Arrebatador. Assim pode ser resumido o desfile da Mangueira, que encerrou os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro já na manhã desta terça-feira (28). Em um Carnaval marcado por incidentes graves e fatos lamentáveis, a Primeira Estação lavou a alma dos amantes do maior espetáculo da Terra, ao contar a história da fé do brasileiro com o enredo “Só com a ajuda do santo”, de Leandro Vieira. Além de mostrar força em todos os quesitos, a Verde e Rosa teve impressionante sinergia com o público, que, apesar do avançado da hora, não arredou o pé do Sambódromo. Ao fim do desfile, como numa procissão, espectadores emocionados invadiram a pista para curtir a memorável passagem até o último momento. Não fosse por um buraco enorme provocado pelo defeito em uma alegoria, a escola poderia ser considerada tranquilamente uma das grandes favoritas ao título. Ainda assim, o sonho do bicampeonato está mantido.
Coreografada por Júnior Scapin, a comissão de frente levou para a Marquês de Sapucaí um grupo de saltimbancos, que apresentou um verdadeiro espetáculo teatral. Os integrantes, muito bem ensaiados, interagiram de maneira bem humorada com os santos contidos no enredo, que estavam no tripe de apoio, arrancando aplausos dos espectadores. A ótima apresentação aumentou ainda mais a expectativa pela passagem da atual campeã. Assista abaixo as considerações de Márcio Moura, comentarista do SRzd.
Matheus Olivério e Squel mantiveram em alta a cabeça do desfile. O primeiro casal da escola representou fiéis devotos, que levam a bandeira da Mangueira para ser benzida.
Assista à análise do Mestre Manoel Dionísio, comentarista do SRzd, sobre os casais que passaram na Avenida na segunda noite de Grupo Especial.
O carnavalesco Leandro Vieira fez, de maneira geral, um bom trabalho. O conjunto alegórico foi irregular. Os primeiros carros impactaram pela beleza e pela riqueza nos detalhes. O mesmo não pode ser dito das alegorias 4 – “Levo oferendas à Rainha do Mar” – e 6 – “A luz dos Orixás”, que não mantiveram o nível de capricho. As fantasias, por sua vez, estavam uniformes e um patamar acima. A ala das baianas da Verde e Rosa, cujo figurino remetia, na saia, a saquinhos de São Cosme e Damião, foi premiada pelo júri do SRzd.
O enredo foi desenvolvido de maneira correta. Mesmo sem o roteiro na mão, era possível entender o encadeamento de ideias proposto pelo carnavalesco.
Assista abaixo às impressões de Luiz Fernando Reis sobre alegorias e fantasias da Mangueira.
Esse tripé de quesitos não deve trazer decepções na hora da apuração. O samba funcionou muito bem e foi o que teve a recepção mais calorosa das arquibancadas no último dia de desfiles. A bateria “Tem que respeitar meu tamborim” provou que merece mesmo respeito. E em todos os instrumentos. O ponto alto foi a bossa no final do samba, que deixava para o público “clamar em uma só voz” o belo hino da escola. O canto também foi forte na pista. De maneira uniforme, todas as alas cantaram durante os 71 minutos de desfile.
Confira a baixo as considerações da equipe de comentaristas do SRzd.
O quesito foi o calcanhar de Aquiles da Verde e Rosa. Um problema com o segundo carro da escola – “Viva São João” – pode representar a perda de décimos importantes. A alegoria teve problemas mecânicos e ficou parada por cerca de quatro minutos, provocando um buraco enorme no campo visual do módulo duplo de julgadores, o que torna o desconto praticamente inevitável. Depois que o problema foi resolvido, a escola evoluiu de forma satisfatória.
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