“Não deixem de lado a elegância, a postura e a reverência; não modernizem a dança”. Foi este o principal apelo que Carlinhos Brilhante, lendário mestre-sala que por duas décadas defendeu o pavilhão da Unidos de Vila Isabel, fez à nova geração de mestres salas e porta bandeiras.
O conselho foi registrado durante a gravação do depoimento do baluarte da Vila para o projeto Memória das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, acervo audiovisual do Museu do Samba, na tarde da última quarta-feira (28).
“O mestre-sala tem que criar seu estilo, mas seguindo a tradição da dança; hoje há um excesso de coreografia e todas se repetindo muito, deixando de lado a elegância e a tradição”, destacou Brilhante.
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Dos primeiros passos na dança de mestre-sala, na Unidos do Jacarezinho, no fim da década de 1960, até sua consagração na Unidos de Vila Isabel, escola pela qual foi campeão em 1988 – com cinco notas 10 -, além de ganhador do Estandarte de Ouro (1992), Carlinhos Brilhante relatou as experiências pessoais e as transformações vividas pelas agremiações ao longo das décadas. O mestre relembrou as passagens pela Em Cima da Hora e Salgueiro, além do desfile da Portela em que fez par com outra lenda da Sapucaí, a porta-bandeira Dodô.
Carlinhos Brilhante fez também uma revelação: “a Mangueira é uma escola onde eu gostaria de ter desfilado defendendo o pavilhão; eu me encantei por aquele verde e rosa na época em que o samba ainda era no barro e eu via aquelas cabrochas sambando e a poeira subindo”. Da nova geração de dançarinos, o mestre faz elogios especiais ao mestre-sala Julinho Nascimento, hoje na Viradouro, e à porta-bandeira Marcela Alves, do Salgueiro.
O material está disponível para consulta e pesquisa, mediante agendamento pelo e-mail contato@museudosamba.org.br.
Maior centro de referência da memória do gênero no Brasil e responsável pelos estudos que levaram à titulação do samba do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural, o Museu do Samba possui um acervo audiovisual com mais de 160 registros inéditos de grandes sambistas.
O material é resultado do projeto “Memória das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro”, que documenta histórias e memórias de personalidades do samba e do Carnaval – cantores, compositores, mestres de bateria, porta-bandeiras, passistas, entre outras.
O acervo possui relatos de nomes como Nelson Sargento, Monarco, Tia Surica, Haroldo Costa, do lendário mestre-sala Delegado e das porta-bandeiras Selminha Sorriso, Dodô da Portela e Vilma Nascimento. A série de depoimentos conta com o apoio do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus).
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