Carnaval 2025: Leandro Vieira segue mudando a cara e o DNA da Imperatriz?

Leandro Vieira. Foto: Reprodução/Instagram/Leandro Vieira

Leandro Vieira. Foto: Reprodução/Instagram/Leandro Vieira

Rio. Uma das mais tradicionais e vitoriosas escolas de samba do país e atual vice-campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense divulgou seu enredo no final da noite da última terça-feira (19).

“A escola da Zona da Leopoldina do Rio contará a história que narra a ida de Oxalá ao reino de Oyó com a intenção de visitar Xangô. A saga do Orixá, os percalços do trajeto e seu desenrolar são o conteúdo de um tradicional Itã, uma espécie de relato da mitologia Iorubá”, adiantou a escola. Já o título oficial do enredo, a logo e a sinopse serão divulgados posteriormente.

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O projeto leva, novamente, a assinatura de Leandro Vieira, um dos destaques da nova safra de carnavalescos do país. Já com o nome consolidado no métier, em apenas uma década acumula três títulos no Grupo Especial, dois no Acesso, bons enredos e muitas ideias.

Vieira é um típico carioca. Boa praça, sem filtro na hora de soltar um palavrão em suas reflexões nas redes sociais e confesso fã da boemia. Desde de sua primeira passagem pela Imperatriz, em 2020, repetiu diversas vezes o desejo de transformar a escola conhecida como “certinha de Ramos” num bloco mais alegre, pleno de folia carnavalesca.

Em recente postagem em seu Instagram pelo aniversário de 65 anos da agremiação, escreveu; “Gosto de pensar a Imperatriz como algo que sua gente pode e quis carregar. Penso a Imperatriz como algo que cabe no bolso de todos, do mesmo modo em que ela cabe no riso de tantos. De modo, que também possa caber nos pés que sambam. Nas fantasias que são usadas como enfeite. Majestosa e opulenta quando na pista é a soma de todos e de tudo que para ela foi ofertado ao longo de sessenta e cinco anos. Ordinária e popular quando ergue o copo cheio no subúrbio e seu samba habita os corpos ou é esmagado pela palma das mãos que se juntam de forma sonora pra dar ritmo à vida que se derrama em música nas esquinas”.

Agora, lança a Imperatriz num tema inspirado na cultura das religiões de matrizes africanas. Essa temática, embora tão abordada nos desfiles de escolas de samba, quase não esteve presente na história da verde e branca. Aliás, até o rótulo que Leandro “refuta” gera certo debate. Será fruto do DNA leopoldinense ou desdobramento da era Rosa Magalhães?

A artista assinou os desfiles em Ramos entre 1992 e 2009. Na maior parte dessa longa e vitoriosa jornada, desenvolveu enredos culturais, autorais e de absoluto refinamento, tanto estético, quanto didático. E que para serem contados na Avenida, necessitavam de certa disciplina.

A parceria de sucesso entre Rosa e Imperatriz rendeu cinco campeonatos e dois vices, além de uma injusta antipatia do público que chegou a lhe vaiar num desfile das Campeãs.

Ao fim desse extenso período, que ajudou a consagrar Rosa como uma das maiores criadoras do Carnaval e referência para os próprios colegas, a Imperatriz se arriscou em temas mais populares, sim.

Mas foi apenas com a chegada de Leandro e um novo momento da gestão, com uma bela injeção de recursos financeiros, que a escola se reencontrou com o protagonismo.

Em 2025, Vieira e Imperatriz escrevem novo capítulo desta parceria. Mesmo diante da grita paradoxal dos que protestam pelo que julgam excessiva repetição temática, com dinheiro e talento, o palpite é de novo bom momento para os gresilenses.

Restará saber se, ao término deste já exitoso encontro do artista com a Imperatriz, Leandro conseguirá deixar como legado uma mutação genética para um pavilhão tão acostumado e identificado com o requinte. Assim, ele descreveu o que vislumbra em seu próximo ato: “Acessível para todos que querem se enfeitar. Acessível para ganhar valor ao se tornar amuleto em ritual individual. Valiosa, por ter exatamente o valor que o dinheiro de tantos pode comprar com pouco. Distante da monumentalidade das alegorias, do luxo do ouro caro e pertinho do peito – e do bolso – dos que querem carregá-la pendurada junto a si”.

+ Quem é Leandro Vieira?

Formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, iniciou sua carreira no Carnaval em 2007. Foi colorista e figurinista até chegar ao cargo de assistente artístico. Destacou-se em 2014 quando foi assistente de Imperatriz e Grande Rio.

Um ano depois, foi chamado para assinar seu primeiro trabalho solo como carnavalesco, na Caprichosos de Pilares, que desfilava pela Séria A. Apesar dos inúmeros problemas financeiros e estruturais da agremiação, com o enredo “Na minha mão é mais barato”, a escola conseguiu a 7ª colocação após um desfile elogiado pela crítica especializada. O feito lhe rendeu um convite da Mangueira.

Na sua estreia no Especial, em 2016, desenvolveu a homenagem para a cantora Maria Bethânia: “A menina dos Olhos de Oyá”. Venceu o Carnaval logo em sua estreia, igualando o feito de Joãozinho Trinta, em 1971. Ainda ganhou mais um título pela verde e rosa, em 2019. Subiu com o Império Serrano no ano de 2022 e retomou sua história com a Imperatriz.

+ Carnaval 2024:

Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda. Este foi o enredo da Imperatriz, que conquistou o vice-campeonato do Grupo Especial neste ano.

O samba é de autoria de Me leva, Gabriel Coelho, Luiz Brinquinho, Miguel da Imperatriz, Antônio Crescente, Renne Barbosa, Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Jorge Goulart, Sílvio Mesquita, Carlinhos Niterói e Bello.

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Desfile da Imperatriz Leopoldinense 2024. Foto: SRzd/Leandro Milton
Desfile da Imperatriz Leopoldinense 2024. Foto: SRzd/Leandro Milton

 

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