O samba agoniza mas não morre – já dizia o poeta Nelson Sargento. E após oito meses de agonia, de tantãs silenciados, o samba (re)nasceu lá no Beco do Rato. A rua Joaquim Silva, número 11, no dia 11 de novembro de 2020, reabriu suas portas para receber o ritmo que é a cara do Rio, do Brasil e do bar na Lapa.
Organizado pela assessora de imprensa e marketing Eliane Pinheiro, pelo cantor e compositor Luís Caffé, e pelo membro da diretoria de Carnaval do Salgueiro Djalma Costa, o evento “O subúrbio canta e encanta a cidade” reuniu gente da mais alta patente para um concurso que elegeu o hino do subúrbio carioca. O padrinho da festa foi o lendário intérprete Paulinho Mocidade.
Após a apresentação de 12 parcerias concorrentes, a vitória ficou com o samba de número 4, dos compositores Luciano Bicudo, Andréia Moreira e Eliana Cardoso.
“A gente estava cantando o refrão de um samba que fala ‘A vitória demora mas vem’, e a gente está tentando de todas as formas mostrar nossa obra, e hoje nós conseguimos. As mulheres estão alcançando o espaço que elas merecem alcançar, mas não somos só mulheres. Essa vitória também é de todos que torceram por nós”, disse, emocionada, Eliana Cardoso, após receber a placa de primeiro lugar.
A segunda colocação ficou com com o samba 6, de Léo Poeta, Jair Rangel e Daniel Brasinha; a terceira, com o samba 12, de Alex Dom, Sabará e Renan Paixão.
A decisão do concurso foi tomada por um corpo de jurados formado por nove sambistas: Iracema Monteiro, Fabíola Monteiro, Maria Menezes, André Lara, Juninho Thybau, Raoni Ventapane, Eduardo Chaves, Camarão Neto e Ciganerey.
“É fantástico porque, na volta dos movimentos da cultura, estar incluso num evento de uma magnitude falando do nosso subúrbio carioca, cantando sambas do subúrbio, pra mim é uma honra. Eu acho que deveriam ter outros eventos com essa atitude”, disse o intérprete da Em Cima da Hora, Ciganerey.
“Ser jurado é uma coisa difícil, né? Julgamento, só Deus. Mas a gente tentou ser o mais justo possível com a obra mais bonita, tanto de letra, como de melodia. Isso é um projeto muito importante porque o subúrbio precisa dessas coisas, e o Beco é um reduto de sambistas, então nada mais justo do que ser aqui”, afirmou Juninho Thybau.
Durante o evento, os organizadores ainda sortearam brindes, como camisas e canecas, para o público. Após o anúncio do resultado, cada jurado foi chamado para cantar. O fato marcou uma grande confraternização entre sambistas e fez a festa dos presentes.
“Esse evento foi muito importante porque hoje não se vê mais concursos de samba de terreiro, que eram executados dentro das escolas de samba. Isso faz buscar a essência, é um ato de resistência em prol ao nosso samba, o samba verdadeiro, nascido e idealizado dentro do subúrbio carioca”, completou Camarão Netto.
Para a realização do evento, o Beco do Rato respeitou todas as regras sanitárias do protocolo de prevenção à Covid-19. Todos os presentes tiveram sua temperada aferida na entrada do local. O concurso teve início às 22h e encerrou às 1h, conforme decreto de horário de fechamento de bares e casa de shows na cidade do Rio.
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