da escola foi equilibrada:

“A escola cantou o samba demonstrando equilíbrio , musicalidade, cadência e clareza . Os componentes estavam seguros e comprometidos com o canto transmitindo, alegria e garra”.

Evolução

Outro ponto positivo foi a evolução, sem buracos, sem correria, nem lentidão. A escola passou no tempo certo e com verdadeiro empenho, dando seu melhor para o público e principalmente para eles mesmos. Segundo a comentarista Célia Souto, a evolução da escola teve regularidade entre as alas: “O chão da escola se empenhou para manter a regularidade entre as alas durante o desfile com vivacidade e concentração”.

Ficha técnica

Enredo: Agenor, José e Laurindo
Presidente: Elias Riche
Carnavalesco: Leandro Vieira
Intérprete: Marquinho Art’Samba
Mestre de Bateria: Mestre Wesley
Rainha de Bateria: Evelyn Bastos
Comissão de Frente: Priscilla Mota e Rodrigo Negri
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Matheus Olivério e Squel Jorgea

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