Primeira Estação do Samba divulga enredo e novo Carnavalesco para o Carnaval Virtual 2019

Primeira Estação do Samba divulgou essa semana novidades em sua equipe e seu enredo “O Primeiro na Primeira” para o Carnaval Virtual 2019.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente – Rafael Soares
Vice-Presidente – Tom Santos
Carnavalesco – Alex Carvalho
Diretores de Carnaval – Paulo Henrique e Lucas Guerra
Intérpretes – Léo Marques e Maykon Rodrigues.

 

‘’O Primeiro na Primeira’’

Apresentação

Esta é uma obra de ficção montada a partir de fatos ocorridos ao longo da vida de Maçu, sendo assim trata-se de uma história feita pela equipe de criação da agremiação, não tendo nenhum objetivo histórico-real.

Justificativa

O G.R.E.S.V. Primeira Estação do Samba traz a história lendária daquele que se dedicou até o fim à sua agremiação. Da fundação aos serviços gerais, o mesmo empenho e amor que hoje não é reconhecido nas dependências daquilo que ajudou a construir. Respeitosamente honramos sua memória e exaltamos aquele que também faz parte de nossas raízes. O primeiro mestre-sala estará presente na avenida. Com a mesma valentia que defendia o estandarte dos Arengueiros, o magistral bailado do baliza nos conduzirá nessa estreia. Que o ecoar do surdo nos traga a lenda Maçu, o primeiro na primeira.

Sinopse

Nasci… Mesmo sem pedir, sem ser perguntado, nasci. Dizem que sou uma lenda. Uma lenda que viveu, então, minha história vou lhes contar. Sou filho de negros que foram escravizados, sou negro nascido após a lei do ventre livre e abolição da escravidão, ambas assinaturas de uma falsa liberdade. A vida na zona rural era difícil, dei duro como lavrador até sair fugido de lá por conta de brigas de coronéis galhados por suas esposas com os trabalhadores. Procurei um lugar onde eu conseguiria viver tranquilo. Aquela vida da roça já não me agradava em nada, faltava vida, movimento… Encontrei Mangueira, uma favela onde tempos depois encontraria o maior amor da minha vida.

Mangueira era um lugar que, apesar de antigo, ainda estava em formação. A humildade do local me fascinava, todos viviam de forma simples na luta pelo pão de cada dia e, mesmo com todas as dificuldades e preconceitos dos engomados das regiões nobres, não abaixavam a cabeça para as turbulências da vida. A marca do morro era a alegria do povo, todo mundo sempre tinha um sorriso no rosto e gostava de uma festa. Lá conheci grandes amigos como Cachaça e Cartola. Certa vez decidimos que fundaríamos um bloco de carnaval, chamamos umas pessoas e assim nasceu o Arengueiros. O morro agora tinha seu representante na folia. Como nunca fui de levar desaforo calado e, modéstia a parte, era bom de briga, decidiram que eu seria o guardião do grupo. Aquele que ousasse me enfrentar para roubar ou rasgar o estandarte era apresentado à lâmina da navalha. Apenas um risco e ele jamais se esqueceria do bloco dos Arengueiros.

Cartola encaretou e achou que nossa festa precisava de novos rumos, veio com uma história de escola de samba pelo fim da baderna do carnaval que não demos muita bola no início. Depois de muita conversa e discussões chegou a hora do Arengueiros aposentar as navalhas. Não poderia imaginar que guardar a minha lâmina fosse dar início à Estação Primeira de Mangueira, a escola de samba do morro a qual sete pessoas fundaram: Cartola, Saturnino, Zé Espinguela, Seu Euclides, Abelardo da Bolinha, Paquetá e esse que vos fala. A escola nasceu no Buraco Quente, na casa de Seu Euclides, e ali talvez tenha sido o dia mais feliz da minha vida.

Por já ter defendido o estandarte do extinto Arengueiros, foi me dada a missão de ser o baliza na defesa do estandarte verde e rosa da escola. Cumpri minha função com orgulho, aquelas cores me encantavam e eu as defendia como se ainda usasse a navalha. Certa vez fomos desfilar em Engenho Novo e eu arrisquei uns passos novos, decidi que o baliza precisava ser mais imponente e não só defender a porta-estandarte, como também cortejar a bela dama que empunhava o estandarte. Eu não sei direito o que aconteceu, só sei que o falatório depois do desfile rendeu pelo resto do ano, era um tal de “figura imponente” pra cá, “postura e beleza” pra lá, “cortejo encantador”, até que chegou aos meus ouvidos que eu era o primeiro “mestre-sala”. Não sabia nem o que isso era, mas deixei passar. Os meus passos do desfile anterior foram tão falados que, no carnaval seguinte, muitas escolas adotaram o “mestre-sala” juntamente de suas porta-estandartes, agora porta-bandeiras.

