Comentarista de fantasias do SRzd fala sobre perda de décimos da São Clemente e Imperatriz no quesito

Desfile São Clemente 2019. Foto: Juliana Dias/SRzd

A apuração das escolas de samba do Grupo Especial nesta quarta-feira (6) colocou a São Clemente na 12ª colocação e a Imperatriz Leopoldinense na penúltima posição, rebaixando-a junto com o Império Serrano. O comentarista de fantasias do SRzd, Wallace Safra, avaliou a perda de pontos no quesito fantasia das agremiações da Zona Sul e de Ramos. Leia abaixo:

O Carnaval 2019 terminou e chegamos ao dia mais esperado para componentes e espectadores do Carnaval carioca, a apuração das Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio e Janeiro.

As agremiações apresentaram seus trabalhos na construção, planejamento e no desenvolvimento de seus figurinos, na perspectiva de receber a tão sonhada nota máxima, mas algumas escolas, mais uma vez, foram rudemente julgadas em suas avaliações no quesito fantasia.

Apesar de não ter retratado seu melhor desfile, a Imperatriz que apresentou o enredo “Me dá um dinheiro aí”, dos carnavalescos Mário e Kaká Monteiro, desenvolveu um trabalho plástico limpo e homogêneo. As fantasias apresentaram elementos simples, mas singulares e de fácil leitura, com o bom uso dos materiais alternativos, complementados por artes plumárias em costeiros e golas, que valorizaram crescimento e a execução das vestimentas. A agremiação de Ramos recebeu duas notas 9.8, uma 9.9 e um único 10, que, apesar do descarte da menor nota, foi penalizada em 3 décimos, sendo um dos fatores para o rebaixamento da escola para o Grupo de Acesso A no Carnaval de 2020.

As escolas de samba este ano tiveram que inovar em seus processos de confecção de fantasias, obrigando-se a pesquisas mais aprofundadas na utilização de materiais alternativos, e, talvez, isso não tenha sido bem interpretado.

Outra escola que sofreu grandes golpes na apuração foi a São Clemente. Apesar de finalizar a apuração ocupando a décima segunda posição, mantendo-se no Grupo Especial do Carnaval em 2020, a única agremiação da Zona Sul no Grupo Especial do Rio apresentou na Avenida o enredo “E o samba sambou”, uma reedição de 1990, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. A escola apresentou uma boa plástica, eficiente e de compreensão rápida, propondo uma leitura ágil para o público e jurados, fazendo uso de soluções criativas e bem elaboradas na utilização de materiais alternativos, agregando leitura e leveza às fantasias. O carnavalesco também desenvolveu em seu processo criativo um intenso uso de espumas, paetados e materiais holográficos, desde a base de tecidos, até as cabeças, adereços e acabamentos. Utilizações de varetas, pompons e penas de ganso (fuê) nas terminações propuseram maior dinâmica e altura ao conjunto de vestimentas apresentadas. Contudo, a escola recebeu um 9.7, dois 9.9 e também um único 10, que, mesmo com o descarte da menor nota, levou a São Clemente a perda final de 2 décimos.

As escolas de samba este ano tiveram que inovar em seus processos de confecção de fantasias, criando novas fórmulas, pensando em novas saídas e obrigando-se a pesquisas mais aprofundadas na utilização de materiais alternativos, como acompanhamos durante os desfiles e, talvez, isso não tenha sido bem interpretado. Mas, queremos deixar registrado que Carnaval é isso e devemos aperfeiçoar os processos e pensar sempre em nos reinventar, mas, ao mesmo tempo, temos que discutir o processo de avaliação, para tornar o julgamento cada vez menos arbitrário.

Boa sorte às agremiações e que o dia de amanhã seja sempre melhor que o de hoje.

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