Caveiras ‘mexicanas’ para celebrar o Dia dos Mortos no desfile da Viradouro

Caveiras 'mexicanas' para celebrar o Dia dos Mortos no desfile da Viradouro. Foto: Ramiro CostaA Viradouro era o “palpite certo” na lista das escolas de samba presentes no Desfile das Campeãs. Conhecida por sua inovação, uma forte bateria e um chão vindo de Niterói, mas que se sente em casa quando está no Sambódromo do Rio, a agremiação do bairro do Barreto tem aos poucos se afastado do seleto grupo das seis primeiras colocadas. Há dois anos longe do Desfile das Campeãs, a Viradouro aposta na dupla de carnavalescos Edson Pereira e Junior Schall e no enredo sobre o México para superar a fase irregular que a escola passa. Perguntado o que almejam conquistar após a apuração na quarta-feira de Cinzas, eles responderam sem pensar muito. “No título!”.

Vídeo: Carnavalesco explica o enredo da Viradouro

A confiança no trabalho de um e do outro é bem nítida durante a visita do SRZD-Carnavalesco ao barracão da escola. Os dois sabem milimetricamente o roteiro do desfile e em pouco mais de uma hora de entrevista, ficou evidente a amizade conquistada no período pré-carnaval. Sobre o enredo que tem como título “México, o paraíso das cores, sob o signo do Sol”, a dupla preferiu uma abertura que fugisse do óbvio.

–  Nós abrimos o carnaval falando das cores, para a gente ter subsídio e mostrar nossa proposta. Seria muito óbvio começar falando de civilizações. É um país que tem muita coisa pra colocar no papel. Falar do México não daria um enredo, mas sim vários – conta Edson, que entre seus trabalhos mais elogiados está o desfile da Unidos de Padre Miguel em 2008.

O carnavalesco Junior Schall também optou por tentar trazer uma nova leitura do enredo sobre o México para evitar comparações com outros temas parecidos, como por exemplo, o desfile campeão da Vila Isabel (Soy Loco por ti América: A Vila canta a latinidade), em 2006, que o próprio Junior ajudou no desenvolvimento, quando batia ponto no barracão da escola de Noel Rosa.

Se o assunto é cor, nada melhor do que chamar o gênio Diego Rivera e Frida Kahlo para pintarem o abre-alas da Viradouro. Logo depois, o enredo entra em seu momento histórico com o processo de auge e decadência das civilizações Maia e Asteca e a chegada dos espanhóis à América.

– Nossa segunda alegoria é o Calendário Asteca, o calendário da Pedra do Sol para depois chegarmos à invasão dos espanhóis. Temos então a figura do desbravador Hernán Cortez na terceira alegoria que traiu Montezuma (governante asteca) e iniciou a exploração da região.

Aliás, Hernán Cortez ganha uma grande escultura na terceira alegoria em forma de escorpião para simbolizar a sede pela exploração de riquezas minerais. Mas como diria o samba-enredo da escola “chegam piratas”, e eles entram na história em seus navios roubando ouro, jóias que os espanhóis levavam até Europa, passando pelo Mar do Caribe. No mesmo setor, a roupa da bateria ganhou inspiração de Hollywood, mais precisamente do filme “Piratas do Caribe”. Os ritmistas virão vestidos como se fosse o personagem principal da história vivido pelo ator Johnny Deep, o pirata Jack Sparrow.  – É o vilão que todo mundo queria ser – conta Júnior.

Sob o domínio espanhol por quase três séculos, catequizados e sem suas riquezas, o povo do Vice-Reino da Nova Espanha – nome antigo do México – exige sua independência. Para isso uma guerrilha foi instaurada no dia 16 de setembro de 1810, data que ficou conhecida como Grito de Dolores. Livres, é a hora dos mexicanos e da Viradouro comemorarem a cultura que segundo os carnavalescos é uma das mais preservadas do mundo. A cultura e os hábitos do povo estarão no quinto setor da escola. A ala das crianças terá uma fantasia bastante inusitada, que mereceu uma explicação detalhada do carnavalesco Junior Schall.

Confira como será a roupa da ala das crianças da Viradouro

No sétimo carro, é o momento de celebrar a vida através da morte, com muitas esculturas de caveiras estilizadas, usando trajes mexicanos. O Dia de Finados no México ganha literalmente o aspecto de festa no desfile que só termina na ala posterior, uma homenagem ao tricampeonato do Brasil na Copa do Mundo realizada no país de Rivera e Frida. Para encerrar o desfile, é a vez da fé do povo mexicano e sua devoção pela Virgem de Guadalupe entrarem em cena. A Santa terá uma representação cuidadosa para evitar qualquer tipo de polêmica e estará ao lado da velha guarda no último carro, recebendo a oração dos romeiros de Niterói para um grande desfile.    

Organograma do desfile da Viradouro

ABRE-ALAS – México, Paraíso das Cores 
2° Carro: Calendário Asteca
3° Carro: Invasão Espanhola
4° Carro: Piratas e corsários
5° Carro: Pirâmide (Monumento da Raça)
6° Carro: Aromas, sabores e cultura
7° Carro: Dia dos Mortos, celebração da vida
8° Carro: A Fé na Virgem de Guadalupe

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