Conheça o enredo do Império do Progresso para o Carnaval Virtual 2020.

A SRESV Império do Progresso anunciou nesta segunda seu enredo que disputará o Grupo de Acesso do Carnaval Virtual 2020: “Tupinambá”.

 

JUSTIFICATIVA

“Nós não somos donos da terra, nós somos a terra”

Casé Tupinambá

A Sociedade Recreativa Escola de Samba Virtual Império do Progresso, sem deixar se abater pelas adversidades passadas, ergue outra vez a sua bandeira e retorna à passarela do samba virtual.

Para o Carnaval Virtual 2020 cantaremos um dos povos mais tradicionais da história do Brasil, iniciando também a celebração dos 20 anos de reconhecimento dos seus herdeiros nas terras indígenas de Olivença no estado da Bahia. É chegado o tempo da grande retomada!

Este enredo é um canto de resistência pela ancestralidade indígena brasileira que vem sendo dilacerada desde a invasão destas terras. Através da arte carnavalesca virtual renascerão mitos e tradições deste povo, reafirmando em glória, os valores seculares pintados no corpo ameríndio.

Passaram-se cinco séculos, tantas luas e muitas marés, mas, a alma vermelha persistiu e insistiu. É chegado o tempo de reescrever essa história, reafirmando os valores indígenas para que não nos tornemos órfãos da nossa identidade original. É tempo de reescrever a história com as penas dos cocares, penachos e diademas celebrando a resistência e o direito de ser e existir como índio.

Lutaremos contra o etnocídio!
Lutaremos pela terra!
Não seremos silenciados!
O Brasil é índio!
Nós somos:
“Tupinambá”

 

SINOPSE

Escuridão! Foi então que um facho de luz cruzou o infinito e Monã surgiu resplandecente em sua magnitude divina. Muito antes deles serem quem são!

O raio de luminescência primitiva emoldurou o negro universo com estrelas de faíscas siderais, Coaracy surgiu imponente abrasando a primeira manhã e Yacy trouxe seus raios de prata para iluminar a noite. Eis o dia da criação!

Yby, a terra-mãe, estava pronta para germinar a vida. O espetáculo iniciou com as águas que desceram formando rios e mares. As plantas fincaram raízes, germinaram e floriram. Os animais tingiram a floresta com sua miríade de cores. Entre planícies, serras e montanhas festejava a natureza o sopro da vida.

“[…] A flecha errante no céu disparou
Cravando no ódio que o branco espalhou
Em busca da estrela brilhante da paz
Começa a lendária odisseia dos Tupinambá […]” ¹

Monã legou aos seus descendentes o bem-querer e o cuidar da terra, os primeiros ergueram-se altivos e exímios guerreiros, foram chamados de Tupinambá e habitaram as extensas faixas do litoral paradisíaco.

A terra era um bem comum a todos, dela era retirado o sustento de toda aldeia e o Maracanandé era o rito que expressava a gratidão dos índios. Os tuxauas ao centro do terreiro comandavam as danças extasiantes quando os tambores e o coração da terra pulsavam uníssonos na comunhão entre o ser humano e a natureza.

“[…] Guerreiros, é chegada a hora
Botai o corpo no chão
Elevai teu espírito
Levantai as bordunas
Fazeis a farinha sagrada
Para a longa caminhada […]” ²

Passada tantas luas de harmonia, um dia a paz lhes fora tomada de assalto. Velas brancas apontavam o norte desconhecido trazendo o kariwa, que, deitou seus olhos de cobiça sobre este solo sagrado. Profanaram ritos, destruíram aldeias, silenciaram o povo da mata.

Quem sobreviveu partiu para a longa caminhada. Lunações guiavam o seu destino com pegadas encravadas nas areias, e mesmo levadas pelas ondas, não apagavam o desejo de encontrar uma nova morada. Foram muitos, de tantos que eram, parecia uma sublime migração de borboletas.

A longa caminhada levou os Tupinambá até um ermo desconhecido. Tudo era diferente na imensidão da floresta que se agigantava como um grande labirinto de mistérios. Pelos caminhos da mata outros olhos espreitavam no breu da noite, por todos os cantos a floresta era viva, e essa manifestação da vida se revelou em forma de Kaasy, a mãe da mata, adornada em orquídeas e samambaias, acolhendo a tribo em seu seio verdejante.

“[…] Das entranhas da mata os bravios
Belicosos valentes rivais
Desafiais, com honra lutai
Com fúria enfrentai, tua força mostrai […]” ³

No coração da grande floresta os Tupinambá se separaram, ergueram suas novas aldeias ressignificando sua vida, tradições e ritos. Das lutas pela posse de terra surgiram os conflitos intertribais ou até mesmo com a chegada de outros kariwas.

