Unidos de Franco da Rocha canta as insanidades do Brasil para o Carnaval Virtual 2020

A ESV Unidos de Franco da Rocha reforçou sua equipe e vem para seu 4º desfile no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual com o enredo “Cocanha um paraíso pra la do inferno – 520 anos de Brasil” de autoria do Carnavalesco Lucas Carneyro e revisão de Luise de Oliveira.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente: Maurício Pereira de Jesus
Carnavalesco: Ailton Duarte, Lucas Carneyro e Tiago Miranda
Intérprete: Júnior Dias
Diretora de Carnaval: Luise de Oliveira Rodrigues

 

ENREDO:

Cocanha um paraíso pra lá do inferno – 520 anos de Brasil

Autor: Lucas Carneyro e revisão de Luise de Oliveir

 

APRESENTAÇÃO 

“O processo de colonização da América portuguesa, assim como das demais áreas colonizadas pelos europeus, foi marcado pela complexa visão cultural e interpretativa dos conquistadores. O medo ou a fascinação pelo desconhecido fazia parte do cotidiano dos habitantes do chamado Velho Mundo. As descrições de viagens espetaculares através de terras igualmente sedutoras, tanto por sua rica natureza, como pelo encanto ou estranheza de suas populações, enchiam o europeu do século XV de uma já conhecida avidez por aventura. Portanto, este mesmo “aventureiro”, levou seus conceitos, sua estranheza, sua admiração, sua formação cultural, e principalmente sua fé para a nova e desconhecida terra. ”

“Os europeus dos séculos XV e XVI, principalmente os letrados, eram envolvidos por leituras de origem medieval ou clássica de grandes viagens por locais fantásticos e paradisíacos, como por exemplo, o Livro das Maravilhas de Mandeville, que era imerso pelo pensamento medievo, que mais tarde se somaria ao espírito aventureiro (SOUZA, 1986, p.22) no qual o próprio Colombo foi envolvido. ”

“Ao paraíso terrestre era dado o tom divino da graça de Deus que o aproximava mais da terra e o homem de sua presença. Para eles, a primeira evidência dessa proximidade estava na natureza exuberante, que o faria lembrar o Éden bíblico (…)”

(AS REPRESENTAÇÕES DO IMAGINÁRIO COLONIAL A PARTIR DOS RELATOS DOS COLONIZADORES) –  DOUGLAS C. RODRIGUES

 

 “Inegavelmente o mito situa a perfeição social no passado, está também encontra-se contida no futuro, devido à concepção cíclica do tempo, típica do pensamento mítico” (FRANCO JÚNIOR, 1992,p. 21)

 

Lenda

“narrativa de caráter maravilhoso em que um fato histórico se amplifica e transforma sob o efeito da evocação poética ou da imaginação popular”

Peço licença as fantasias, entidades, senhores donos da origem do meu país pra contar a face de minha terra que na origem a utopia já foi real e que hoje que afunda na lama das lamurias desse povo.

Me faço presente a contar essa história em teu pavilhão Unidos de Franco da Rocha.

 

Sinopse 

Setor 1-  Cocanha – A utopia medieval 

“Construído sobre três eventos que ocorrem paralelamente -Roma, o advento do cristianismo e a penetração dos germanos-, o período medieval surge com uma série de características ao mesmo tempo cristãs, romanas e germânicas. É a partir desse pressuposto que Hilário Franco Jr. analisa a fábula da “Cocanha”, poema francês de autoria desconhecida, cuja primeira versão escrita é do século 13. Paraíso alimentar, na Cocanha os telhados são de toucinho, as cercas de salsicha, o riacho de vinho. Lá, não é preciso trabalhar para viver, quem trabalha é preso e ganha mais quem mais dorme. O tempo é gasto em festas perpétuas e faz-se amor livremente..”

A idade média condenou a alegria, usurpou a liberdade, perseguindo quem nem se quer tinha males pra carregar, as trevas sucumbiram à nova era, a fogueira queimou mulheres e em pro da fé cristã.

O sonho foi o que restou para os filhos da esperança, ao fechar dos olhos surge do imaginário um novo Éden, contos de fadas dão fim as guerras e misérias do povo. A fantasia se mistura ao lendário e o paraíso se faz utopia batizando-se de cocanha .

Os porcos voam em entorno da fartura … riquezas para lotar os bolsos … amor pra quem e com quem quiser. 

A mítica cocanha se faz refúgio pra homens em busca da paz , mas será realmente só fantasia o pais do surreal.

 

SETOR 2 – Vai Virar Inferno – Miscigenados Sejam !

“Os exploradores que chegaram ao Novo Mundo acreditavam ter encontrado o Paraíso Terreal, perdido desde a época de Adão e Eva, ou pelo menos um lugar similar. Um paraíso que já não estava no Oriente, no centro do orbe, como era apresentado na cartografia medieval, e, sim, na quarta parte do mundo.”

“As terras referidas por Vespúcio em suas cartas integram elementos do Jardim do Éden do Gênesis e algumas das caraterísticas da Cocanha medieval.”

“Yobenj Aucardo Chicangana-Bayona”

América deu aos senhores do velho continente a ambição de encontrar a “paz “ou até mesmo o paraíso encantado, na fantasia lendária de que tudo poderia existir ali, entre o Éden e a cocanha foi escolhida fantasia que mascarou não somente nosso imaginário, mas sua historia dali em diante. 

Fazendo tal qual fosse o paraíso aos pés do início do inferno …

Da miscigenação o invasor lusitano veio derramar tons vermelhos pela terra … fazendo dele embriagado em suas lendas.

