Imperiais do Samba apresenta seu enredo para o Carnaval Virtual 2019

O GRESV Imperiais do Samba, uma das mais tradicionais agremiações virtuais divulgou a sua sinopse para o Carnaval Virtual 2019. Após o 9º lugar no grupo especial do carnaval passado, a escola buscará o título com o enredo “A serpente de Dan” de autoria de Mestre Imperial. Escola também apresenta sua logo do enredo.

 

FICHA TÉCNICA

Presidente: Wellington Kirmeliene
Vice-presidente: Tom Santos
Carnavalesco:
 Raphael Soares
Intérprete: Rodrigo Raposa


ENREDO


A serpente de Dan

SETOR I – PELAS ESCAMAS DE DAN

Os Olhos de Nanã refletiam águas e terra. Era o princípio de tudo que houve, há e haverá. A criação do universo e de nosso mundo estava em curso. A natureza se brotava conforme a Grande Mãe atuava.

Como em uma tela sem cores, todos os elementos naturais eram obscuros. O mundo estava em desarmonia por permanecer estático assim como cada elemento que formava o que seria conhecido por universo.

Para que houvesse equilíbrio universal surgiu  outro vodun: Dang-bi aquele que tinha por missão matizar (harmonizar) a natureza.

A enorme bola de fogo a flutuar no zênite pintou-se de cores quentes como vermelho e laranja. A luminosidade colorida e fulgurante iria iluminar e dar brilho à missão de Dang. Õran (sol)seria o farol das existências.

Utilizando os raios de Õran, Dang foi capaz de espelhar suas escamas multicores por todo céu, transpassando cada gota de água, por menor que fosse. O azul, de diverso tom, percorreu as alturas e escorreu pelo horizonte tocando as águas marinhas e oceânicas. Agora feito Dambala, serpenteou nas profundezas aquáticas gerando ventarolas. As ondas de Agbê – soberano do mar e do oceano – passaram a se mover e isto foi gerando peixes, algas… vida! Diversa e adversa vida!

O mundo estava colorido, em movimento e harmônico, porém faltava algo ainda. A humanidade, trôpega, desatinada e sem conhecimento, nascia do lamaçal de Nanã. Todos os seres humanos possuíam a mesma forma, sem individualidades. Movimentando-se incessantemente, Dang-bi utilizou de seu poder para então diversificar o Homem. Surgiu o feminino e o masculino.

Verdade: a humanidade nasceu pela diversidade!

 

SETOR II – SOB O SIGNO DE OUROBORUS

A cada instante os opostos se moviam na criação matizada por Dang. As dualidades que deveriam se opor e se neutralizarem, originalmente, atuavam em harmonia.

A morte e a vida…
A luz e a escuridão….
O masculino e o feminino.

Diante de tanta beleza na diversidade, alguns seres humanos entenderam que isso tudo só seria possível graças ao poder de uma entidade maior.

No grande ventre africano, pulsa então a crença em um ser encantado que teria dado cores ao mundo, movimento ao universo e equilíbrio a toda existência. Na cidade de Dan, coração do reino de Dahomé, assentou-se o culto àquela serpente. Nascia um culto ao plural e ao diverso.

Representando essa pluralidade, simbolicamente a serpente de Dang foi chamada de Ouroboros; era o princípio e o fim se devorando em um constante movimento harmônico e equilibrado. Entendia-se assim que tudo que houve, há e haveria estaria sob o signo de Ouroboros, a grande roda da existência.

 

SETOR III – CULTO SERPENTÁRIO  

E a grande roda da existência girou…

O culto à serpente de Dang se espalhou pelo continente africano gerando novas adorações e lendas. Pelos outros continentes, o culto à Dang se difundiu por meio da inclemente diáspora negra decorrida da escravidão. Levas e levas de africanos eram reunidos em embarcações que partiam da Costa da Mina. Mina de gente…

Mesmo quando os mares foram fechados ao comércio de escravos, de forma ilegal continuavam chegando mais a mais africanos que eram vendidos e revendidos aqui no Brasil. Foi por essa via clandestina que Ná Agotime, ex-rainha de Dahomé, acabaria desembarcando por aqui e, após longa procura território a dentro, reencontrou seu povo na província do Maranhão. Seria na encantada terra maranhense que se ergueria o culto aos voduns dahomeanos. Brotaram tambores de Mina… nasceu Querebentã de Zomadonu!

