Bejani celebra bailarinos negros em espetáculo no Municipal

Hélio Bejani ensaia espetáculo no Municipal. Foto: Divulgação

Bejani celebra bailarinos negros em espetáculo no Municipal

Rio. Hélio Bejani é diretor geral do espetáculo O Corsário, em cartaz no Theatro Municipal do Rio. Clássico do ballet, estreou no último dia 15 e a temporada se estende até o próximo dia 23 de dezembro – patrocinada pela Petrobras.

Ao SRzd, Bejani destacou a performance de um dos integrantes do elenco; José Ailton Jr. de Souza, um rapaz negro, de 26 anos, que até há pouco tempo atrás viajava diariamente de trem, da Comunidade de Vila Vintém, em Padre Miguel, à Gamboa, no Centro do Rio, onde estudava balé.

“Se há competência técnica e artística nos níveis exigidos pelo Corpo de Ballet do Teatro Municipal, o artista está dentro. José e maravilhoso; temos hoje um grupo de bailarinos negros, talentosíssimos”, celebrou Bejani que, em 1982, iniciou seus estudos de balé clássico em Campinas, no interior de São Paulo, no Ballet Lina Penteado sob direção de Ady Addor e Cleusa Fernandes e se tornou um dos principais nomes do segmento no país.

Em 1985 ingressou para o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, através de concurso público, atuando como Bailarino Principal em diferentes balés do repertório da Companhia. Entre 2008 e 2013, foi Diretor Artístico do Ballet do Theatro Municipal do Rio.

No Carnaval, Bejani também é referência. Corografando a comissão de frente do Salgueiro, foi premiado com o troféu SRzd em 2008. Em 2015, foi agraciado com o prêmio novamente, desta vez, pela Grande Rio, ao lado da mulher, Beth Bejani.

Além de José Ailton, brilham também a bailarina Marcella Borges, a Medora; Glayson Mendes, Sthefane Vanira e Moisés Pepe, todos integrando o Corpo de Ballet do Municipal.

Sobre o Corsário

Ali, é um valente corsário negro. Protagoniza um fiel e zeloso escudeiro de Conrad, que é o líder dos corsários, e namorado da escrava Medora.

Ali é interpretado por José Ailton Jr. de Souza. Com performances emocionantes e espetaculares, coroadas por volteios e magníficas revortagens, a personagem de Ali, representada por José, tem sido aplaudidíssima nas récitas de O Corsário.

José, é filho único de família que sobreviveu com recursos limitados – o pai motorista e a mãe empregada doméstica, depois enfermeira.

Mas José foi à luta, e hoje já experimenta as nuances do sucesso.

Nasceu no município de Jacarezinho, no Paraná, e ainda bem criança, mudou-se com a família para Ourinhos, em São Paulo; onde viveu até os 16 anos.

Foi na Escola Municipal de Bailados, em Ourinhos, que José deu os seus primeiros passos e volteios no balé clássico. Depois mudou-se para o Rio de Janeiro.

A história de José é exemplar, bonita e de superação. Demonstra que é possível superar obstáculos, alcançar o sucesso e, naturalmente, influenciar.

Por sete anos , José morou na comunidade de Vila Vintém, destacando-se em atuações memoráveis na comissão de frente da Mocidade Independente de Padre Miguel, nos desfiles de Carnaval.

E até recentemente, pegava dia após dia um trem da Supervia, em Padre Miguel, para estudar na Gamboa, centro da cidade, na Companhia Brasileira de Ballet, dirigida por Jorge Teixeira.

Foi nesta companha que José teve a oportunidade de receber regularmente uma bolsa de estudos; essencial para a sua subsistência e dedicação à dança no Rio de Janeiro.

José conta que sofreu resistências paternas quando anunciou que preferia as sapatilhas às chuteiras de futebol.

“No entanto, o meu pai compreendeu a minha predileção, e logo a felicidade do querer venceu. Pude investir em minha vontade”, ressaltou o jovem bailarino.

“Sempre sonhei em dançar no Theatro Municipal; e hoje estou realizando o meu sonho”, comenta José.

“A minha maior alegria – prossegue – é saber que outros Josés, assim como eu, ao me verem em cena, acabam descobrindo que também poderão vencer”.

Ele se emociona ao contar que, várias crianças, depois de assistirem à sua apresentação no balé Dom Quixote, em 2022, se matricularam em escola municipal da comunidade de Nova Holanda.

“São crianças pobres, mas que hoje, seguem determinadas em busca de uma carreira digna. Sempre tenho notícias deles”, diz.

O jovem José, ou Ali, que hoje se considera “um carioca da gema, torce pelo Flamengo e adora o samba, chegou a morar um ano nos EUA, em 2021, onde estudou balé.

Mas o que viu e sentiu lá fora não o convenceu; logo optando por retornar.

“O Theatro Municipal é o meu mundo, e a minha carreira está aqui. Quero encerrá-la, dançando (e bem) até os 50 anos de idade”, afirma (veja fotos do espetáculo):

+ Serviço:

Theatro Municipal. Praça Floriano, s/nº, Centro;

Dia 16 de dezembro, início às 19 horas;
em 17 de dezembro, espetáculo às 17 horas e, em 19 de dezembro, início às 14h (Projeto Escola).

Dias 20, 21, 22 e 23 de dezembro, início às 19 horas.

Os preços das entradas variam de R$ 10 a R$ 80. Ingressos pelo site do teatro: www.theatromunicipal.rj.gov.br

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