Jóias da Coroa pergunta: O que você faria, se usasse a “coroa”? em seu enredo de estreia no Carnaval Virtual

O GRESV Jóias da Coroa apresenta seu enredo para sua estreia no grupo de acesso do Carnaval Virtual 2020. A escola propõe apresentar os atos de poder ao longo do século e questionar aos sambistas “O que você faria, se usasse a “coroa”?” com o enredo: “Você usaria a coroa?” de autoria do enredista Thiago Braga e do presidente Lourenço Marques , o logo do enredo foi confeccionado pelo presidente da agremiação Lourenço Marques e pelo carnavalesco Eduardo Alimena.

 

FICHA TÉCNICA:

Nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Jóias da Coroa
Cidade sede: Rio de Janeiro
Data de fundação: 02/09/2019
Cores: Vermelho, verde, dourado e branco
Símbolo: Rainha e Leão

Presidente e Enredista: Lourenço Marques
Carnavalesco: Eduardo Alimena
Enredista: Thiago Braga
Interprete: Cleverson D’Freitas

 

ENREDO:

Você usaria a coroa?

Autores: Thiago Braga e Lourenço Marques

O poder fascina a humanidade. Venha ele por direito divino ou pelo domínio, desde que o homem descobriu que podia viver em sociedade, tem erguido líderes que sozinhos, deveriam decidir os destinos dos povos e nações. Muitos destes líderes, ainda na Antiguidade, foram grandiosos e ainda hoje lembrados. Outros, déspotas cruéis, cujos atos de maldade ou incompetência mancharam para sempre a trajetória humana sobre a Terra. Neste carnaval virtual de 2020, a Jóias da Coroa faz a sua estreia, convocando os sambistas virtuais para o desenrolar deste enredo, que deslizará pelos caminhos formados pelos grandes e terríveis atos de poder ao longo dos séculos. Reis, rainhas, soberanos das mais diversas sortes serão lembrados para enfim nos trazer a pergunta: O que você faria, se usasse a “coroa”? Com o poder em nossas mãos, seríamos diferentes dos cruéis do passado? Ou grandiosos como os mais sábios e competentes?

Em eras longínquas, na Grécia Antiga, lembraremos o mito do terrível rei Licaão e seus mais de cinquenta filhos. Cruéis por natureza e com prazer em subjugar os mais fracos, receberam os deuses do Olimpo em seus salões, numa era em que estes ainda caminhavam entre os homens. Com perversão, serviram a carne de um de seus irmãos mais fracos para o banquete, causando a repulsa dos deuses e a ira de Zeus, ao descobrir o que havia ingerido. Amaldiçoados com a forma de lobo, tornaram-se então os primeiros lobisomens. Na Bíblia, lembraremos a humildade e a grandeza do pequeno Davi a derrotar Golias, tornando-se o mais virtuoso Rei de Israel, segundo o coração de Yeshua. Mais tarde, com Alexandre, o Grande, traremos a lembrança do poderoso Império Helênico por ele criado. Cleópatra descendente de linhagem iniciada após a conquista do Egito e a fundação de Alexandria, seria ainda uma das maiores estadistas da história. Ícone de beleza e governança, sua imponência a tornou lendária. Seus amores, Júlio César e Marco Antônio, foram imortalizados ao renderem-se aos seus encantos. Na Roma Antiga, Trajano erguia seu coliseu e distribuía trigo para o povo, para distraí-los com pão e circo. E enlouquecido pela própria corrupção, Nero viria a pôr fogo na Cidade Estado com um incêndio de proporções catastróficas.

