Agora sou uma estrela: samba da Mocidade fazia referência a poema testamento de Elis Regina

Elis Regina. Foto: Reprodução da TV

Elis Regina. Foto: Reprodução da TV

Foi numa manhã de 19 de janeiro que a maior cantora do Brasil e uma das mais importantes do mundo em todos os tempos, Elis Regina, morria, aos 36 anos, prematuramente e de forma tão inesperada.

O choque foi tamanho que a primeira emissora a noticiar a morte, a extinta Rádio Excelsior de São Paulo, foi tachada pelas concorrentes na cidade de fake news, termo que nem existia no distante ano de 1982, há 40 anos.

Elis, considerada careta, teve em seu exame necroscópico identificadas porções de cocaína e álcool etílico. Após passar horas ao telefone com o então namorado, o advogado Samuel Mac Dowell, durante a madrugada, sua voz foi sumindo e ele dirigiu-se pela manhã ao apartamento onde ela morava, na região Central de São Paulo. Lá, arrombou a porta e a encontrou desacordada. Elis já chegou sem vida ao Hospital das Clínicas, que ficava a poucos quarteirões da casa da cantora.

+ Ouça a transmissão da Excelsior em 1982:

Embora gaúcha, Elis se confessava paulistana. Identificada com a cidade, escolheu São Paulo para morar, criar seus filhos e tocar a brilhante carreira.

Mas a primeira homenagem no Carnaval veio do Rio de Janeiro, com a Mocidade Independente de Padre Miguel, no desfile de 1989.

+ Nos 40 anos sem Elis Regina, relembre a homenagem campeã da Vai-Vai

O enredo “Elis, um trem de emoções” foi assinado por Ely Peron e Rogério Figueiredo. O samba, por Cadinho, Dico da Viola e Paulinho Mocidade. A verde e branca ficou com o 7º lugar no Grupo Especial daquele ano.

No primeiro verso do refrão, “Agora sou uma Estrela”, uma referência ao último show de Elis, Trem Azul, em cartaz no ano de 1981. O espetáculo trazia um monólogo que, lamentavelmente, acabou servindo como seu comovente testamento.

“Agora retiram de mim a cobertura da carne, escorrem todo o sangue, afinando os ossos em fios luminosos, e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela. Agora eu sou uma estrela””, recitava Elis na abertura do show.

Em 5 de janeiro de 1982, poucos dias antes de morrer, Elis era a convidada do famoso e polêmico programa Jogo da Verdade, apresentado pelo jornalista Salomão Ésper.

Estão ao lado de Salomão na gravação histórica, Zuza Homem de Melo e Maurício Kubrusly, conceituados jornalistas atentos à cena artística brasileira. Esta foi sua última entrevista.

+ Veja a entrevista na íntegra:

Leia também:

+ Camila Silva diz que não vai desfilar no Carnaval 2022

+ Mestre da Grande Rio tira componentes da bateria que não quiseram tomar vacina

Comentários

 




    gl