Alegria da Zona Sul 2019: Agremiação enfrenta chuva, tem dificuldades e estoura o tempo em um minuto

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

A chuva, que começou horas antes do início do desfile, continuou a cair durante a passagem da Alegria da Zona Sul. A escola, que foi a segunda a entrar na Sapucaí, às 00h02 da sexta (01), passou um minuto dos 55 permitidos para as escolas da Série A e perderá 0,1 décimo na apuração. A vermelho e branco trouxe o enredo “Saravá, Umbanda”, desenvolvido pelo carnavalesco Marco Antônio Falleiros, que exaltou a história da religião.

Ainda que tenha feito uma bonita homenagem, a escola não conseguiu ficar muito longe do lugar comum de enredos que buscam inspiração em matrizes africanas. Além disso, a chuva que caía forte foi sentida pelos componentes e prejudicou a evolução da escola, que apresentou buracos pela Avenida e resultou em problemas técnicos como o último carro, que veio apagado.

Para a comentarista do SRzd, Rachel Valença, a Alegria da Zona Sul se esforçou para realizar um bom desfile, mas a forte chuva ficou no caminho:

“Também na Alegria da Zona Sul, os efeitos da chuva se fizeram sentir. As baianas, por exemplo, representando Vovó Maria Conga, tinham suas fantasias bem avariadas e, apesar disso, o figurino tinha criatividade. A Caravana de Ciganos deu cor e animação ao desfile. A bateria, representando A Magia dos Pretos Velhos, tinha caracterização muito interessante. As crianças, Alegria da Ibeijada, eram precedidas por casais mirins de mestre-salas e porta-bandeiras, uma lindeza. A Alegria fez o que pôde numa noite tão pouco favorável, que nem Igor Vianna, com seu vozeirão, consegue salvar”.

Comissão de frente

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

A comissão de frente da escola de João Paulo Machado veio com uma apresentação teatralizada e fez boa performance, ainda que simples. A escola veio com 15 componentes representando divindades e religiosos da Umbanda, como o Preto Velho e Yemanjá.

Um ponto interessante ressaltado pelo comentarista do SRzd no quesito, Márcio Moura, foi a maneira como a comissão dialogou com a letra do samba durante coreografia para os jurados. “A comissão comandada por João Paulo Machado teve sua apresentação como um sublinhar da letra do samba. A cada entidade mencionada, ela fazia uma reverência aos jurados. A justificativa do quesito no caderno dos Jurados vai ser de fundamental importância para a notas da comissão, pois a diversidade da colorimetria dos figurinos (absolutamente pertinente à ideia da comissão) pode causar desconforto ao jurado desavisado”.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

O casal Diego Nascimento e Thaís Romi foi um dos pontos fortes da escola. Apesar da chuva e da pista molhada, o mestre-sala e a porta-bandeira, que vieram com roupas brancas, cheias de plumas e brilhantes, conseguiram realizar uma bela apresentação que agradou os espectadores.

Para a comentarista do SRzd no quesito, Eliane Santos Souza, o primeiro casal da Alegria da Zona Sul mostrou sintonia ao superar a adversidade da chuva:

“Diego Machado e Thais Romi, o primeiro casal da escola, desenvolveram a performance com simpatia, demonstrando segurança na execução dos movimentos obrigatórios do bailado. O mestre-sala, um veterano, apresentou o “currupio” com “beija-flor” de forma fluente e com cortesia, a “carrapeta” com passos miúdos e rápidos, seguido pelo “voleio”, no qual seu pé esquerdo se apoiava atrás do joelho direito, uma realização invertida do movimento. A “pegada de mão”, praticada com segurança, possibilitou a porta-bandeira evoluir no “aviãozinho” com singeleza, e ela demonstrou mais habilidade ao desenvolver no “abano” os giros anti-horários. O casal audacioso superou a adversidade trazida pela chuva, e dançou com alegria na pista molhada”.

Alegorias e adereços

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

De fácil interpretação para o público, as 3 alegorias e 1 tripé trazidas pela escola da Zona Sul falaram bem com o enredo e ajudaram na construção da narrativa proposta. Porém, a simplicidade dos carros e o mau acabamento não passaram batidos pelo Sambódromo.

Se, por um lado, elas funcionaram para contar a história da Umbanda de forma simples, por outro a permanência no lugar comum e o trabalho mal acabado podem resultar em décimos perdidos para a agremiação. Um fator que pode ter contribuído negativamente para as alegorias foi a forte chuva, possível causa do último carro ter passado pela Sapucaí completamente apagado.

