Carnaval 2023: Tendência aponta para enredos de mais fácil leitura pelo público

Acadêmicos da Grande Rio 2022. Foto: Matheus Siqueira/SRzd

Acadêmicos da Grande Rio 2022. Foto: Matheus Siqueira/SRzd

Tá ficando bom? O Carnaval do Rio de Janeiro 2023 começa a se desenhar com a formação dos times após o desfile deste ano e os lançamentos de enredo.

Nesse cenário, a definição do tema é o ponto de partida e pode dar um bom termômetro do que cada escola de samba pretende para o seu Carnaval.

Até aqui, alguns enredos já foram lançados oficialmente, outros confirmados, apenas, e o mês de junho deve amarrar bem o que o público vai assistir durante o maior espetáculo da Terra no próximo mês de fevereiro.

Com o cardápio que se tem conhecimento no momento e o que tem sido ventilado nos bastidores, a tendência é de que o Carnaval carioca reserve apresentações de mais fácil assimilação por parte de quem assiste na Avenida ou acompanha à distância. Enredos mais densos e complexos, têm tido alguma restrição por parte dos analistas e são acusados de construírem um desfile para os julgadores, deixando o povo alheio ao que vê passar diante dos olhos.

+ veja como está o mercado do Carnaval

Quem deu a largada na temporada de lançamentos de enredo para 2023 foi a Unidos do Viradouro. A vermelha e branca de Niterói vai apresentar na Marquês de Sapucaí a vida e obra de Rosa Egipcíaca. O lançamento oficial aconteceu por meio das redes sociais da agremiação.

Rosa Egipcíaca, nasceu em Costa de Ajudá, em 1719, e morreu em Lisboa, em 12 de outubro de 1771. Ela também é conhecida como Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz e Rosa Courana.

Foi autora da Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas, o mais antigo livro escrito por uma mulher negra na história do Brasil. Os dons espirituais levaram Rosa Egipcíaca a ter devotos, inclusive do clero católico, motivo que a levou aos a ser alvo da Inquisição.

A vida dela inspirou a produção dos livros Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil, uma biografia de 750 páginas escrita por Luiz Mott, e Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz: a incrível trajetória de uma princesa negra entre a prostituição e a santidade, um romance ficcional escrito por Heloisa Maranhão. A biografia também foi citada e inspirou a produção de vários trabalhos acadêmicos.

Em 1725, aos seis anos de idade, após ser capturada pelo tráfico negreiro, desembarcou em São Sebastião do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1733. Em seguida, foi levada para Minas Gerais pelo frei José de Santa Rita Durão, onde viveu como meretriz durante 15 anos, após o anterior “desonestá-la e tratar torpemente com ela”.

Durante o período em Minas, aos 30 anos, foi acometida por um estranho inchaço e por uma enfermidade no estômago, período coincidente com o de visões místicas, o que a levaria a deixar o meretrício e a se tornar beata. Em 1748, vendeu joias e roupas conseguidas durante o meretrício, distribuindo tudo aos pobres.

Em 1763, a escrava foi tida pela Igreja Católica como herege e falsa santa, o que a levou ser presa nos Cárceres do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, onde não desmentiu suas visões e experiências sobrenaturais. Rosa Egipcíaca morreu de causas naturais, ainda sob cárcere do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa.

Além da Viradouro, a Imperatriz Leopoldinense foi a outra agremiação que já confirmou os detalhes de seu enredo, assim batizado; O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida.

Para contar essa história, Leandro Vieira, que volta a assumir o cargo de carnavalesco da Rainha de Ramos para o desfile de 2023, se debruça nas visões delirantes dos cordéis nordestinos que contam histórias fantásticas sobre a chegada de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, ao céu e ao inferno.

Entre as doze escolas do Grupo Especial do Rio, Portela, Império Serrano e Acadêmicos do Grande Rio já divulgaram suas apostas para a disputa que virá e a linha escolhida é bastante similar, e singela.

A azul e branca cantará seu centenário, numa auto-homenagem. O Império conta a vida e obra do cantor e compositor Arlindo Cruz, enquanto a atual campeã celebra e homenageia Zeca Pagodinho.

Maria Padilha será homenageada pela escola de Nova Iguaçu, Império da Uva, que promete mais um grande trabalho na Intendente Magalhães buscando à ascensão para a Série Ouro.

A União de Jacarepaguá, que conquistou vaga no Acesso, fez a opção pela história de Manoel Congo e Marianna Crioula, heróis da liberdade no vale do café. Por fim, integrando a Série Prata, a Acadêmicos da Diversidade, que terá Jorge Caribé como carnavalesco, vai exaltar à Umbanda, com o tema Salve a Umbanda – 115 anos de amor, paz e caridade.

A seguir nessa direção as escolas de samba do Rio de Janeiro prometem um conjunto de histórias que podem ser absorvidas com mais facilidade e, acima de tudo, identificação com o povo do samba e o público que se aproxima da cultura apenas nos dias do entorno da festa.

Recentemente, o SRzd abriu enquete para ouvir a opinião de seus leitores perguntando: Que tipo de enredo você gostaria de ver no Carnaval 2023? Veja o resultado final:

Autoral – 39%
Afro – 19%
Homenagem – 14%
Subjetivo/abstrato – 10%
Outros – 9%
CEP – 6%
Patrocinado – 3%

*A enquete SRzd esteve no ar entre os dias 13 e 17 de maio.

Leia também:

+ Grupo Especial 2022: Veja o resultado final

+ Saiba tudo sobre troca-troca e renovações para o Carnaval 2023

Comentários

 




    gl