Império da Elisabete Rainha trás a Umbanda como enredo em sua estréia no Carnaval Virtual

Em sua estreia no Carnaval Virtual, o GRECESV Império da Elisabete Rainha irá cantar o enredo “Do caboclo a curandeira a Umbanda é genuinamente brasileira!” de autoria do presidente da agremiação Vinicius Casanova.

FICHA TÉCNICA:

Nome: GRECESV Império da Elisabete Rainha
Cidade sede: Paty do Alferes – RJ
Data de fundação: 14/02/2013
Cores: Verde, Preto e Azul turquesa
Simbolo: Coroa

Presidente: Vinicius Casanova
Carnavalesco: Vinicius Casanova
Direção de Carnaval: Hugo Salvado
Intérprete: Gefferson Fernando
Presidente de Honra: Elisabete Faria

 

SINOPSE:

“Do caboclo a curandeira a Umbanda é genuinamente brasileira!”

Autor: Vinicius Casanova

 

RESUMO:

“… A Umbanda é Paz e Amor; É um mundo cheio de Luz…” Em sintonia ao hino da Umbanda o Império da Elisabete Rainha buscará mostrar como a Umbanda tem perpetuado suas formas de culto desde o seu surgimento enquanto seguimento religioso. E, mais do que apenas mais um seguimento religioso, mostrar o porquê a Umbanda ganha destaque com o emblemático título de religião genuinamente brasileira.

 

JUSTIFICATIVA:

No tocante a Umbanda, buscaremos analisar, como ela tem construído seus Espaços políticos de culto e como tem se reinventado na criação de um patrimônio material e imaterial na perpetuação de sua ritualística. É importante salientar quais são os elementos imbricados nessa relação de uma religião que contempla não só a matriz africana com o Candomblé e a importação dos orisás (orixás). Todavia, a influência do Catolicismo, através do sincretismo religioso, do Kardecismo de Allan Kardec com a máxima de Caridade e Fraternidade e da Pajelança, ritos de magia e cura, que caracterizam sua base de fundamentação religiosa.  E a partir desses pilares entender a sua função enquanto religião e representação social.

Guias, Falanges, Santos, Curandeiros, Protetores, Mentores […] são alguns dos epítetos que Pretos Velhos, São Miguel Arcanjo, Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Exus e Pombagiras, Malandros e Ciganos e os Mentores de Luz acabam ganhando nos ritos de cura e caridade da Umbanda. Piedade daquele que nunca ganhou um baforado do cachimbo do Vovô Rei Congo, daquele que nunca rezou um “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!”; Daquele que nunca se fez arrepiar pelo brado do caboclo Ventania, do afago do Sr. Zé Pelintra e da cordial gargalhada de Mª. Padilha. E por que não exaltar a brasilidade da Umbanda?

 

ABERTURA

A historicidade da Umbanda começa em terras são-gonçalenses (São Gonçalo – RJ), com o saudoso Zélio Fernandino de Moraes e sua manifestação junto ao Caboclo das Sete encruzilhadas no ano de 1908. Diferente do Candomblé, a Umbanda é uma religião urbana influenciada pelas práticas religiosas de quatro pilares: o Catolicismo, o Kardecismo, a Pajelança e o Candomblé. Em meio a uma sociedade recém liberta da escravidão. A Umbanda surge num contexto aonde mais tarde, 1910, aconteceria à revolta da chibata que seria mais um episódio de punição e coação dos povos afro-brasileiros pós-abolição da escravidão (1888).

A Umbanda perpassará desde a sua instituição, o contato e a negativa com a FEB (Federação Espírita Brasileira), o sincretismo religioso como proteção de culto e a máxima de Caridade e Fraternidade por meio das consultas, banhos e sacudimentos orientados e receitados por seus guias e falangeiros que estariam sempre sobre a égide dos orisás (orixás).

 

SETOR 1: “La é vem São Miguel com a sua balança nas mãos, ele vem abrir os trabalhos ele vem abrir a sessão…”.

É a partir do Catolicismo de São Miguel Arcanjo, São Jorge, Santa Maria Madalena, N.S. da Conceição […] que a Umbanda ganha o seu viés Cristão.

É quase que missão impossível tentar entender o sincretismo religioso sem entender a formação socioespacial do povo brasileiro que tem início com o processo de colonização e consequente miscigenação, processo histórico repleto de misturas cultuais e étnicas. Em âmbito nacional conseguimos observar um emaranhado de matrizes religiosas: Judaísmo, Cristianismo Católico, Cristianismo Protestante, Cristianismo Espírita Kardecista, Islamismo, Budismo, Hinduísmo; Todas importadas junto ao processo de “ocupação” do território ameríndio. Aonde a Igreja apostólica Romana ganha primazia, pois, era unida a administração colonial. Tentando manter controle sobre a difusão e propagação das demais matrizes religiosas. Porém, como a religião é um fenômeno incontrolável do ponto de vista cultural e social, as crenças se difundiram na mesma proporção das miscigenações. Naturalmente foram surgindo cultos que misturavam os mais diversos tipos de tradições.  E por isso, faz da Umbanda a religião genuinamente brasileira, aquela que nasce da Fé sentimento abstrato e particular que faz o brasileiro o povo mais devoto do mundo.