Paro o comentarista do SRzd no quesito, Hélio Rainho, o conjunto alegórico da Alegria da Zona Sul decepcionou: “Diminutas, de acabamento sem requinte e pouco expressivas, tinham leitura fácil, mas pecaram pelo acabamento e pela plasticidade”.

Fantasias

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

A mesma simplicidade que foi observada nas alegorias da escola pôde ser constatada em suas fantasias. Coloridas e intuitivas, as 17 alas da vermelho e branco vieram bonitas, apesar dos materiais simples e pouco desenvolvidos.

Segundo o comentarista do SRzd no quesito, Wallace Safra, o conjunto de fantasias da agremiação apresentou figurinos simples, mas bem trabalhados pela escola:

“Com o enredo “Saravá, Umbanda”, do Carnavalesco Marco António Falleiros, a Escola contou através de um Preto velho a história da Umbanda. Apresentou um trabalho sutil na confecção das fantasias, com pouca utilização de materiais nos acabamentos e um grande uso de materiais alternativos. Destaque para a bateria do Mestre Claudinho, que representou um figurino simples, com os Pretos velhos e suas Cambones, mas bem realizado com uma maquiagem artística que proporcionou maior caracterização a vestimenta e identificação ao público”.

Enredo

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

O enredo “Saravá, Umbanda” foi bem caracterizado no desfile pelas alegorias e pelas fantasias dos componentes, e contou a história da Umbanda de maneira didática e animada. O enredo parte de um lugar comum entre as escolas de samba: falar de religiões de matriz africana, afinal estão na África as raízes da festividade. Essa homenagem, ainda que honrosa, fez a escola realizar um desfile que não despertou tanto interesse por não fugir das representações comuns.

Paro o comentarista do SRzd no quesito, Hélio Rainho, o enredo não conseguiu se sobressair na temática:

“Embora a pesquisa sobre o surgimento de uma religião essencialmente brasileira como a Umbanda tenha seu valor e relevância, sendo um ponto positivo na idealização do enredo, a narrativa proposta não fugiu dos lugares comuns dos recentes enredos afro-religiosos. Mais uma vez assistimos a um enredo sobre entidades. Não houve uma superação dessa recorrência”.

Samba-enredo

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

O samba-enredo foi entoado fortemente por todos os componentes que desfilavam debaixo da chuva. Com um refrão cativante que gruda na cabeça, o samba “Saravá, Umbanda” teve um resultado acima do imaginado, uma vez que ele não estava entre os mais comentados da Série A. Puxado pelo intérprete Igor Vianna, o samba, correspondido pelo público nas arquibancadas, funcionou na Avenida.

Bateria

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

A bateria do mestre Claudinho Tuiuti ousou em suas paradinhas e agradou o público. Entretanto, devido à chuva, a escola enfrentou mais uma dificuldade, nesse caso com o carro de som e com a afinação dos ritmistas. Com destaque para a Rainha Anny Santos, que veio com uma bela fantasia, a bateria obteve um bom resultado, como ressaltou o comentarista do SRzd no quesito, Claudio Francioni:

“Diante das dificuldades enfrentadas, a bateria da Alegria da Zona Sul fez uma boa apresentação. As afinações das marcações foram muito prejudicadas pela chuva, mas os ritmistas de Mestre Claudinho compensaram com boas execuções das bossas em frente às cabines.”

Harmonia

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

 

A escola cantou forte, mas os efeitos da chuva foram sentidos pelos componentes. Apesar de vir animada, a agremiação da Zona Sul, do meio para o fim do desfile, parecia ceder à força da chuva que aumentava. Com alas que poderiam ser melhor organizadas, a Alegria da Zona Sul cantou até o fim, porém não atingiu o seu potencial.

O comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, ressaltou a ala de ciganos que desfavoreceu a harmonia da escola.

“A harmonia da Escola teve muito trabalho para manter a Escola compacta e ainda ter que controlar uma ala de Ciganos muito alegre, mas que não cantavam”.

Evolução

Desfile Alegria da Zona Sul 2019. Foto: Leandro Milton/Srzd

Depois de passar por diversos problemas, a vermelho e branco teve seus impactos diretamente na evolução da escola. Além de ter estourado o tempo permitido em sua passagem, ela abriu diversos buracos na pista resultantes da falta de organização entre o andar da escola e a paradinha da bateria em frente aos módulos dos jurados.

Para o comentarista do SRzd no quesito, Rômulo Ramos, a evolução a principal causa da evolução ter sido prejudicada foi a chuva.

“Como a Harmonia, a evolução foi prejudicada pela intensa chuva o que tira um pouco da empolgação dos componentes”.

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