‘As mulheres precisam ser mais ouvidas e menos enxergadas pelo corpo’, diz Ketula Mello

Desfile Imperatriz 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Musa da Imperatriz, Ketula Mello é uma das mais engajadas na luta pelo protagonismo das mulheres negras. Com mais de 20 anos de Carnaval, a sambista entende que as rainhas precisam ocupar um espaço onde suas vozes tenham mais valor que seus corpos exibidos nos desfiles.

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“As mulheres precisam ser mais ouvidas, principalmente as rainhas, que são muitas vezes enxergadas só pelo corpo. Eu, em 2019, pude representar uma guerreira africana e recebi tanto comentários positivos após o desfile que fiquei muito honrada. É importante deixar nós, mulheres negras, falarmos, e evidenciarmos tudo aquilo que vivenciamos”, desabafou Ketula.

Ketula Mello. Foto: Divulgação
Ketula Mello. Foto: Divulgação

A beldade foi a primeira Musa do Caldeirão do Huck, em 2003, e reinou à frente dos ritmistas da Porto da Pedra em 2001, 2002, 2003, 2004 e 2017. Ela também foi Rainha do Carnaval carioca em 2008. A real noção da sua relevância nesses postos, porém, só veio depois: “Eu fico muito feliz de representar tantas meninas. Na minha época, a gente não tinha um rede social e eu não enxergava a importância de uma rainha negra como eu vejo hoje”.

Ketula revelou que, quando começou no samba, se inspirava na ex-Globeleza Valéria Valessa, por achá-la elegante, e na passista Janaína, da Viradouro. Ela também contou como surgiu a famosa jogada de perna, apelidada de ‘Ketulão’.

“Eu acho que o samba é sentir e quando você não sente e transmite essa verdade, o povo percebe. Eu sentia que eu precisava criar algo de diferente, não é só o sambar, é você sentir o coração da escola. Até que um dia eu joguei a perna e batizaram de ‘Ketulão’. Hoje, por eu onde eu passo, todo mundo fala: ‘a pernada’, ‘joga a perna’.”

Ketula Mello durante desfile da Imperatriz em 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

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