A Casa da Mina (Querebentã de Zomadonu) tornou-se o grande altar para adoração de antigos Voduns. A cada toque dos tambores, a cada oferenda depositada no solo, a cada festejo memorial, uma ancestralidade e uma espiritualidade eram saudadas e exaltadas.

O culto serpentário, em terras brasileiras, conseguia seu altar…
Agora, silêncio!
Os tambores de Mina vão ressoar!!
AHÓ GBÓ GBOY!! (Saudamos ao rei cobra!!)

 

SETOR Iv – QUANDO ROMPE OUROBOROS

O universo diverso e equilibrado sempre foi a grande prova do poder infinito e generoso de Dang-bi. Enquanto houvesse diversidade, a existência do todo não seria ameaçada.

Mas e se ouroboros parasse de girar e se rompesse?
E se o equilíbrio fosse desfeito?
O ser humano tentou colocar isso em prova…

Uma parcela significativa dos seres humanos, ao longo dos séculos, deixou de compreender a beleza da diversidade propagada por Dang. Tornaram o diverso um pecado tremendo. O diverso passou a ser perseguido, torturado, queimado, marcado com números e, por fim, quase exterminado.

E se depois de tantas tentativas enlouquecidas alguns seres humanos tiverem rompido o equilíbrio e o movimento mantido pela diversidade de Dang? E se Ouroboros tiver sido quebrado?

 

SETOR v – ECDISE

Sibila Dang-bí!
Rasteja Dang-bi!
Ouroboros não pode se quebrar!!

Dahomé toca seus tambores que reverberam do Querebentã no Maranhão para todos ouvirem!!

Poderoso vodun serpentário faz com que a humanidade se lembre de uma capacidade única que destes para ela! O poder de se dinamizar, harmonizar, se matizar pelas mais diversas cores! O incrível poder de se reinventar e mudar sua pele desgastada de intolerância!

Ecdíse!!

A pele opaca, leitosa que parte dos seres humanos carregam hoje, impede que se contemple a rica diversidade existente no universo. Como serpente, a humanidade precisa crescer e deixar essa velha couraça para trás.

Ecdise!!
Se espelha em teu semelhante!

Sim, podes saudar o Deus que habita nele, pois este carrega o mesmo sentimento de fé que tu carregas pelo Deus que habita em ti!

Não há cores masculinas ou femininas, cores certas ou erradas, civilizadas ou selvagens! Há mais que o preto e branco, que o azul e o rosa! Na pele transmutada há todos os tons de Dang-bí! Somos todos filhos do axé multicor da Serpente Arco-Íris!

Que se faça a grande ecdise dos homens!!
Que se façam grandes homens!!
Que haja reverência, festejo e renascimento  com raízes firmes, como as árvores ancestrais!
E que saibam todos:

Dentro de nosso peito, ali onde habita nosso coração – coração imperiano ou não – repousa a fagulha legada de Dang-bí e que nos permite mudar sempre que precisamos crescer. Ao redor de nosso coração reina também Dang´bí!

Em nosso peito está o eterno ninho da serpente!!
AHÓ GBÓ GBOY!! (Saudamos ao rei cobra!!)
“O jejê é a árvore, o chão pisado, a folha. O simples!” (Mejitó Marcos de Gbesen)

DISPUTA DE SAMBA-ENREDO 2019

Com a divulgação do enredo e sinopse, está aberta a inscrição de sambas para nossa disputa! Confira as REGRAS abaixo:

– Cada parceria deve conter até no máximo 6 compositores;
– Cada parceria ou compositor pode enviar quantos sambas quiser;
– A gravação pode ser feita apenas com voz. Não é obrigatório cavaco ou bateria pré-gravada;
– O áudio e a letra devem ser enviados para o e-mail [email protected] e/ou para os números de WhatsApp (11) 99335-4462 Imperial, (21) 99357-8579 Tom;
– Será criado um grupo no WhatsApp para a tirada de dúvidas dos compositores;
– A data limite para o envio do samba é no dia 10/04/19.

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