Carnaval/SC: saiba quem foi Nego Quirido

Para quem não conhece a história do Carnaval de Florianópolis, e até mesmo para quem vive na cidade, já deve ter se perguntado sobre o nome da Passarela do Samba “Nego Quirido” com “i”.

A primeira pergunta que me levou a este post foi: Quem foi Nego Quirido? Logo depois, me surgiu a dúvida ortográfica da palavra Querido. Em uma breve pesquisa pela internet, encontrei uma pérola escrita por ninguém menos que Aldírio Simões na coluna do Jornal AN Capital em 8 de janeiro de 1999.

Convido aos leitores a conhecer um pouco mais sobre a história do nosso Carnaval.

Nota retirada do site AN capital – Coluna de Aldírio Simões em 08/01/1999:

Nego Quirido. Foto: Reprodução“Nego Quirido ou Querido?
O manezinho secretário de Turismo de Florianópolis, João Eduardo Amaral Moritz, jogou uma batata quente na mão dos sambistas e foliões, ao sugerir a possibilidade de um novo nome para a passarela Nego Querido. O assunto, desnecessário numa primeira análise, polemizou ao ganhar preciosos espaços na imprensa, e serve, pelo menos, para promover o Carnaval da capital, há pouco mais de 30 dias de sua realização.

A passarela, inaugurada em 89, na gestão Édison Andrino, poderia se chamar Pedro Medeiros, em homenagem ao vereador do Estreito, falecido na época. Pelo menos era esse o desejo de seus pares na Câmara. Na época eu coordenava o Carnaval e me insurgi contra a idéia, com motivos suficientes para contestar. Afinal, Pedrinho poderia ter o seu nome incrustado até em placa de cemitério – mesmo porque não perdia um enterro -, menos na avenida de desfiles, não tinha, efetivamente, nenhuma ligação com o espírito momesco, estava mais para beato do que para carnavalesco.

Como a passarela precisava de um nome para ser inaugurada, sugeri então, entre outras indicações, algumas absurdas, o nome de Juventino João dos Santos, falecido naquele período. Na época, a Secretaria de Turismo (Setur) e os senhores vereadores não souberam identificar “esse tal de Juventino”, passaram, porém, a aceitar a designação, quando esclareci que se tratava de Nego Quirido, fundador da Embaixada Copa Lord, frequentador assíduo do bar do Tazo, nos Canudinhos e revelou-se como o primeiro e mais competente cuiqueiro de Florianópolis.

Quirido ou Querido? Essa é uma outra polêmica que se arrasta desde a inauguração da passarela. Quirido, obedecendo o linguajar ilhéu, era como Juventino era conhecido, entretanto, a placa inaugural tinha o nome de “Passarela Nego Querido”, por obra de algum assessor politicamente correto. É essa a denominação certa do equipamento instalado na Prainha.

O plebiscito sugerido pela Setur para, se for do interesse dos carnavalescos, alterar o nome da passarela, é preciso saber dividir entre samba e Carnaval. Discordo da indicação de nomes como o de Zininho, Lagartixa, Rui Neves, pessoas que estiveram efetivamente ligadas ao Carnaval de rua, o primeiro como compositor de memoráveis sambas e marchinhas e os demais como foliões da praça 15.

A passarela deve ser batizada, se assim desejarem, com o nome de um sambista autêntico, desses nascidos no morro que desceram à cidade para mostrar o autêntico samba no pé. O nome mais expressivo do samba de Florianópolis, quase uma legenda, chama-se Abelardo Blumemberg, o Aves-Vouz, mais este continua vivo graças a Deus.

Quanto aos dirigentes falecidos que poderiam ser indicados, todos chegaram às escolas muito tarde, não nasceram dentro delas. Se a questão é merecimento, ninguém reúne mais méritos do que o passista João da Costa, filho de uma tradicional família de sambistas do morro da Caixa, com passagem por todas as escolas de samba de Florianópolis. Leitores, vereadores e mesmo os sambistas mais antigos irão questionar sobre esse tal João da Costa, e com uma certa razão.

João da Costa, no mundo do samba, era Tenente, um dos sambistas mais autênticos que conheci, pois, o seu samba estava no pé a na alma. Em nível de marketing, de promoção, não sei qual seria o menos representativo. O melhor mesmo seria a passarela continuar com o nome de Querido. Ou quem sabe Quirido, né?

Juventino João dos Santos Machado, mais conhecido como Nego Quirido, ou Nego Querido, foi um sambista e dirigente carnavalesco de Florianópolis. Fundador da Copa Lord, dá seu nome ao sambódromo da capital catarinense, a Passarela Nego Quirido.”

 

* Fonte: Na Avenida

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