Ponte Aérea canta Solano Trindade em seu enredo para o Carnaval Virtual 2020

O GRCESV Ponte Aérea apresenta seu enredo em homenagem à Solano Trindade na busca de seu quarto título do Grupo Especial do Carnaval Virtual com o titulo: “Cantares ao meu povo” de autoria do Presidente da agremiação Murilo Polato e das enredistas Júlia Melo e Millena Ventura. O logo é de autoria do carnavalesco da agremiação Juanjo Caballero.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente: Murilo Bernardino Polato
Vice Presidente: Maykon Godoi Vanzin
Carnavalesco: Juanjo Caballero
Intérprete: Diego Nicolau

 

ENREDO:

 

Cantares ao meu povo

Autores: Murilo Polato, Júlia Melo e Millena Ventura.

Tinta preta como a sua pele, risca o chão nos passos do bumba-meu-boi. As cores de recife colorem a poesia. A Ponte canta e conta Solano Trindade, o poeta do povo.

Vento forte que vem da África, nasceu na Recife preta. Fez do cordel inspiração, tecendo histórias para sua mãe descobrir o mundo e junto ao seu pai na cultura popular criou raiz.

Em suas terras descobriu a luta negra, nela se organizou, criou força, encontrou origem e buscou mostrar suas histórias. Queria conhecer sua ancestralidade pois devia, como suas sábias palavras diziam, “pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte”. E junto a amigos criou um mocambo que resgata o negro como protagonista e condutor da sua própria história… Serrar os punhos, sorrir e jamais voltar pra casa de mãos e mentes vazias.

E assim, seguiu escrevendo sobre a cantiga contida no gemido negro e na cachaça melódica presente no velho atabaque. O vento forte que o trouxe, leva-o para desbravar o Brasil, até que um dia, desemboca na Estação de Caxias. Constrói seu quilombo junto a um jardim de margaridas folclórico. E tocam-se os atabaques, gonguês e agogôs. E dá-se forma a arte, que vira teatro, que vira casa, que tem cor. Mas a vida em volta da cidade não era só poesia, era de muita luta, muita dor. E foi ao entrar na Leopoldina que o grito se fez carne, ou melhor, o grito era por carne.

Lembra-se das faces, das vestes e dos gritos contidos nos seres que entravam e saíam pelos vagões, havia muita gente com fome. O que dar-lhes de comer? Poesia. Quem tem fome de comida, tem fome de fala, tem fome de cores, tem fome de estética, tem fome de cidadania. Deu-lhes potência, deu-lhes palavras, deu-lhes sementes para que sejam plantados seus versos negros.

Seus versos foram alimentos, mas também a faca que cortava as opressões. “Eita negro! quem foi que disse que a gente não é gente?”. Fez do negro gente, fez de si gente. Pela reza ao senhor, pelos jogos de búzio.

O vento sopra mais uma vez e leva-o agora para São Paulo, especialmente para uma cidade de sua região metropolitana, com sua chegada e com tudo que ali produziu e fez se tornar Embu das Artes, lá, vou cantar e dançar para meu povo, vou atuar e até no cinema vou marcar presença.

A roda da vida gira e dança por meus caminhos e se vê voltando ao Rio de Janeiro, já envelhecido, um tanto amargurado e adoecido, começa a ver o fim do seu caminho. A arte deu ao povo ao que se alimentar, mas, nada material lhe deu. Talvez por não pensar em si próprio e sim no coletivo. Apesar disso, mais triste é ainda a vida daquele João, que “não tem o que comer, não tem o que calçar, não tem o que vestir, não tem onde dormir, não tem com quem amar, e é anticomunista”.

A vida deixa de soprar em Solano, mas nunca sua obra. Sempre poderemos ecoar e protestar que “tem gente com fome” querendo chegar em algum lugar. “Saudoso poeta, a noite é sua”. Nosso muito obrigado!

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Escola encomendará a Obra.

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