Cangaceira e arretada, Imperatriz mostra boa técnica e visual primoroso

Imperatriz. Reprodução

A Imperatriz Leopoldinense foi a quarta escola na passarela do samba na segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2023 na Marquês de Sapucaí.

Não era tarefa fácil passar depois da chamada catarse visual provocada pela Vila Isabel. Mas ali estava uma das gigantes do Carnaval carioca, de coroa e tudo.

Com um visual primoroso e a conjunção perfeita do samba e sua melodia com o que estava sendo apresentado nos carros e fantasias, a Imperatriz foi tecnicamente elogiável e com um tempero bem saboroso de se ver na madrugada desta terça-feira (21) de Carnaval.

+ quesito, enredo:

A Imperatriz teve estreia no comando artístico para 2023; o carnavalesco Leandro Vieira, que desde 2016 estava à frente da Estação Primeira.

Novos momentos, novas inspirações e ele foi mergulhar na cultura nordestina trazendo o enredo sobre Lampião, que tem como título O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida. Título grande que lembra épocas douradas da escola da Leopoldina.

Na pista, a expectativa se confirmou. O projeto trouxe um momento de alto-astral, divertido e colorido para a Avenida. E tudo que os foliões querem ver nos desfiles das escolas de samba; encantamento.

+ comentaristas do SRzd avaliam desfile:

Célia Souto: “A escola canta com vibração o samba-enredo. Desenvolve a evolução com regularidade entre as alas. Canto e dança bastante equilibrados e sincronizados.

Junior Schall: “Leandro Vieira, dono de uma assinatura visual rica ao extremo, cheia de recursos, apresentou uma ilustração visual de múltiplas camadas. Finas e altamente refinadas para figurinos e construções alegóricas. Uma Escola desenhada à mão, num enredo (de verdade) narrado em suas formas, cores e obra musical de maneira formidável. Um teatro vivo e vibrante ao som de uma trilha sonora de alto gabarito. Toda essa arquitetura de LV trabalhou em sintonia fina e plena com o exercício da harmonia da Escola. Neste impulso conjunto a evolução da agremiação ocorreu com fluidez e uma dinâmica repleta de equilíbrio. O enlace estético e técnico sempre é potencializado por histórias bem contadas e cantadas. Um cordel fantástico, um Carnaval fascinante”.

Cadu Zugliani: “Se a Santaria se fez de Bedel não sei, mas o samba da Imperatriz não tem como passar batido. Ou você ama ou não gosta. Eu gosto muito como samba-enredo, a história tá toda ali. Ele tem momentos que ajudam o canto e outros que parecem lamento. Acho que estes trechos não funcionaram. A escola passou muito certinha, mas não exalou empolgação. Mas o andamento do carro de som do estreante Pitty Menezes e a bateria do Mestre Lolo encontraram o embalo correto. Não arrastou e não correu. Foi trilha sonora para um ótimo desfile”.

Eliane Souza: “O casal da escola, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, apresentou uma performance bem elaborada, na qual podem ser observados os movimentos obrigatórios da porta-bandeira, o abano, com seus giros precisos nos dois sentidos do horário, e o balanço sem apoio, que marcou a delicadeza da dama com seu pavilhão, e assim abriu , um espaço para que seu cavalheiro pudesse cortejá-la durante a execução do cruzado, momento no qual circundava com leveza a porta-bandeira, louvando o pavilhão que ela portava. Em ações bem sincronizadas e com precisas finalizações, pude observar a pegada de mão que deu apoio a execução do aviãozinho da porta-bandeira. Um riscado cheio de mesuras e requebros sinalizou a forma criativa do dançarino se exibir livremente no espaço reservado para a dança, na qual a apresentação da bandeira foi feita aos julgadores com muita elegância. De forma atualizada, o casal dançou o bailado, preservando seus movimentos característicos. Lindo de apreciar”.

Rachel Valença: “Quando a gente acha que já viu tudo, vem essa maravilhosa Imperatriz Leopoldinense ao som do seu samba-enredo bem interessante, com elementos muito tradicionais do gênero mas algo moderno e inovador que é a incorporação de ritmos nordestinos alusivos ao enredo. Mas isso, embora importante, é apenas um detalhe. O que chama atenção e é decisivo é o visual da escola. A unidade estética da narrativa é impressionante. Nada está ali por acaso, tudo a serviço de contar a história. Que lição de desenvolvimento de enredo! Salve, Imperatriz! Salve, Leandro Vieira”.

