LUPA Carnaval: o brilhantismo estético da primeira noite de desfiles do Grupo Especial Virtual 2020

Os desfiles do Grupo Especial do Carnaval Virtual tiveram início com as apresentações das primeiras oito escolas nesta sexta-feira. A série de análises elaboradas pelos integrantes da Liga Universitária de Pesquisadores e Artistas de Carnaval da UFRJ (LUPA Carnaval) investiga os desfiles de uma noite marcada pelo alto nível dos conjuntos visuais.

Abrindo os desfiles do Grupo Especial, a União da Gávea trouxe o enredo “São João Del Rey: a terra onde os sinos falam”, uma homenagem à cidade mineira. Com um início de desfile belíssimo e impactante, a escola não manteve o mesmo nível visual no decorrer da apresentação.

Segunda escola da noite, a Mocidade foi responsável por uma apresentação arrebatadora na defesa do brilhante enredo “Cordel da Independência de um Povo mais Valente que o Sol”. Com uma facílima leitura nas fantasias e em especial nas suas magníficas alegorias, a narrativa de exaltação à cultura nordestina teve uma execução irretocável na estética, que foi levemente superior ao seu competente desempenho musical.

Em seguida, a Nobreza da Baixada realizou uma bela apresentação com o enredo “Terra de Encantos”. Cantando em homenagem à Turquia, a passagem da escola foi correta, com destaque para algumas boas fantasias e sua maravilhosa comissão de frente.

Quarta agremiação a se apresentar, a Primeira Estação do Samba cantaria para a “Senhora Suburbana” em um desfile deslumbrante e carregado de referências à Festa da Penha. Além do conjunto visual de altíssimo nível e sem falhas, a escola contou com o melhor samba da noite, coroando assim o seu excelente desempenho.

Na sequência, a passarela virtual receberia o irrepreensível desfile da Imperatriz Itacoarense, que abordou o enredo “Por mares de águas e areias”. O mais grandioso conjunto alegórico da noite não comprometeu o excelente acabamento de toda a estética da escola, que surpreendeu também pelo bom gosto. O desfile primoroso contou ainda com um bom samba e uma impactante comissão de frente.

A Ponte Aérea foi a sexta escola da noite e impressionou na condução do magistral enredo “Cantares ao meu povo”, uma merecida homenagem ao poeta brasileiro Solano Trindade. A melhor narrativa da noite veio acompanhada de um belo samba e um e conjunto de fantasias e alegorias muito criativo e original.

Penúltima agremiação, a Independentes contaria a “História do Brasil, onde um certo amor não se pode dar nome”. A forte mensagem contra o preconceito do enredo contou com uma leitura clara nos aspectos visuais e um samba-enredo competente.

E encerrando a primeira noite de desfiles com chave de ouro, a Bohêmios Samba Club realizou uma exibição gloriosa narrando o grande enredo “Os moleques de Debret”. O belíssimo samba-enredo da escola foi a trilha sonora para o mais deslumbrante conjunto de fantasias e a melhor comissão de frente da noite. O bom gosto na combinação de cores e a boa utilização dos movimentos ao longo de todo o desfile também foram destaques muito positivos.

Em uma disputa impressionantemente equilibrada, as visualidades se destacaram nos oito primeiros desfiles do Grupo Especial. Dos efeitos virtuais à tradição dos traços manuais, os carnavalescos foram responsáveis, cada qual em seu estilo próprio, pela excelência estética na maioria das apresentações.

Texto elaborado coletivamente pelos pesquisadores da LUPA Carnaval (@lupacarnaval):

Gabriel Henrique Caldas Pinheiro (Bacharel e Licenciado em História pela UFRJ, professor, idealizador e pesquisador-artista da LUPA Carnaval)

Silvia Maria Monteiro Trotta (Bacharela e Licenciada em História pela UFRJ, integrante da Comissão de Carnaval da Império de Petrópolis e pesquisadora-artista da LUPA Carnaval)

William Santos Ferreira (Graduando em Biblioteconomia pela UNIRIO e pesquisador-artista da LUPA Carnaval)