Já passavam das 4h20 quando o “canto do povo fiel” de André Diniz, Evandro Bocão, Professor Wladimir, Júlio Alves, Marcelo Valência, Dedé Augusto e Ivan Ribeiro ecoou na quadra da Unidos de Vila Isabel na madrugada de sábado (29). No momento em que Tinga, intérprete oficial da escola, anunciou a obra como hino para o Carnaval de 2019, pode-se notar uma comoção do público que se manteve presente até o momento do anúncio.
Diversas vezes campeão pela agremiação e compositor também do samba encomendado pela Grande Rio para o próximo desfile, André Diniz, por motivo de saúde, não compareceu à quadra. Mas isso não foi razão para desânimo da parceria, que comemorou até o fim com a bateria Swingueira de Noel e sua tradicional ida ao Boulevard 28 de Setembro após a consagração do samba campeão.
Evandro Bocão, outro grande campeão de sambas pela azul e branco, exaltou a felicidade da comunidade. “Eu sou muito Vila Isabel! Já fui presidente, diretor de Carnaval, compositor e mil outras coisas. Sei que o povo do samba quer sempre o melhor pra escola. É muito bonito ver que o Morro dos Macacos desceu para nos apoiar hoje”.
Quando questionado sobre a ausência do amigo de parceria, o compositor afirmou que o mesmo estava representado. “André não pôde vir por um mal estar, mas estamos aqui fazendo de tudo para representá-lo. Com todo respeito aos outros, mas ele é o maior compositor de samba-enredo do Carnaval atual e merece as honras. Leonel também está conosco, sempre em nossos corações”.
A disputa na quadra começou por volta de 1h45, após o intérprete oficial da agremiação cantar os três sambas finalistas. A primeira obra a se apresentar foi a da parceria de Thales Nunes e cia, defendido por Emerson Dias.
Igor Sorriso despertou a simpatia dos torcedores da Vila após sua passagem pela escola. Como se observou durante a apresentação do segundo samba da noite, o intérprete ainda causa efeito sobre a comunidade de Vila Isabel.
Após um discurso emocionado de Evandro Bocão, a parceria campeã foi a última a se subir ao palco e iniciou sua apresentação com o auxílio do intérprete Wander Pires. Durante a passagem, utilizou efeitos de faísca e contou com uma torcida vibrante. A festa contagiou os segmentos da escola que cantavam com destaque os versos: “O morro desce em prova de amor, encontro da gratidão”. Vale lembrar que o samba foi vencedor na pesquisa entre os leitores do SRzd. Veja o resultado da enquete.
Estamos fazendo um resgate da comunidade.
O presidente da agremiação, Fernando Fernandes, atentou à forma de trabalho implementada em sua gestão: “Estamos fazendo um regaste da comunidade, acreditamos ser necessário respeitar o componente acima de tudo. Prezamos pela dignidade e isso é essencial”.
Ideologia essa também entendida como correta pelo filho do patrono da escola, Luiz Guimarães: “Há um respeito mútuo entre todos dentro da escola e o pensamento é em prol da Vila. Ninguém quer nada da escola, querem o melhor para ela e esse é o diferencial para os outros anos. É um trabalho a longo prazo. Começamos esse ano e esperamos dar prosseguimento por muito tempo”.
Diretor de Carnaval e ex-presidente da escola, Wilsinho explicitou a diferença entre o momento que esteve como mandatário e a atual administração: “Todos se uniram para apoiar essa diretoria, não há mais rachas. O presidente Fernando, o Luiz e o Capitão estão fazendo todo o possível para que a escola volte a ganhar. Trouxeram de volta grandes profissionais, como Tinga e Patrick, e me trouxeram, pois eu conheço essa comunidade e entendo do funcionamento do Carnaval. A equipe é muito justa e boa em todos os aspectos, com tudo que é necessário para voltar a trilhar o caminho da vitória”.
Não é novidade que o barracão da Vila está a todo vapor e o carnavalesco Edson Pereira declarou a importância de um projeto regrado: “Temos a consciência que um desfile de Carnaval é feito de problemas e eliminação deles. Com mais tempo, se consegue raciocinar melhor e fazer bom trabalho. Queremos tempo para pensar na logística do desfile”. Com relação aos rumores que surgem em função da organização da escola, o artista comentou não estar se sentindo pressionado: “Não estamos apostando corrida com ninguém, não queremos estar na frente de ninguém agora. Estamos trabalhando muito e seguindo assim”.
Depois de um trabalho aclamado no Paraíso do Tuiuti, o coreógrafo Patrick Carvalho está de volta às terras de Noel e falou da necessidade de se continuar o trabalho que interrompeu: “Eu precisava voltar à Vila para continuar o que comecei aqui. Recebi muitas propostas, mas quando veio a da Vila eu não tive como não ceder. Assim que tive consciência da grandeza do projeto, entendi que era o que eu precisava nesse momento da minha carreira”.
Wilsinho afirmou achar normal mudanças em sambas após serem escolhidos: “Dos maiores sambas aos nem tão originais, mas a maior parte dos que eu escolhi, como o da Viradouro para 2016, o famoso ‘festa no arraiá’ e o samba de 2012 para a Vila, houve algumas mudanças. Seja por uma adequação ao intérprete, ou alguma adaptação pro enredo. Se for necessário, haverá mudança para o samba de 2019 também”.
Se for necessário, haverá mudança para o samba de 2019 também.
O ex-presidente da agremiação se coloca a favor das disputas de samba. “Eu sou meio reticente à samba encomendado, pois prefiro acreditar na ala de compositores das escolas. Apesar dos grandes escritórios dominarem as disputas, seja por serem bons compositores ou por fazerem grandes sambas, mas eu prefiro confiar no potencial de cada escola. Acredito que a Vila seja um pilar de resistência nesse meio, todos os sambas que chegaram na final são de compositores da escola, da comunidade”, atentou.
A Vila Isabel será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval com o enredo: “Em nome do Pai, do Filho e dos Santos – A Vila canta a Cidade de Pedro”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
Apresentações das três parcerias finalistas:
Entrevista com o carnavalesco Edson Pereira:
Apresentação da bateria Swingueira de Noel:
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