 

SETOR 2: “…Foi na Umbanda que a minha Vida começo a melhorar…”

Os ritos e cerimônias da Umbanda, concebidas, como afro religiosidades são ressignificadas em espaços que reproduzem os elementos de uma África mítica, que sobreviveu ao tráfico negreiro no imaginário de seus descentes no Brasil. Cachoeiras, Rios, Matas, Praias, Encruzilhadas, a Calunga (cemitério), as estradas… passam a ter uma importante ressignificação por um povo perseguido e ludibriado pelas façanhas de uma falsa liberdade.  A Umbanda surge como a curandeira de um povo sofrido e castigado por sua baixa ascensão social. “…Foi na Umbanda que a minha Vida começou a melhorar…”. Foi na e com a Umbanda que os menos assistidos socialmente tiveram a oportunidade de enxugar suas lágrimas e pedir a Deux um pouco mais de dignidade, sem fazer distinção desse Deux. Que ora era Ogum, ora era Tupã, ora Era São Miguel Arcanjo, ora era André Luís.

 

SETOR 3: A pajelança – Ritual e cura. 

No seu ritual a Umbanda busca na Pajelança e nos poderes da Amazônia brasileira o dom de controle sobre os epítetos da floresta. A pajelança é uma forma de magia nativa da Amazônia, tipicamente indutiva, atuando sobre qualquer elemento vivo e mantendo estreita relação com os demais reinos da natureza: mineral, vegetal e animal. É praticada por curandeiros e curandeiras. Cabocla Jurema e Jandira,

Caboclo Mata virgem e Caboclo Rompe-Mato são alguns dos epítetos que a partir da influencia africana passam a ter correspondência de culto com os orixás negros africanos. A Umbanda assume uma vertente dentro da sua própria vertente, a Jurema Sagrada com a Pajelança Cabocla nascida do Nordeste e no Norte brasileiro, da cura pela Fé daqueles que buscam no segredo dos rituais da magia o acalento para o corpo e para a alma, resolvendo os problemas do cotidiano da comunidade.

 

SETOR 4: “…A Umbanda é Caridade, Amor e Fé…”

A Umbanda não é uma loja ou mercado aonde vamos para pedir e receber. Depende de nossa Fé e merecimento. Pedimos paz e equilíbrio no cumprimento de nossa missão aqui nessa “passagem”. Bem como, superar os pensamentos de desequilíbrio, de orgulho, vaidade soberba e ódio. A Umbanda é uma religião aonde cultuamos o Deus no sentido polissêmico dessa palavra. O Karma e os infortúnios da Vida terrena também fazem parte da regeneração a qual buscamos na evolução de nossas falhas com o auxílio do Divino. A filosofia de Kardec vem para coroar e completar a Umbanda e seus rituais. Nas buscas e comunicações com nossos Deuses (Orixás, Santos, Falanges e Mentores). Missão, Caridade e Fé.

 

BIBLIOGRAFIA:

MELO Emerson. Da natureza afro-religiosa: a (ré)significação espacial dos terreiros de Candomblé em São Paulo. São Paulo: Monografia apresentada ao Departamento de Geografia da PUC-SP, 2007.

VERGER, Pierre. Orixás Deuses Iorubás na África e no Novo mundo. 6ed, Salvador: Corrupio, 1981.

PEDRO, Domitilde Aparecida. Umbanda: Rituais de Amaci com Oferendas e Orações. São Paulo: Madras, 2017. 3ed.

Saraceni, Rubens. Código de Umbanda. São Paulo: Madras, 2018.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Pajelança: o Xamismo brasileiro. Et al. Blog Xamanismo. 05 de Julho de 2018. Disponível em https://www.xamanismo.com.br/pajelanca/. Acesso em Novembro, 2019.

PEDRO, Domitilde Aparecida. Umbanda: rituais de Amaci com oferendas e orações. São Paulo: Madras, 2017. 3ªed.

NAPOLEÃO, Eduardo. Vocabulário Yorùbá: para entender a linguagem dos orixás. Rio de Janeiro: Pallas, 2011. 244p.

O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Trad. de Manuel Justiniano Quintão. 57. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Qualquer integrante do Carnaval Virtual, incluindo os membros da escola, poderão participar do concurso;

– Não haverá limite de obras por compositor;

– Será permitida, a participação na disputa de samba, sambas concorrentes do carnaval real que não obtiveram consagração, devidamente identificado e autorizado pelos autores e coautores;

– A gravação poderá ser caseira com apenas a voz e o cavaco desde que se possa compreender a letra e a melodia;

– A sinopse estará disponibilizada na página do CAV e qualquer dúvida e para esclarecimentos entrar em contato com a presidência da ESV no contato a seguir;

– Enviem vossas obras para [email protected] em mp3 e letra no corpo do E-mail até o dia 05/04/2020;

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