Inspirações: o frescor da jovem Império de Itaquera

* Por Eloah Mota

O carnaval é palco para sonhos e fantasias e projetá-lo e executá-lo, mesmo que em
miniatura, é um enorme desafio. A coluna da União de Escolas de Samba de Maquete, “Inspirações” registra as trajetórias e as grandes influências de Presidentes e Carnavalescos das co-irmãs da liga. Ao contrário do ditado “nada se cria, tudo se copia”, mostramos que todo processo artístico de criação é dotado de diversas referências e capacidade de contagiar o público.
À frente da Império de Itaquera, Gabriel de Castro é um dos mais jovens da Liga das Escolas de Samba de Maquete (UESM). Com apenas 16 anos, seu interesse por carnaval se deu da mesma forma que grande parte dos amantes da folia. Em 2016, assistindo a transmissão do desfile do Grupo Especial de São Paulo pela televisão uma escola o marcou fortemente. A Império de Casa Verde (com o enredo “O Império dos Mistérios”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Freitas) chamou bastante sua atenção e veio a se tornar um divisor de águas em sua vida. Tomado pela curiosidade de saber o que havia por trás das fantasias e alegorias luxuosas, Gabriel deu início à pesquisa sobre produção de carnaval que dura até hoje. “Comecei a me interessar pelo mundo das escolas de samba assistindo desfiles. A primeiro que me lembro é a Império de Casa Verde em 2016. As fantasias e alegorias eram incríveis! Fiquei muito curioso e entusiasmado e desde então, acompanho os desfiles”, conta o presidente da azul e branco.

Dois anos depois, Gabriel fundou a Império de Itaquera, escolhendo nome e cores em homenagem à Império de Casa Verde, sua maior inspiração. Com o mesmo intuito que guia sua caminhada até hoje: poder expressar suas ideias. Seu objetivo dentro do carnaval de maquete é realizar um trabalho prazeroso, para isso se empenha para que tudo saia como planejado. Para este ano, ele continuará concebendo tudo sozinho, desde a escolha do enredo à confecção das fantasias e alegorias. A escola disputará título entre o Grupo de Acesso.

Mesmo com pouca idade, a trajetória de Gabriel também inclui experiências com o carnaval real. Em trabalhos com produção de alas das escolas Nenê de Vila Matilde, Leandro de Itaquera e Dom Bosco, além serviços como aderecista para Gaviões da Fiel, pode aprender muito sobre como a magia é feita. Sob forte influência das tradições do carnaval de São Paulo, Gabriel afirma que grandes nomes são espelhos para seus processos criativos. Flávio Campelo, Sidnei França, Amarildo de Mello e Alexandre Louzada são suas maiores inspirações. “Gosto muito do trabalho desses profissionais, todos os dias vejo trabalhos deles e me inspiro”. A prática de rever desfiles antigos também faz parte da rotina do carnavalesco. Conceitos, cores e texturas apresentados nas avenidas o incentivam a pensar novas ideias para concepção dos carnavais em maquete.

Perguntei ao presidente: “Você acha que seu trabalho no carnaval de maquete pode servir de inspiração?”. Em resposta descontraída, diz que nunca havia pensado que pode ser um exemplo para outras pessoas, mas caso houver alguém que se inspire por seu trabalho, espera que esteja sendo um bom exemplo. Despretensioso, sua maior finalidade segue sendo fazer um trabalho que, acima de tudo, o faça feliz. Ao final da entrevista, o jovem carnavalesco define sua relação com o carnaval: “Um ano inteiro de trabalho passa tão rápido, mas na memória guardamos as emoções e boas lembranças”.

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*em colaboração voluntária ao SRZD