Conheça o enredo do Gres Saudade para o Carnaval Virtual 2020

A ESV Gres Saudade apresentou hoje a sinopse do seu enredo para a disputa do Grupo de Acesso do Carnaval Virtual 2020, a escola que reforçou sua equipe com novo carnavalesco e intérprete apresentará o enredo: “Engula-me com o mar do seu olhar tal como Quebradeira” de autoria do carnavalesco da escola Cleiton Almeida.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente: Ricardo Hessez
Carnavalesco: Cleiton Almeida
Intérprete: Diego Alves

ENREDO:

Engula-me com o mar do seu olhar tal como Quebradeira

Autor: Cleiton Almeida

As Memórias são imagens moradoras do invisível, figuras mitológicas, fantasmagóricas, que nos provocam com sopros ásperos quando ignoradas, mas que fogem e se camuflam, deixando apenas rastros, quando perseguidas.

Se não fossem essas criaturas, nada seríamos. Viver sem lembrar seria apenas existir. As Memórias nos permitem construir sentidos, tecer significados. Seres que em suas corporeidades próprias são sensíveis ao afeto. São afetadas e afetam.

As Memórias, como todos os seres, requerem cuidados. Para viverem sadias, precisam ser curadas. Às vezes, o melhor zelo é deixar algumas partirem. Memórias antigas, forradas a poeira e teias de aranha, amigas de traças e cupins, podem perturbar uma mente frágil.

Cada sujeito alimenta suas Memórias com aquilo que possui no coração. São Bento de Matacavalos, sujeito de pouca fé em si e devoto da calmaria, envenenou as dele com suas próprias inseguranças. Firmado na orla litorânea, transformou sua mente em um calabouço.

Memórias sombrias são capazes de condenar até mesmo um grande amor.

Por sua vez, Capitolina Quebradeira é uma entidade cujos olhos desconhecem o marasmo. Seu olhar é como o mar violento que lança suas ondas para devorar aquilo que encontra na superfície. Não é dada a amores mansos. Só ama quem se dá ao afogamento de uma maré visceral.

Quem não tem estruturas para lidar com tal intensidade, fica de longe a observar. É o caso de São Bento de Matacavalos, que ama com o domínio dos pés no chão, mas que se apaixonou pelo oceano sem fundo. A impossibilidade de controlar Capitolina Quebradeira adoece suas certezas. A mente insensata e o coração chagado de quem imagina o mergulho de um corpo antônimo ao seu pelos olhos da amada, enquanto a insegurança o enraíza na terra, não resistem à covardia. Já não consegue mais entrar no mar que outrora achara ser seu. Restam apenas as Memórias, que são envenenadas a cada segundo que o amante cogita a cena. .

Iradas, a mando de São Bento de Matacavalos, as Memórias acionam o Tempo – o supremo regente. O Tempo, então, cerra os olhos de Capitolina e a engole! Ela é condenada a viver no estômago de um sistema que aniquila os desejos de seu corpo.

Contudo, Capitolina Quebradeira é manifesta! O que não era sabido pelas Memórias e pelo Tempo é que debaixo de sua língua ela carregava uma navalha – a potência de uma existência revolucionária. Com um só gesto, o estômago é dilacerado em múltiplos sentidos. A construção temporal e as rememorações que a guardavam tornam-se ruína. A luz de uma era nascente abriu novamente os olhos de Capitolina, que tragou o passado para, no refluxo, instaurar uma nova ordem.

A entidade construiu uma alegoria do amor dentro de seu próprio corpo. Sua pele transformou-se em um espelho caleidoscópico para que outros corpos possam enxergar suas imagens refletidas nele. Foram-se as Memórias intoxicadas por pensamentos arcaicos e filosofias caducas. É o momento de Memórias saudáveis serem criadas, alimentadas com pluralidades vivas e afetividades horizontais. Memórias que cultivem em si a magia do amor cuja confiança é suficiente para se lançar ao mar.

Assim como Capitolina Quebradeira, só queremos amores de noites quentes, de marés altas e de bebidas fortes. Amores que, ao amanhecer, nos encarem com olhos de ressaca.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Escola encomendará a obra.

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