Consciência carnavalesca! Enredos de 2020 reforçam herança afro e põem negro como protagonista

Desfile Paraíso do Tuiuti 2018. Foto: Juliana Dias/SRzd

Comissão de frente do Paraíso do Tuiuti em 2018. Foto: Juliana Dias/SRzd

O negro sempre foi protagonista do Carnaval brasileiro. Desde a origem do samba, nos terreiros de Ciata, aos dias atuais, com o “poder do povo preto” passando nas passarelas de Rio, São Paulo, Vitória e por aí afora. No Carnaval 2020 não será diferente. No mínimo cinco enredos do Especial homenagearão os negros na Avenida. Na Série A, o protagonismo é maior: oito agremiações exaltam a negritude de algum modo em seus temas.

Reis negros e rainha negra no picadeiro do Especial

Elza Soares desfilou no abre-alas da Mocidade em 2019 e é enredo da agremiação em 2020. Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

No Grupo Especial, três escolas escolheram homenagear personagens marcados por sua negritude. O Salgueiro apresentará Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil, que completaria 150 anos em 2020. O tema da vermelha e branca, assinado pelo carnavalesco Alex de Souza, tem o título “O Rei Negro do Picadeiro”.

A Grande Rio reencontrou suas origens de exaltação afro com a homenagem a Joãozinho da Gomeia, no enredo “Tata Londirá – O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Negro, Joãozinho foi considerado o maior pai de santo do Brasil, com seu terreiro de candomblé no bairro da agremiação.

A Mocidade Independente de Padre Miguel fez a alegria da comunidade ao escolher, finalmente, Elza Soares como enredo para 2020. A cantora, de trajetória reconhecida por sua luta em favor das mulheres e dos negros, teve a música “A Carne” como marco em sua carreira, ao cantar que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Assinado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, o tema se chama “Elza Deusa Soares”.

Mangueira e Viradouro, campeã e vice de 2019, também exaltarão a negritude no ano que vem. Na verde e rosa, Jesus Cristo é negro no enredo “A verdade vos fará livre”, do carnavalesco Leandro Vieira. A vermelha e branca traz as ganhadeiras de Itapuã no tema “Viradouro de alma lavada”, dos carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira.

Protagonismo negro na Série A

Luís Gama. Foto: Reprodução/Internet

Na Série A, outras figuras históricas do movimento negro serão protagonistas na passarela do samba. A Rocinha trará “Maria Conga – A guerreira negra que dominou os dois mundos”, de autoria do carnavalesco Marcus Paulo. A Cubango, atual vice-campeã, falará de Luis Gama, considerado Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil, no enredo “A voz da liberdade”, dos carnavalescos Alexandre Rangel e Raphael Torres.

Outras agremiações trarão referências a histórias africanas no ano que vem. A Bangu vem com o enredo “Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea”, do carnavalesco Bruno Rocha. A Unidos de Padre Miguel exalta a capoeira no enredo “Ginga”, do carnavalesco Fábio Ricardo. Já a Sossego apresenta “Os Tambores de Olokun”, grupo de dança influenciado pelo candomblé e maracatu. O carnavalesco da azul e branca é Marco Antonio Falleiros.

As baianas também terão espaço na Avenida com a Porto da Pedra, no enredo “O que é que a baiana tem? Do Bonfim a Sapucaí”, da carnavalesca Annik Salmon. As benzedeiras desfilarão com a Renascer de Jacarepaguá no tema “Eu que te benzo, Deus que te cura”, do carnavalesco Ney Junior. A jogadora Marta, símbolo de empoderamento negro e feminino, é homenageada pela Inocentes com “Marta do Brasil – Chorar no começo para sorrir no fim”, do carnavalesco Jorge Caribé.

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