O acorrentar dos nativos não foi capaz de prender a força dos deuses das matas, nem mesmo das divindades que atravessaram o tumbeiro que veio do alto mar.

 

3 SETOR – A Falsa corte na terra tupiniquim 

“Muitos moradores, sob ordem de D. João, foram despejados para que os imóveis fossem usados pelos funcionários do governo. Este fato gerou, num primeiro momento, muita insatisfação e transtorno na população da capital brasileira.”

“Como a existência de um banco era novidade na colônia, talvez as pessoas preferissem investir o dinheiro na compra de escravos, terras e mercadorias.

Dos quatro diretores que o banco teve, três pediram dinheiro emprestado. Depois, para não pagar o que deviam, se declararam falidos.

Um dos tesoureiros roubou o banco e fugiu para os Estados Unidos levando consigo um dinheirão.

Quando D. João 6º voltou para Lisboa, em abril de 1821, levou no porão do seu navio todo o dinheiro que havia no banco.

As pessoas que tinham guardado dinheiro no Banco do Brasil ficaram sem nada. O banco acabou fechando em 1829”

“Rei Levou Dinheiro Do Banco Do Brasil – São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995”

 

Ao desdobrar do tempo, a colônia virou império, a fantástica cocanha foi dando tom aos abusos, ainda mais os folclores dessas terras e sem muito esforço a família real se uniu a fanfara … 

Onde o jeito brasileiro nasceu, viu-se a coca virar cuca, os príncipes e princesas dessa terra fazer da corte a palhaçada em meio suas mentiras de retrato para o povo.

Sem faltar a invasão de quem queria ser imperador, mas só conseguiu ser Rei Momo na festa desse país.

 

4 SETOR – Nova Idade Media – os monstros no poder 

Depois de um império tão falso quanto sua realeza foi a vez das republicas embarcadas em um “demônio do poder”, nas mãos de barões do café e senhores do leite, fazerem politicas pra controlar o domínio do paraíso e engatar de lá pra cá no declínio.

Quase tão perto da paz, mais próximo ainda do caos um homem surge entre os demais diabos dessa nação, um passo avante aos pobres, mais dois aos ricos, o poder fez o homem anti-herói como Macunaíma.  

Após o caminhar de alguns tempos, o avançar de uma nova idade média chega, aí sim lendas de monstros a assombrações encarnam vinte anos de mortes e torturas.  Assim foi se vendo, o boi negro trocar por falta de lugar a monarquia pela ditadura, eram caveiras pra todo lado, eram rios de sangue pra todo lado e desaparecidos (a todo lado).

“Depois da noite tem que surgir o dia, mesmo que seja a pior das noites e assim saímos do escuro breu para sairmos tontos a rumo ao mundo onde o perdão foi dado a quem não se quer teve misericórdia. ”

5 SETOR – O Paraíso em extinção  

No país fantástico que cocanha era, a beleza natural que emanava de sua terra foi uma das dadivas, mas com o tempo aquilo que foi invadido, também sucumbiu aos demônios, os rios secaram no sertão, viraram lama nas ribanceiras, poluídos em suas   nascentes e encontraram teus lendários guardiões quase mortos dentre o lixo que chega aos mares.

Na mata a de se ouvir um canto de agonia dentre as florestas queimadas, animais extintos. 

A ganancia do bicho homem devorou aquilo que há esperança não chegou a tempo de salvar, os desastres fizeram a terra desabar, o fogo engolir, o vento arrastar e água afogar. 

“Salve a mãe d’água, curupira, anhanga e todos os protetores do meu pais. “

 

6 SETOR – A Esperança na Cocanha!

Se o fim dessa epopeia chegou, chega a hora de me revelar em face de quem conta essa história mesmo que não completa, indecisa, inconclusa em verdades e futuro que não sei se caberão em mim Pindorama (Brasil).

“O senhor qual seja tua face dentre nós, proteja essa gente …
Quero ver o índio encarnar a coragem, o esplendor de Tupã.
Quero ver o negro guiado por Pai oxalá e rodeado da fortuna de Chico Rei.
Quero ver os gays, lesbicas e todo o seu arco íris viver a liberdade de ser do Boto Cor de Rosa.
Quero ver as mulheres retumbantes em direitos de fazer o que quiser como as Amazonas.
Ahó Ahó ser de tamanha fome, devora a intolerância, engole todo mal dessa terra.

Vamos carregando fardos, esperando com que avanços de todos os lados nos retirem da miséria, fazendo da esperança um ato suicida no meio dessa nossa gente que precisa ser mais gente, que tem que parar de crer em homens invisíveis, parar de cegar aquilo que nos tem dentro, para de fazer de conta que tem gente agonizando e morrendo nas ruas.

“Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade …
De amor e de esperança à terra desce …
Gigante pela própria natureza …
Verás que um filho teu não foge à luta”

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

Venha mostrar a sua arte e o seu dom compondo o samba enredo da Franco Da Rocha para o carnaval de 2020!

Atenção ás regras:

– O samba pode ser composto de um (1) ou mais compositores;
– O samba pode ter acompanhamento musical ou apenas á capela;
– Para a gravação é obrigatório o áudio ser no formato mp3 e possuir duas (2) passadas;
– Se faz obrigatório e letra do samba ser no formato Word;
– A escola por meio de uma avaliação interna, escolhera os sambas finalistas para voto popular;
– A obra deverá ser entregue no dia 18/04/20 até ás 0h, no email [email protected]

O GRESV Unidos De Franco Da Rocha deseja á todos os poetas uma boa sorte!

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