Altaneiros do Samba invade o nordeste na Edição Especial do Carnaval Virtual

O GRESV Altaneiros do Samba apresenta seu enredo e samba inéditos para a Edição Especial do Carnaval Virtual que acontecerá nos dias 14 e 15 de fevereiro. A escola cantará a região nordeste do Brasil com o enredo: “A Altaneiros invade o Nordeste”.

O Presidente da escola Cecel contou que a escola decidiu participar da Edição Especial por acreditar que “será um momento marcante, tanto para o carnaval virtual quanto para o carnaval real. Com essa importância e representatividade, nossa Altaneiros não poderia ficar de fora!”

O enredo é de uma temática na qual o carnavalesco da agremiação, Thales Porto, já pensava em produzir algum dia, tanto no virtual quanto na escola mirim Golfinhos. Cecel informa que “vendo este enredo, também percebemos uma forma de homenagear grandes escolas do carnaval real, que já marcaram história com esta temática.”. A escola apresentará um desfile inteiramente inédito, de enredo aos desenhos.

 

Confira a obra inédita que embalará o desfile da escola na edição especial:

 

Confira também a sinopse do enredo:

A ALTANEIROS INVADE O NORDESTE

Autor: Thales Porto

Epílogo

Período a.c. (antes do carnaval)

26 de janeiro de 1500: o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que atingiu o Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco.

22 de abril de 1500: tropas portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral desembarca no território denominado Ilha de Vera Cruz.

1612: A chamada França equinocial invade a costa norte do atual Maranhão fundando o povoado de São Luís.

1630: a companhia holandesa das índias ocidentais invade a Capitania de Pernambuco, sendo a maior resistência contra os Portugueses no nordeste brasileiro no período colonial.

 

Relato de um filho do nordeste

A fé do povo…

Ao fechar meus olhos não consigo distinguir, se invado novamente minha terrinha, meu chão, através de minhas lembranças, ou se sou na realidade invadido por esse paraíso no qual me orgulho em ter nascido. Com os olhos cerrados, a primeira lembrança que enche a minha alma é a fé desse meu povo. Povo abençoado por Oxalá e todos os orixás, nunca param de lutar. Com a alma erguida na cruz do Bonfim, está sempre de cabeça erguida.

Vem ao meu encontro em minha mente, minha mãezinha com Nossa Senhora em romaria. E em mim resgata a mesma fé que a moça solteira emprega em Santo Antônio casamenteiro, entregando a ele o sonho de uma vida que ainda está por vir. Essa fé pura de um povo inocente faz com que minha alma se encha de alegria. Faz da sua luta uma oração, e de suas súplicas grandes festejos. A São João e Santo Antônio, um arraiá é dedicado. E naquela fogueira acesa no átrio da praça, todas as graças são derramadas.

 

O que é trazido na lembrança…

Eita que a saudade começa a apertar, e as lembranças inundam minha mente feito um arrastão Jamais esquecerei do verdadeiro milagre que é um cacto verdin brotar em meio a um chão seco e estéril. Chão esse que pisou Lampião e Maria bonita, botando de vez na história o meu sertão nordestino. Mas no meu lugar não tem só poeira, e na beira do mar uma lenda está gravada na minha cabeça. Reza a história que a índia inocente se apaixonou pelo desbravador, nascendo dessa paixão o mameluco ceará.

Tantas histórias são contadas de forma tão peculiar, na chamada literatura de cordel, em preto e branco as páginas vão sendo eternizadas. E jamais esquecerei que nesse chão a sanfona ganha vida, e enquanto os personagens ficam presos na estampa, o povo arrasta o pé pelas avenidas.

Falando em preto e branco me recordo de mais uma história contada. Era no Porto que chegavam os escravos amarrados. Para não levantar suspeitas o branco gritava, “chegou as galinhas para a venda!” Mal sabiam eles que de Angola vinham mais que escravidao. Vinham a força de um povo que viria a marcar aquele chão.

 

O que é trazido na bagagem…

Mas quem passa pela minha terrinha, de mão vazia não sai de lá! É tanta coisa boa que meu povo oferece, que a bagagem quase não chega a aguentar. As baianas que já chegam de bandeja cheia nas mãos não deixam o povo com fome. E ninguém fica na curiosidade ou na vontade, esses quitutes tem que provar!

Cada passo dado nas nossas ruas uma surpresa se encontra. Ninguém sai desse meu nordeste sem a bolsa cheia das fitinhas de fé! Coisa linda é a renda de bilro, feito todo ali na rua. As rendeiras que não param de fazer riqueza com as mãos, enchem os olhos das moças que passeiam naquela região.

