Com visual muito simples, Vila Isabel canta ‘O som da cor’ na Avenida

Foto: Jeanine Gall

A Unidos de Vila Isabel cantou na Marquês de Sapucaí, na madrugada desta segunda-feira (27), “O som da cor”, uma referência à participação e contribuição negra na música popular da América Latina. O desenvolvimento do enredo ficou a cargo do carnavalesco Alex de Souza.

Foto: Jeanine Gall

Ao longo dos preparativos para este desfile, você leitor pôde acompanhar as dificuldades financeiras enfrentadas pela azul e branca, desde o bloqueio jurídico de contas até mesmo possibilidade de ter sua quadra de ensaios interditada. Tais situações foram contornadas através de novos acordos entre direção e as partes, visando não prejudicar o andamento dos trabalhos rumo a este Carnaval.

No desfile desta madrugada a escola mostrou uma plástica bastante modesta: pode-se dizer que houve altos e baixos. Os carros alegóricos, por exemplo, mostraram soluções bastantes criativas e efeitos especiais impressionantes, mas houve um pecado visível: defeitos no acabamento. Quanto às fantasias, pode-se dizer que a agremiação cumpriu seu papel com maestria. Em suma, foi um desfile digno e que merece ser levado em consideração, dada a situação complicada da Vila.

Foto: Jeanine Gall

A comissão de frente, coreografada por Patrick Carvalho, trouxe o som dos tambores e fez uma alusão aos rituais afros. Em um tripé, brilhou a linda coroa da escola.

Foto: Jeanine Gall

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, representado por Amanda Poblete e Raphael Rodrigues, mostrou a fantasia “Realeza Africana”, mostrando a nobreza dos negros no “Novo Mundo”, a América.

Foto: Jeanine Gall

No abre-alas, um enorme navio negreiro mostrou a saga da raça que chegaria às Américas para contribuir positivamente com todos os segmentos culturais, inclusive a música. Com bastante movimento e em tom prata, o carro cumpriu muito bem seu papel dentro do tema proposto. Foi o elemento alegórico mais bonito e bem acabado do desfile da Vila.

Foto: Jeanine Gall

O segundo setor detalhou vários ritmos musicais. O segundo carro, por exemplo, relembrou o tango. Já o terceiro fez referência ao jazz e ao blues, este último que teria originado o gospel.

Foto: Jeanine Gall

Na quarta alegoria, o black music deu o tom. Fora relembrado aqui épocas de ouro das rádios, quando eram tocados vários sucessos , e ainda, os programas de televisão. Ainda neste setor, pôde-se ver o afoxé, o calundu e o axé, este último mais conhecido aqui no Brasil.

Foto: Jeanine Gall

O quinto setor lembrou ritmos ainda mais familiares a nós, como o chorinho, o jongo e claro, o samba. O sexto fechou relembrando o enredo “Kizomba”, quando a Vila foi campeã. A última alegoria retratou estilos musicais introduzidos no Rio de Janeiro, berço do samba e do Carnaval. Na visão do carnavalesco, houve neste momento “a festa da raça”.

Foto: Jeanine Gall
Foto: Jeanine Gall

Bateria é o maior destaque. Samba não teria funcionado

Alemão do Cavaco, comentarista do SRzd, deu sua opinião sobre o samba da Vila Isabel, entoado pelo intérprete Igor Sorriso:

Foto: Jeanine Gall

“O samba, muito bonito, era um dos melhores da safra, mas parece que não funcionou na Avenida. Quanto à bateria de mestre Wallan, posso dizer que veio com boa cadência e a cara da escola”.

Foto: Jeanine Gall

Hélio Ricardo Rainho, por sua vez, também fez uma ressalva sobre o hino e complementou suas impressões sobre o desfile no geral:

“Apesar de ter um dos sambas mais bonitos deste ano, não houve uma empatia do público. O enredo não possibilitou uma leitura fácil. Foi uma excelente realização nas fantasias, mas em alegorias, altos e baixos, algumas com problemas visíveis de acabamento, como elementos se descolando. A boa ressalva é que em momento algum o carnavalesco usou soluções recorrentes: pelo contrário, foi original em toda sua narrativa”, analisou.

Confira os vídeos com análises dos principais quesitos:

Bateria e carro de som: Alemão do Cavaco e Cadu Zugliani

Comissão de frente: Márcio Moura

Enredo, fantasias e alegorias: Hélio Ricardo Rainho

Foto: Jeanine Gall

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