No oriente, a China Antiga teria no trono a Imperatriz Wu Zetian, a única mulher a ocupar o Trono Imperial. D​urante seu reinado, o país viveria um de seus períodos mais pacíficos e culturalmente ricos, com a proteção da ciência e da cultura, que superaram a desconfiança que por ela sentiam os sábios, permitindo-na tornar-se uma das soberanas mais amadas. Na Idade Média, o mundo ocidental seria fascinado pela Lenda do Rei Arthur, e as origens da Grã-Bretanha seriam entrelaçadas com o próprio Pendragon e sua Excalibur. Assim como a beleza e bondade de Guinevere e a sabedoria de Merlin. A Europa tremeria com a Lenda de Vlad, o Empalador, e seus costumes que teriam apavorado os mouros invasores. Entre mito e realidade, o conde sanguinário seria reconhecido pelas lendas e identificado como o primeiro vampiro, Drácula. Na Rússia, Ivan, O Terrível, seria o fim de sua própria linhagem ao espancar a nora grávida e matar seu filho, motivado pelo fervor religioso. No Oriente, as mesmas chamas do fanatismo e o desejo de conquista lançariam as Cruzadas, travadas pelos desmandos do poder Papal às custas de vidas cristãs e muçulmanas. O Império Otomano, varreria a eurásia em seus avanços, derrubando até mesmo a grande Constantinopla. Eram tempos onde maiores eram os desmandos do que as grandes realizações.

Na Inglaterra, a crueldade de Henrique VIII ao assassinar suas esposas em busca de um herdeiro masculino o faria até mesmo romper com a autoridade da Igreja, para que pudesse casar ao bel-prazer. Sem saída, o destino entregaria sua Dinastia nas mãos de sua filha Elizabeth, uma das maiores monarcas britânicas. Na França, o Rei Luís XIV afirmaria ser o próprio Sol. Mais tarde, veríamos a queda de Maria Antonieta e sua Corte em Versalhes, que desavisados da situação do povo, esbanjaram em tempos de fome. Surgiria enfim Napoleão Bonaparte, ainda mais terrível que aqueles destronados. Um Imperador das cinzas. A rainha Amina poria toda a Nigéria aos seus pés, desposando um marido a cada batalha, escolhendo entre seus guerreiros alguém que pudesse deitar-se com ela por uma noite. Apenas para executá-lo no dia seguinte. No Império do Brasil, Dom Pedro I se casaria com Leopoldina, princesa austríaca que teria grande importância na declaração de independência de nosso país. A Imperatriz Leopoldina ficaria para sempre marcada na lembrança do povo por sua graça e por ter abraçado ao Brasil como o seu lar. Hoje, é ainda sinônimo de alegria e cultura através da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro.

Já na Modernidade, Zumbi ergueu sua voz contra a escravidão, reunindo no Quilombo dos Palmares um bastião cujo canto ecoou pelas veredas da história até os nossos dias, onde a luta contra a opressão ainda não terminou. Na Era Vargas, as reformas trabalhistas, políticas e econômicas e a implementação de uma revolução constitucionalista emprestaria a Getúlio o título de “pai dos pobres”. Na Alemanha, a chegada do Terceiro Reich ao poder traria ao mundo uma Grande Guerra, onde atrocidades seriam cometidas, com um número de mortes assustador. Mas na Índia, a iluminação de uma alma de luz traria exemplos de liderança e mansidão, quando Gandhi libertou o país do jugo inglês, sem erguer uma só arma. A humanidade sempre caminhou em linhas tortas, pois a evolução e a história jamais foi linear. Avanços impulsionam as civilizações, enquanto retrocessos ameaçam o nosso futuro a todo instante. O que faremos do amanhã? O que você faria, se usasse a coroa? Traria ao mundo um futuro de opressão, censura e desigualdade? Uma corrida nuclear? Uma nova esperança na semente de um amanhecer verde e sustentável? A igualdade entre os gêneros, raças e sexualidades? A liberdade religiosa?

Nosso enigma agiganta a necessidade de refletir e participar. Hoje, podemos escolher assumir a responsabilidade pelo curso da nossa espécie, pois as coroas do passado já não pesam sobre os ombros da democracia. Ainda é possível impedir os déspotas do futuro, libertando os oprimidos dos seus grilhões, a partir da transformação individual. Com um coração esperançoso e confiante, ainda que alerta, a Jóias da Coroa pergunta: O que você faria, com o poder em suas mãos?

​“Quase todos os homens podem suportar a adversidade. Mas se você deseja conhecer o verdadeiro caráter de alguém, dê-lhe poder…”

– Autor Desconhecido.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Escola encomendará a obra.

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