Passaram tempos e eu percebi que aquela escola se tornou o meu maior amor. Era por ela que eu me levantava e ia trabalhar na carroça, pois sabia que ao final do dia eu iria ver as cores que pulsavam meu coração. Fui lavrador, carroceiro e estivador, mas a minha melhor profissão foi ser Mangueirense, pois ali eu me dediquei como nunca na minha vida, carreguei tijolo, ajudei a escavar e tudo por amor. Passei o então cargo que para mim sempre foi de baliza e decidi que era hora de presidir aquilo que amava. Fui presidente por 14 anos divididos em dois períodos: um de 8 e outro de 6 anos. Levei minha paixão a conquistar três campeonatos e nada me tira essa felicidade. Deixei a presidência e a escola começou a ficar cada vez mais famosa, a chegada da classe média à época passou a influenciar as coisas, a ostensiva presença dos intelectuais, grã-finos e imprensa inibia os baluartes da escola. Acho que por pena de tudo que ocorria me ofereceram a diretoria de patrimônio, depois o cargo de parlamentar da comunidade, mas recusei todos. A maior ofensa que passei dentro do templo sagrado da minha verde e rosa foi a tentativa de compra de toda a minha dedicação. Nunca fiz nada esperando recompensa, todo o meu suor dado pela escola foi pela minha paixão. Ali me entristeci, porém, jamais deixaria meu torrão.

Tornei-me zelador e cuidava dos banheiros da quadra. As pessoas passavam e não me reconheciam, não queriam mais conhecer a história do Arengueiros, da vida no morro, era uma nova fase. A escola se elitizava e não consegui me proteger disso. Comecei a adoecer, a tristeza que sentia ao ver o que minha escola, aquela eu fundei e ajudei a construir se tornava, ajudava a agravar a minha situação. A peste cinzenta me pegou. O eterno e marcante soar do surdo ditava meus últimos batimentos. Pouco a pouco a bateria foi se silenciando, quando percebi, o surdo também se calou e eu parti. Mesmo não querendo o choro e a vela, meus companheiros não conteriam as lágrimas em minha despedida. Meu único pedido era que o manto que escolhi como meu fosse posto sobre meu caixão e, ao som de tristes e saudosas palmas, fui atendido. Naquele momento todos que por mim passavam e nem olhavam meu rosto pareciam interessados em saber quem era o defunto ali sendo velado. Infelizmente, para eles era tarde demais, pois eu já não estava ali fisicamente para responder todas as suas perguntas.

E hoje vocês me chamam e dizem que eu sou uma lenda. Contei minha história e agora é com vocês. Honra-me saber que existem pessoas que ainda querem ouvir os mais velhos e conhecer a história. Jamais se esqueçam daqueles que os amam e se dedicam por amor ao pavilhão. Não vendam o amor de vocês. Assim como a minha história, a de vocês também será lembrada um dia. Honrem essas cores assim como eu fazia com minha navalha. Não deixem de sonhar com um futuro de glórias. Eu sou Marcelino José Claudino, negro, pobre e favelado, nascido na roça que se mudou para um morro, fama de encrenqueiro e briguento que defendeu o Arengueiros e fundou a Estação Primeira de Mangueira. Daqui do alto vejo uma juventude empenhada em construir a sua paixão e justamente me homenageando em sua estreia. Que toda força do memorável surdo guiem o seu destino. Com a minha benção, honrem a festa e façam o seu carnaval.

Um abraço, Maçu.

Idealizado por Victor Raphael
Escrito por Lucas Guerra
Revisado por Rafael Soares

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA

00Com a divulgação do enredo e sinopse, está aberta a inscrição de sambas para nossa disputa! Confira as REGRAS abaixo:

– Cada parceria deve conter até no máximo 6 compositores;
– Cada parceria ou compositor pode enviar quantos sambas quiser;
– A gravação pode ser feita apenas com voz. Não é obrigatório cavaco ou bateria pré-gravada;
– O áudio e a letra devem ser enviados para o e-mail [email protected] e/ou para os números de WhatsApp (21) 99699-5940, (21) 99357-8579;
– Será criado um grupo no WhatsApp para a tirada de dúvidas dos compositores;
– A data limite para o envio do samba é no dia 12/04/19.

 

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