Quando vitoriosos nas suas disputas, os Tupinambá rendiam ao inimigo capturado a última honra por sua valentia. No rito de antropofagia tribal, somente o cativo que não temia a morte era digno de tal honraria. Amarrado com a muçurana era arrastado pelo ventre ao centro do terreiro para ouvir a sentença:

– Por ter ceifado a vida dos meus irmãos, tu pagarás com a vida. A serpente do vale e as feras da noite virão, a ave de rapina será o teu algoz!

O troar dos tambores na aldeia, o cauim alucina. O Ibirapema é erguido, é chegada a hora do golpe mortal. O clã de Abá saciará a sua sede de vingança, lacerado e moqueado, o banquete traz as forças para as próximas batalhas. É o triunfo Tupinambá!

“[…] Segue firme o caminhar
Marcha, avança, força, anda
Nem a morte os vencerá!
Tupinambá!” ⁴

Por algum tempo os Tupinambá resistiram, mas, não foi suficiente. Outras nações sofreram com a tirania dos que nunca conseguiram compreender o que é ser índio. Os olhos teceram lágrimas por aqueles que sofreram a dor da escravização indígena, outros tantos que verteram seu sangue vítimas do etnocídio e por quem ainda luta bravamente contra a exploração indevida que polui rios e acinzenta o manto verde da terra.

Bravamente o povo de alma vermelha persistiu e insistiu através dos tempos. Do arco e flecha à luta por direitos, a esperança de cada índio espalhado pelos quatro cantos desta país foi fortalecida. A resistência viu cicatrizarem as marcas de séculos de invasão, vilipêndio e abuso com as conquistas sociais, o respeito às suas tradições e o direito de serem tão brasileiros quanto qualquer outro cidadão.

No brilho do novo milênio Monã iluminou outra vez os céus com a mesmas estrelas de faíscas siderais do dia da criação, afinal, os seus herdeiros ainda estavam vivos nesta terra. Então Yby floresceu sementes do futuro em Olivença fazendo renascer o orgulho de ser índio na retomada Tupinambá!

Contra o genocídio, o etnocídio e a exploração indevida!

Pelo direito de ser índio!

Ninguém silenciará o canto ancestral,

Canta índio do Brasil,

Avante, TUPINAMBÁ!

“[…] Suplico pela minha paz!
Caraíba
Não silenciarás
O nosso canto ancestral!” ⁵

 REFERÊNCIAS

¹ Boi Bumbá Caprichoso – “Odisseia Tupinambá” – Autores: Hugo Levy, Silvio Camaleão, Neil Armstrong

² Boi Bumbá Caprichoso – “Em Busca da Terra Sem Males” – Autor: Ronaldo Barbosa

³ Boi Bumba Caprichoso – “O Cativo” – Autor: Ronaldo Barbosa Júnior

⁴ Boi Bumbá Caprichoso – “Tupinambá, a Conquista” – Autores: Carlos Kaita, Adriano Aguiar, Romildo Freitas, Roberto Soares, Alexandre Azevedo

⁵ Tribo Munduruku – “Não Silenciarás o Nosso Canto Ancestral” – Autor: Sebastião Júnior

MACHADO, Ricardo . “Nós não somos donos da terra, nós somos a terra. Entrevista Especial com Casé Angatu Xukuru Tupinambá”. Por Ricardo Machado em 31 de janeiro 2019. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/582140-nos-nao-somos-donos-da-terra-nos-somos-a-terra-entrevista-especial-com-case-angatu-xukuru-tupinamba Acessado em 17/11/2019.

SANTOS, Jamille Macêdo Oliveira. “Os Tupinambá entre os alcances e os limites da colonização”. Biblioteca Virtual Consuelo Pondé. Disponível  em http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=273 Acessado em 18/11/2019.

MÉTRAUX, Alfred. A religião dos tupinambás. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979. Disponível em https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/40/1/267%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf  Acessado em 20/11/2019

Politica Indigenista. Museu do Índio. Disponível em http://www.museudoindio.gov.br/educativo/pesquisa-escolar/241-politica-indigenista Acessado em 21/11/2019

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA

– Sambas até 22/01/2020

– Sem número máximo de compositores ou obras (solo ou parceria)

– Letra entregue em documento WORD e gravação (não precisa base ou gravação profissional)

– email de entrega: [email protected]

– Dúvidas podem ser enviadas pra fanpage da escola https://www.facebook.com/imperiodoprogresso/

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