Deixa de Truque contará a história das Drag Queens em seu enredo para o Carnaval Virtual 2019

O GRESV Deixa de Truque divulgou a sua sinopse para o Carnaval Virtual 2019. Após o 14º lugar no grupo de acesso do carnaval passado, a escola buscará o título com o enredo “Super truqueiras!” de autoria de Murilo Polato. Escola também apresenta sua logo do enredo, criada por Caio Barcellos, carnavalesco da Nobreza da Baixada.

 

FICHA TÉCNICA

Presidente: Tiago Dion
Carnavalesco: Tiago Dion
Intérprete: Bia Quintino
Enredista: Murilo Polato

Super truqueiras!

– Mana, corre que a Deixa de Truque, a escola mais babadeira do carnaval virtual lançou seu enredo, e pode deixar que não é fake news!

A Deixa de Truque para o carnaval de 2019 apresenta o enredo “Super truqueiras!”, que possui como inspiração a série babadeira Super Drags, disponível na plataforma de streaming Netflix. O enredo está dividido em 6 setores e vai apresentar uma mescla entre a arte, as drag queens, a resistência LGBT e por fim, é lógico, as super drags, se joga com a Truque!

 

1º setor: A arte.

Como bem disse RuPaul, drag queen famosa dos Estados Unidos em sua música Born Naked: “We’re born naked and the rest is drag”. Em sua tradução: “Nós nascemos nus, o restante é drag”. Nessa música se mostra que todos nós nascemos iguais, porém, a cultura nos modifica, e nisso se inclui o seu estilo e a sua forma de se expressar, e isso também é drag. Drag, portanto, se refere a se expressar de forma livre o que você possui por dentro. Imaginem como uma metáfora a de uma pintura, em que o artista deseja expressar seus mais profundos sentimentos, mas, em vez de fazer isso em uma tela, o faz em seu próprio corpo, isso é ser drag, é expor para o mundo como somos.

 

2º setor: O início da arte drag.

Acreditem ou não, manas, mas, a arte drag era muito mais comum do que se imagina na história! O ato de se travestir – se vestir de características de outro gênero ou de se transformar nessas outras características – esteve presente tanto no teatro oriental, no Kabuki, como na arte cênica ocidental. No ocidental, encontramos no teatro grego momentos em que os homens interpretavam os papéis femininos. Eles se travestiam nesses personagens devido a realidade em que as mulheres não poderiam atuar. Durante muitos anos o palco teatral se tornou o local onde o ato de se travestir para interpretar um personagem feminino foi uma realidade, até mesmo no período shakespeariano.

 

3º setor: Drag é política.

Essa arte, porém, com o passar do tempo foi marginalizada e levada a lugares em que somente LGBTs frequentavam, como por exemplo, os clubes e boates em que eles podiam curtir em sua comunidade, que agora, em sua maioria, homens gays atuavam no ato de se travestir. Porém, por essa comunidade ser marginalizada, os clubes recebiam constantes ameaças, seja da sociedade civil, quanto de policiais. Um dos casos mais famosos é o de Stonewall, em que policiais foram tentar impedir seu funcionamento e drag queens, mulheres lésbicas e transgêneras foram as principais figuras que retiraram os policiais de lá. Esse é o marco de fundação do movimento LGBT no mundo, e o começo de uma resistência organizada em prol dessa comunidade. Mas, o século XX ainda traria muitas surpresas no mundo, com o aparecimento do HIV, LGBTs foram mais marginalizados e levavam a culpa pelo aparecimento da doença, sendo chamada de uma “peste gay”. Mas, os LGBTs muito lutaram para não serem identificados como doentes e para cuidar de quem estava com essa doença. No final desse século dois marcos importantes para os LGBTs e especialmente para as drag queens surgiram, o filme Priscila, a rainha do deserto e o crescimento de RuPaul como uma famosa drag queen, mostrando ao mundo que é normal ser LGBT.

 

4º setor: A arte drag no Brasil.

No Brasil, assim como no mundo, os LGBTs tiveram que superar esses percalços para se manifestarem, sendo nos anos 70, período em que a liberdade ainda era sufocada, o início do aparecimento de destaques LGBTs no Brasil, como por exemplo, no espetáculo Dzi Croquettes, em que esse grupo utilizava-se da arte para questionar e criticar a ditadura militar, com coreografias, maquiagem forte e as roupas femininas em muitos atores homens. Nesse período também aparecem as primeiras organizações LGBTs, como por exemplo, o Jornal Lampião da Esquina e o grupo SOMOS.

No final do século XX vivíamos no Brasil a redemocratização e, com isso, o aparecimento de clubes LGBTs, com é claro, elas, as drag queens, esse é o período em que a noite brasileira recebia a presença de Silvetty Montilla, Nany People, e outras comediantes que nos abrilhantavam com seus shows.

 

5º setor:  A arte crescente no mundo.

No século XXI vivenciamos um crescimento da arte drag no Brasil e no mundo. Aparece o programa RuPaul’s Drag Race, em que drag queens tem a missão de cumprir desafios para ganharem o título de nova superestrela drag queen. Um programa cheio de babado, confusão and gritaria. No Brasil aparece Glitter – Em busca de um sonho, o primeiro programa inspirado nesse reality show, no Ceará. E, no mundo da música explodem Aretuza Lovi, Glória Groove, Lia Clark, Mulher Pepita, e ela, claro, que sempre vai longe demais, Pabllo Vittar.

 

6º setor: Super Drags!

A Netflix então vendo o crescimento do público que acompanha drag queens anuncia a primeira animação com essa temática no Brasil. Nesse programa, somos apresentadas a 3 super-heroínas: Safira, Lemon e Scarlet, que além de serem drag queens carregam junto de si outras bandeiras de luta, contra a gordofobia, os padrões de beleza e contra o racismo, e essa obra brasileira rompeu fronteiras e chegou até a Netflix americana.

As Super Drags têm um importante papel de representatividade LGBT, algo crescente, porém, muito em falta ao se observar a pouca presença de personagens LGBTs nas séries, filmes e mídia, e nos mostram como uma metáfora que a luta LGBT é constante, que sempre temos que enfrentar o dia a dia. A série, portanto, apresenta-se como uma resistência na luta contra o preconceito, por serem esses temas por ela trabalhados ainda muito atuais. Ninguém solta a mão de ninguém! E vamos a luta.

 

Referências Bibliográficas:

AMANAJÁS, Igor. Drag queen: um percurso histórico pela arte dos atores transformistas. São Paulo: Revista Belas Artes, v. 6, set. 2014.

SIMÕES, Júlio; FACCHINI, Regina. Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Perseu Ábramo, 2009.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA

– Escola encomendará a obra.

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