Carnaval Japão: a liberdade que levou a nova escola ao topo do carnaval de Asakusa

Em 1990, um grupo de sambistas de Tokyo insatisfeitos com a agremiação em que desfilavam, resolveram “chutar o balde” e fundar uma nova escola de samba. A decisão representou para aquele grupo uma mudança radical rumo à criação e execução do carnaval que queriam mostrar na avenida. Liberdade! Foi assim que resolveram chamar a nova escola de samba. O GRES Liberdade foi fundado em 27 de janeiro de 1991, e reuniu um núcleo de sambistas dispostos a levar a nova sigla ao topo do carnaval japonês.

Fotos: Takashi Endou

Sol como símbolo

A escola adotou as cores laranja e amarelo, uma sugestão da então passista Yumiko Oh, hoje principal voz do carro de som. Ela propôs que a escola tivesse as cores do sol e também o sol como símbolo. Segundo o vice-presidente Hajime Kanazawa, Yumiko pensou numa agremiação que brilhasse mais que as outras no desfile. A recém empossada diretoria aceitou a ideia na hora.

Em 23 carnavais, o GRES Liberdade acumulou quatro vice-campeonatos, sendo seu pior resultado justamente no ano da estreia, em 1991, quando ficou na sexta colocação. Um histórico invejável para uma escola que nasceu quando o Asakusa Samba Carnival já tinha 11 anos de desfiles. Nessa trajetória Hajime lembra com alegria os desfiles de 1997 e 2008, quando a escola apresentou os enredos “África” e “Amazonas”, respectivamente. “Nessas duas vezes perdemos o título por pouco”, recorda o sambista, que destaca como ponto forte da escola o trabalho em equipe e a especialização dos componentes em várias áreas. No entanto, ele ainda acha a agremiação fraca na elaboração das alegorias.

Com quase 300 componentes divididos em cerca de 10 alas, o GRES Liberdade tem 60 ritmistas: 16 surdos, 18 caixas, 6 repiques, 10 tamborins, 6 chocalhos e 1 cuíca. A bateria desfila com tamborins e chocalhos na frente. Segundo o vice-presidente, o forte da ala são as caixas.

Assim como outras agremiações no Japão, o GRES Liberdade levanta verba para o carnaval realizando desfiles em festivais de rua. Hajime prefere não revelar a quantia gasta, mas garante que o total não chega perto dos US$ 100 mil.

Foto: Takashi Endou

Organização e atribuições

O enredo e o samba-enredo passam por uma pré-seleção da diretoria e os aprovados são escolhidos por votação de todos os membros da escola. Escolhido o enredo, o presidente indica a pessoa mais capacitada para executá-lo. O casal de mestre-sala e porta-bandeira também é indicado pelo presidente. O mestre de bateria escolhe quem tem condições de atuar como ritmista. A líder da ala de passistas escolhe quem deve sair na ala. Já a rainha de bateria é escolhida por concurso.

As atribuições do presidente é de representar a escola em todas as situações, incluindo as reuniões da Associação das Escola de Samba de Asakusa (AESA), além de determinar as diretrizes que a mesma deve seguir. Ele também cuida da contabilidade. O vice-presidente apóia e substitui o presidente. Também é o representante da escola na relação com as outras agremiações ou com outras entidades. O diretor de bateria e a líder das passistas formam os membros das alas e decidem a atuação delas nos eventos.

O GRES Liberdade ficou com a quarta posição no último Asakusa Samba Carnival, resultado que não desanimou a agremiação. Tanto é que a escola já prepara com determinação o carnaval de 2016, que ocorre em agosto.

Foto: Takashi Endou

*Marcello Sudoh é colaborador do SRZD-Carnaval no Japão

Já curtiu a página do SRZD-Carnaval no Facebook?

 

Comentários

 




    gl