As moças trançam renda, os moços traçam palha, e de onde menos se espera surge mais uma “bugiganga”. Essas palhas viram chapéus ou até artigo da cozinha, mas o trançado é tão bonito que vira obra de galeria. E não se espera menos de um povo tão arteiro, que faz lindas paisagens em um pote tão pequeno. Com areia colorida os vidrinhos ganham cor, mas foi no barro cru que Vitalino teve reconhecido seu valor.

 

O que fica marcado no coração…

É tanta coisa bonita, felicidade ganha cor! Essas bonitezas já não cabem só na lembrança, e já toma conta do coração. O frevo encanta os olhos, os bonecos gigantes arrancam sorrisos, embalado pelo tambor de crioula o sangue dança em nossa veia, dando o ritmo certo da pulsação.

O batuque do olodum não deixa ninguém ficar parado, e vem o Maracatu, que coisa linda, pra se juntar nesse balaio. O coração a uma hora dessa já tá completamente dominado por essa ginga, esse sentimento que não deixa ninguém parado. E como não sentir uma linda emoção, quando o boi bumbá surge na rua, embalando a multidão. Minha terra tem valor, meu povo é aguerrido. Nossa história tem muitas cores, nossa fé é fincada na pedra. Tanta coisa bonita a ser contada, jamais passaria despercebida pois o nordeste já não cabe nas terras ditas no mapa. Sua cultura é tanta que derramou por todo território brasileiro.

 

Prólogo

Período d.c. (depois do carnaval)

1995: Imperatriz Leopoldinense com “Mais vale um jegue que me carregue, que um camelo que me derrube lá no Ceará”;

1997: Portela com “Linda, eternamente Olinda”;

1998: União da Ilha do Governador com “Fatumbi, a ilha de todos os santos”; 1999: Unidos de Vila Isabel com “João Pessoa, onde o sol brilha mais cedo”;

Gaviões da Fiel com “O Príncipe Encoberto ou a Busca de São Sebastião na Ilha de São Luís do Maranhão”; Mocidade Alegre com “Bahia…! Um Porto Seguro”;

2001: Imperatriz Leopoldinense com “Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, pernambuco… Quero vê descê o suco, na pancada do ganzá”; Unidos de São Lucas com “Pernambuco, a Garra do Leão do Norte”;

2002: Estação Primeira de Mangueira com “Brazil com Z é pra cabra da peste,

Brasil com S é nação do Nordeste”; Acadêmicos do Grande Rio com “Os papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão”;

2006: Tom Maior com “Em grandes sertões veredas, o elo perdido se achou… Piauí a terra do sol me encantou, com Frank Aguiar o rei do forró eu vou”;

2008: Estação Primeira de Mangueira com “100 anos do frevo, é de perder o sapato. Recife mandou me chamar…”;

2009: Unidos do Viradouro com “Vira-Bahia, pura energia”;

2010: Acadêmicos do Tucuruvi com “São Luis do Maranhão – Um Universo de Encantos e Magias”;

2011: Acadêmicos do Tucuruvi com “Oxente, o que seria dessa gente, sem essa gente? São Paulo, capital do Nordeste”;

2012: Unidos da Tijuca com “O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”; Academicos do Salgueiro com “Cordel Branco e encarnado”.

2017: Dragões da Real com “Dragões canta asa branca”;

2018: Acadêmicos do Tatuapé com “Maranhão. Os tambores vão ecoar na terra da encantaria”; Unidos do Peruche com “A Peruche no maior axé exalta

Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria”; Tom Maior com “Elba Ramalho canta em oração o folclore do Nordeste. Toque sanfoneiro: forró, frevo e xaxado…”;

2019: União da Ilha do Governador com “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”

 

O que é imortalizado…

Esse chão por tantas vezes invadido, tantas outras foi imortalizado. E com nosso forrozeado mais uma vez viemos fazer história no samba, mais um legado vou deixar. É tão lindo ver meu nordeste mais uma vez pela Passarela do samba  passar. Hoje o samba invade o nordeste, mas é ele quem pisa no seu chão! Forró e o samba juntos novamente causam grande comoção. E graças a isso minhas lembranças são contadas alegrando mais uma vez o meu coração.

 

Obs: Para pontuar “as invasões das escolas de samba” no nordeste, utilizou-se como critério escolas dos grupos especiais de Rio de Janeiro e São Paulo, sendo considerados desfiles de grande expressividade, no período pós passarelas do samba.

 

 

 

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