Batismo é na Avenida, bênçãos na chegada, pé direito no solo sagrado!

Mangueira 2022. Foto: Juliana Dias/SRzd

*Por Junior Schall

Vamos falar de Carnaval! Alô galera, alô eternos aprendizes da folia das Escolas de Samba. Um domingo de raízes, uma noite repleta de estreias, sangue novo e forte no terreiro verde e branco e na alma verde e rosa. Mocidade Independente e Mangueira fazem o último ensaio técnico das Escolas no mês de Janeiro, no Sambódromo. Receita pra Sapucaí lotada com torcidas pra lá de apaixonadas.

Ambas desfilam, também, no domingo de Carnaval. Padre Miguel como terceira e fechando a noite a Estação Primeira.

Para que o sacramento do êxito ocorra é preciso trabalhar, em todas as suas camadas, o plano geral de Carnaval para a data do desfile oficial. A terceira do primeiro dia tem uma estratégia, a sexta tem outra bem diferente. Como exemplo: A Mangueira “escolhe” concentrar pelo Balança. Se moldou, ao longo dos anos, pra extrair o máximo de positivo do lado que tem o (temido) viaduto. Mocidade, que estará nos Correios, sabe utilizar bem uma concentração muito mais favorável para a montagem das alegorias.
Assim como ensaiar, planejar também é mantra.

Dois Pavilhões multicampeões com mudanças, em pontos chave, vitais para os projetos de Carnaval. Mudanças nas linhas das narrativas estéticas e em quesitos interligados que operam em conexão, nos momentos cruciais de suas apresentações, bem como nas etapas e processos de suas construções.

Marcus Ferreira como carnavalesco, Paulo Pinna liderando a Comissão de Frente e Nino do Milênio no Carro de Som, são as alterações nas titularidades da agremiação da Zona Oeste. Renovação com frescor e juventude. Artistas talentosos que se unem a uma base, bem equilibrada, pelo trabalho de gabarito de Mestre Dudu na Bateria e Diogo Jesus ao lado de Bruna Santos como Primeiro Casal.

Na Manga, como Presidente, Guanayra Firmino inicia a sua jornada como líder maior da entidade. Referência atuante, desde muito tempo, nos elos de ligação com a comunidade, a mandatária conhece a Escola como poucos. Em Mangueira, como é anunciado no enredo, o protagonismo feminino é puro poder.

Estreiam, além de uma Presidente, uma Carnavalesca, a Primeira Porta-Bandeira e uma coreógrafa de Comissão de Frente. Oxalá, um salve para a força da mulher! Annik Salmon e Guilherme Estevão assinam o enredo. O ar do novo, repleto pelo talento, numa dupla virtuosa. O Pavilhão terá muita química e elegância na sua condução, com Matheus Olivério e Cíntia Santos, que irá debutar no GE. Cláudia Motta, com tempo de janela e muitas referências, será a responsável pela CF.

E não para por aí. Três crias, “ouro de casa”, para o alicerce de Bateria e Carro de Som. Rodrigo Explosão e Taranta Neto como Mestres, Dowglas Diniz junto do veterano Marquinhos Art’ Samba como Intérpretes principais.

Dia 29/01, para as duas entidades, marca um tempo de bênçãos na chegada com o pé direito no solo sagrado. Para pisar forte na Avenida Mocidade e Mangueira tem o legado de ótimas respostas para as conexões estabelecidas entre Samba Enredo e comunidade, viés que fortalece a Harmonia e a Evolução (nutrindo a alma do componente). Os enredos, com boa fluidez e retorno visual, geraram pontes sólidas para as obras musicais e o trabalho dos poetas. O hino mangueirense é irresistível, tem a pele e a essência verde e rosa.

Os Independentes tem um samba em franca evolução, sendo lapidado, com um arco de crescimento muito bom. As duas se percebem nas propostas narrativas, um ponto muito importante. Mocidade ira contar na passarela a história do legado dos artistas do Alto do Moura, em Pernambuco, herdeiros de Mestre Vitalino, com o enredo: “Terra de meu céu, estrelas do meu chão”.

De São Cristóvão virão as construções de visões de África na Bahia, num resgate de saberes e práticas ancestrais, com o, já citado, protagonismo feminino. Sob o título de “As Áfricas que a Bahia canta”.

Fevereiro, que anuncia o Carnaval, torna tudo ainda mais urgente. O calendário “dobra o seu número de dias” (mas também de possibilidades). Com mudanças agudas na “espinha dorsal” a Estrela Guia de Padre Miguel e a Estação Primeira de Mangueira, no tempo devido, realinharam e reorganizaram as suas estruturas, desenvolvendo os trabalhos individuais, coletivos e treinando os respectivos conjuntos. Neste mesmo compasso precisam continuar a traduzir toda a emoção que aflora em harmonia, numa sintonia máxima, com as mais completas técnicas de desfile.
Evoé, assim deve ser, assim será!


Leia também:

+ Confira a ordem de desfile da Série Ouro no Carnaval 2023

+ Ensaios técnicos gratuitos no Rio: veja orientações sobre alimentos e bebidas


 

Comentários

 




    gl