Amazônia Amor e Samba traz o Apocalipse Xamânico em sua estreia no Carnaval Virtual 2020

O GRESV Amazônia Amor e Samba apresenta seu enredo para sua estréia no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual 2020. A escola cantará o enredo: “Apocalipse Xamânico” de autoria do carnavalesco da agremiação Eglisson Gomez.

 

FICHA TÉCNICA:

Nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Amazônia Amor e Samba
Cidade sede: Manaus
Data de fundação: 20/03/2020
Cores: Verde, Preto e Branco
Símbolo: Onça Pintada

Presidente: Tiago Assunção dos santos farias
Carnavalesco: Eglison Santos Gomes
Interprete: Robson Mariano

 

ENREDO:

Apocalipse Xamânico

Autor: Eglison Santos Gomes

Os brancos não sabem segurar o céu em seu lugar. Eles também acabarão morrendo
(Davi Kopenawa)

 

Na descoberta do Brasil, calcula-se que 4 ou 5 milhões de índios viviam aqui, divididos talvez em 1.400 tribos ao longo do território nacional. Hoje são pouco mais de 200.000 em torno de 200 sociedades, menos de 10% que eram na chegada dos descobridores.

 

Descobrimento ou invasão?

A história do índio brasileiro seguiu um rumo de tantos outros povos nativos subjugados de forma cruel à cultura do mundo branco ocidental. Cinco séculos depois, o pouco que restou daquela sociedade diferente, que descobridores e colonizadores não conseguiram entender e aceitar, tenta se organizar para garantir a sobrevivência.

As fronteiras indígenas ainda não se tornaram barreiras para exploração branca que continua invadindo as terras indígenas em todo o território nacional, muitas vezes sendo ameaçados pelo fogo de grandes queimadas em fazendas adjacentes e encurralados por madeireiros e garimpeiros que só deixam um rastro de destruição na busca pelo ouro e outros minerais.

Os índios brasileiros estão definhando em suas crenças, têm um fardo pesado pela frente, muitos estão ainda na busca para descobrir a subsistência, precisando aprender ou reaprender a própria língua, atrás de uma ideologia cultural que está se perdendo ou que já foi perdida entre os que migraram para a cidade e se transformaram em índios urbanos, uma “gente” sem rumo e ainda mais pobre. Os que ficaram nas aldeias não podem se preocupar apenas com a caça ou pesca precisam refazer vida, por isso procuraram nos espíritos da floresta o pedido de paz, futuro e proteção da natureza. Através de seu líder espiritual essas mensagens foram recebidas e transformadas em um livro intitulado “A queda do céu” de Davi Kopenawa e Bruce Albert.

 

A obra “A queda do céu”

É um modelo inovador de produção textual que retrata a vida do narrador (Kopenawa), desde sua iniciação religiosa até alcançar o ápice como líder Yanomami. O narrador cita em diversos momentos do livro que ele, xamã da tribo, e outros antigos xamãs mobilizaram os espíritos para que a floresta permanecesse em equilíbrio. O povo Yanomami é descrito como protetor e guardião da floresta e responsáveis por assegurar que o céu permaneça em seu devido lugar.

Para os ameríndios, as almas estão além do corpo, presentes não exclusivamente nos seres humanos, mas em todos os seres, ou seja, os animais também seriam humanos e suas atividades estão associadas a características e modos dos humanos, porém se expressam e veem de forma diferente, caracterizando uma cultura e um multinaturalismo. Os Yanomamis acreditam em seres visualizados pelos xamãs, que são imagens dos espíritos, animais ancestrais das florestas ou humanos imortais.

De acordo com os Xamãs, a Terra é um lugar cheio de Xapiris e outros espíritos, porém quando o homem inventou a escrita e o comercio deixaram de ouvir e de se comunicar com esses antigos espíritos, que sem comunicação voltaram para as montanhas onde habitam. De acordo com a cultura Yanomami, sem a comunicação com esses espíritos, estamos mais propícios a desastres. Apenas os Xamãs tem a habilidade de chamar os Xapiris afim de conter seres maléficos do mundo e combater epidemias (Xauaras). Caso o homem branco, o povo da mercadoria extermine os Yanomamis, os espíritos fugirão para sempre e a Terra ficará a mercê do caos.

O povo Yanomami tem sua própria visão sobre a floresta amazônica, diferente da sociedade capitalista, que considera a floresta amazônica como uma mercadoria, provocando seu desmatamento. Para os Yanomamis, a floresta é um lugar sagrado onde praticam rituais que favorecem a preservação da floresta, compartilhando direitos e deveres. Vale destacar a difícil saga do índio na Amazônia provocado pelos primeiros projetos em busca do progresso conhecido como tempos de chumbo, massacre e genocídio de comunidades indígenas.

A obra é um aviso e um diagnóstico sobre nosso mundo, alerta para a poluição das águas e a destruição das florestas, tendo como futuro inevitável um trágico desfecho onde somente uma mudança improvável e radical de nossas atitudes mudaria o final dessa história.

 

O Líder

Davi Kopenawa Yanomami é um dos raros líderes indígenas, assim como Xama Raoni, Álvaro Tucano e Jorge Tereno, a assumir a dianteira da batalha pela defesa dos direitos dos povos nativos do Brasil. Como fizeram Ajuricaba, Cunhambebe, Conory, Ararari, Arariboia, Maroaga, Matifaro, Moacará, Karipuna, Chipaio, Tururucari, que travaram batalhas em defesa de seus povos.

O líder espiritual e político Kopenawa, cumpriu uma longa jornada em Brasília e na ONU (Organização das Nações Unidas) para conseguir a demarcação de terras Yanomamis.

 

Quem é Davi Kopenawa?

Xamã e porta voz dos índios Yanomamis do Brasil, nasceu em 1956 em uma comunidade isolada no norte da Amazônia, perdeu sua família em uma epidemia de rubéola aos 11 anos. Vinte anos mais tarde viu milhares de garimpeiros, em busca de ouro, invadirem as terras Yanomamis, causando a esse povo ameaça a extinção. Desde então, Davi Kopenawa se ergue em uma luta ao redor do mundo, onde é reconhecido como um dos maiores defensores da Amazônia e de seus primeiros habitantes.

Em 1988, Davi recebeu o “Global 500 Award” das nações unidas e o “Right Livelihood Award” em 1989, considerado o Prêmio Nobel alternativo. Em 1999, recebeu a “Ordem do Rio Branco” e em 2018 recebeu uma menção honrosa especial do “Prêmio Bartolomé de Las Casas” outorgada pelo governo espanhol pela sua luta em defesa dos povos autóctones das Américas.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Escola encomendará a obra.

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