A Covid-19, os baobás, São Jorge e o sétimo selo, por Márcia Lage

A carnavalesca Márcia Lage escreveu um texto sobre o novo coronavírus, doença que tem devastado o Brasil, e compartilhou com o SRzd. A artista faz um paralelo entre o novo coronavírus e outros temas da história. O texto foi escrito no feriado do último dia 23 de abril e traz uma referência a São Jorge.

Confira:

Relutei muito para fazer “lives” e emitir opiniões publicamente sobre a pandemia que assola o mundo nesse momento.

Desde as medidas de prevenções adotadas aqui no Rio em 17/03 e em todo o país, um pavor tomou conta de todos nós, mas já estamos quase no fim de abril, infelizmente com um índice de contaminações e óbitos confirmados cada vez maior, num voo às cegas, pela falta de indicativos mais claros. Como todo mundo embarquei solidária a toda essa luta pela qual estamos travando, isolando-me, tocando a vida e observando os fatos. Passei do pânico absoluto, a necessidade de leveza, ao choro, as orações, mas ao acompanhar as noticias e os fatos, chegou um momento de controlar todas essas oscilações emotivas e a luz da razão me fez escrever esse desabafo.

Na fase leve desse processo, com um olhar mais lúdico para a imagem do Covid19, ali eu o comparei aos baobás do pequeno e grandioso universo do Pequeno Príncipe do autor Antoine de Saint-Exupéry abstraindo e imaginando alguma maneira desse vírus nos ensinar alguma coisa, talvez como o principezinho já havia ousado afirmar.

“Existem sementes boas, de ervas boas, e sementes ruins, de ervas ruins. Elas dormem no segredo da terra até que uma delas cisme em despertar. Então, ela se espreguiça e lança timidamente para o sol um broto inofensivo. Se é de rabanete ou de roseira, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, assim que a reconhecermos.”

“O solo do planeta estava infestado de sementes de baobás. Se não eliminarmos o baobá a tempo, nunca mais será possível se livrar dele. Ele obstrui o planeta inteiro. Ele o perfura com as suas raízes. Se o planeta é muito pequeno e se os baobás são grandes demais, eles o fazem explodir” – O Pequeno Príncipe.

Portanto, se você encontrar um baobá no coração, arranque-o inteiro com as raízes, porque as suas sementes hospedam o medo, a insegurança, a decepção, a raiva, etc.

Seguindo em frente; estamos diante de uma pandemia que virou um pandemônio, uma guerra política sem precedentes que contaminou todo o cenário atual.

E hoje, no dia de Sāo Jorge, assim que comecei a escrever esse texto, percebi um movimento estranho no estacionamento de meu condomínio; a presença de uma ambulância e um carro de polícia, que obviamente, chamou minha atenção, procurei saber o que estava acontecendo e ali por entre o jardim do estacionamento havia um corpo de um jovem homem morto que acabara de se jogar pela janela. Não quero aqui fazer juízo de valores e nem sequer sei com certeza o que motivou esse ato, mas diante desse desespero que nos acomete…

No livro do Apocalipse há uma afirmação que nos avisa que haverá “sete trombetas” anunciando os aspectos do “Fim dos Tempos”; onde se lê, entre outros males as epidemias e no final todos sendo tragados por um abismo infinito…

Longe de estar fanática, mais longe ainda de ser profética eu desejo profundamente que a calma e a normalidade se estabeleçam o quanto antes e que possamos sair dessa devassa sãos e fortalecidos.

“Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-nos o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-nos com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete nossos inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós. Amém.”

Márcia Lage