Jaime Cezário: “Um dos desfiles mais aguardados desse Carnaval, pois teríamos a estreia do carnavalesco Leandro Vieira na escola. Novas cores, nova comunidade e também, um novo caminho de enredo. A proposta era contar de forma bem humorada a história delirante de cordel que fala da morte do cangaceiro Lampião, e sua chegada ao inferno e depois ao céu, terminando sua busca, encontrando seu lugar definitivo, na cultura nordestina. Tudo foi visto com muita clareza, seguindo perfeitamente o roteiro apresentado. Não tivemos nenhuma dúvida da proposta. A boa sacada, foi o bom humor. Adorei ver a Suzy Brasil, personificando o ‘Cramulhão’, um momento divertido do enredo. Achei muito interessante a paleta de cores utilizada, onde o verde tradicional da escola pouco apareceu de forma incisiva, somente na primeira ala. As fantasias estavam completamente adequadas a proposta e com excelentes acabamentos. As alegorias seguiram o mesmo padrão. Destaque para a coroa, símbolo da escola, vindo na última alegoria, celebrando o legado de Lampião de ‘Rei do Cangaço’. Tudo perfeito tecnicamente, nada foi observado que possa comprometer sua apresentação nesses três quesitos”.

Bruno Moraes: “A bateria da Imperatriz fez um excelente desfile nessa segunda noite. Impressiona bastante como essa bateria consegue manter esse elevado nível. Mestre Lolo é incrível! Nas apresentações aos julgadores chamou zabumbas, sanfona e o ótimo puxado Pitty para frente da bateria e fez uma bossa que levantou a Sapucaí, com técnica e perfeição na execução. Todos os naipes são de extrema qualidade. A Swing da Leopoldina e o bonde CPX está de alma lavada”.

Wallace Safra: “Com cenas da vida de lampião e seu bando a comissão trouxe para avenida a grande saga dos contornos lúdicos de lampião fugindo de uma perseguição. Morto ele vai aí céu e ao inferno em busca de guarida. Com muito bom humor e requinte o coreógrafo Marcelo Misailides, realizou um belíssimo trabalho ao integralizar a comissão ao elemento coreográfico, onde os bailarinos puderam trazer diversas encenações que mostraram as diversas fases da história contada na performance da comissão. Destaque para a plástica e para o desenho coreográfico de bom gosto proposto pelo coreógrafo.
Representando a malícia fogosa, a ala de passistas da Imperatriz Leopoldinense apresentou um trabalho de qualidade, com movimentos limpos e uma alegria contagiante. Com um samba no pé característico da agremiação os passistas mostraram um trabalho simples mas funcional na avenida”.

 

+ veja a galeria de fotos do desfile

A Imperatriz Leopoldinense soma oito títulos no Grupo Especial, conquistados nos anos de 1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001, além do Acesso em 2020.

+ o desempenho da Imperatriz nos últimos seis Carnavais:

Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Branco e Ouro
Presidente de Honra (In Memoriam): Luiz Pacheco Drumond
Presidente: Cátia Drumond
Carnavalesco: Leandro Vieira
Diretor de Carnaval: Mauro Amorim
Intérprete: Pitty de Menezes
Mestre de Bateria: Lolo
Rainha de Bateria: Maria Mariá
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro
Comissão de Frente: Marcelo Misailidis

(ordem de desfiles – Grupo Especial 2023)

+ domingo, 19 de fevereiro:

1º – Império Serrano (Campeão do Acesso 2022)
2º – Acadêmicos do Grande Rio
3º – Mocidade Independente de Padre Miguel
4º – Unidos da Tijuca
5º – Acadêmicos do Salgueiro
6º – Estação Primeira de Mangueira

+ segunda-feira, 20 de fevereiro:

1º – Paraíso do Tuiuti (11ª colocada do Grupo Especial 2022)
2º- Portela
3º – Unidos de Vila Isabel
4º – Imperatriz Leopoldinense
5º – Beija-Flor de Nilópolis
6º – Unidos do Viradouro

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