Especial: Escolas de Samba de Maquete desfilam pelas Universidades Federais.

A exposição dos desfiles de 2019 da Tijucano para a UESM e para o Carnaval Virtual Foto: Arquivo Pessoal

* Por Nicolas Gonçalves

Olá queridos amigos do mundo do samba. Como vão? A coluna Especiais tem a honra de trazer mais uma reprotagem. Dessa vez, escrita por Nícolas Gonçalves, contando um pouco da trajetoria dos nossos carnavalescos e enredistas pelo mundo acadêmico. Vamos conhecer um pouco dessas trajetorias de sucesso nessa coluna mais que especial.

O vínculo criado por carnavalescos entre carnaval e academia vem de muito tempo atrás, desde Fernando Pamplona até, atualmente,sendo a maioria dos carnavalescos do grupo especial do Rio de Janeiro oriundos de Universidades. Felizmente encontramos cada vez mais pesquisas acadêmicas contextualizadas às escolas de samba. No caso da União das Escolas de Samba de Maquete não foi diferente, contamos com quatro carnavalescos virtuais com projetos envolvendo suas escolas de maquetes. Convocamos esses ilustres pesquisadores para explicarem um pouco mais sobre seus estudos.

Cleiton Almeida

  • Coordenador do Observatório de Carnaval da Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrando da Universidade Federal Fluminense.

Participei da UESM como presidente e carnavalesco do GRESM Unidos do Parque Javali de 2014 a 2018, sendo que os últimos dois anos foram concomitantes ao meu ingresso no curso de graduação em Artes Visuais- Escultura, pela EBA/UFRJ. O uso do trabalho feito para o carnaval de maquete nas minhas produções acadêmicas deu-se a partir da percepção de que os bonecos fantasiados, após a realização do desfile e esvaziados de seu sentido inicial, poderiam ser matéria para falar sobre outros assuntos que me afetavam. Uma das utilizações dos bonecos da Javali foi no objeto “Empilhamento Popular”, uma colagem tridimensional sobre as situações de amontoamento às quais nossos corpos são submetidos cotidianamente. Essa conexão entre a maquete e a academia foi fundamental para meu entendimento de como utilizar a linguagem carnavalesca para traduzir minhas questões com a sociedade e com a arte contemporânea.

Obra de Arte de Cleiton Almeida: “Empinhamento Popular” – Foto: Arquivo Pessoal
Obra de Arte de Cleiton Almeida em exposição – Foto: Arquivo Pessoal

Eduardo Wagner

  • Carnavalesco da Arco Íris e doutorando na Universidade Federal do Pará.

O Auto do Santo Preto e a Bênção das Três Fomes, enredo da Arco Íris em 2019, surgiu de uma conversa com meu orientador no doutorado, professor Miguel de Santa Brígida, quando disse que minha pesquisa “daria um enredo”! Então, fiquei com o martelinho batendo na cabeça. No carnaval real, seria um desfile muito caro… onde eu poderia fazê-lo? Veio a ideia de executar na pequena Arco Íris! Eu já havia, inclusive, lançado enredo para 2019, “O Dia em que a Terra parou”. Retirei o enredo e informei à UESM que lançaria outro, como extensão de minha pesquisa no doutorado, a qual tratava de duas festividades dedicadas à São Benedito, realizadas no bairro do Jurunas, em Belém. Assim, mergulhei no processo de criação que mais gosto: carnavalizar as coisas! E a história das festividades se transformou em um enredo onde São Benedito abençoa o bairro do Jurunas com uma grande bênção, para saciar três tipos de fome: a do corpo, a do espírito e a da alma! E o desfile se tornou tanto um desdobramento de meu trabalho no doutorado quanto parte do trabalho escrito. O capítulo final conta a história das festividades a partir da descrição dos itens do desfile, “ala a ala”. E o resultado foi o trabalho com cara de pesquisa e de carnavalesco, no Programa de Pós-Graduação em Artes, PPGArtes, da Universidade Federal do Pará, apenas aguardando a defesa, um pouco atrasada por conta das mudanças causadas pela pandemia.

Eduardo e o orientador no doutorado, professor Miguel de Santa Brígida. Foto: Arquivo Pessoal
Eduardo na preparação do seu desfile-tese. Foto: Arquivo Pessoal

Nícolas Gonçalves

  • Carnavalesco da Unidos do Tijucano e graduado em Artes Cênicas- Cenografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Desde os poucos anos de idade eu desenvolvia alegorias de maquete e fazia desfiles com vizinhos, mas foi em 2016 que, coincidentemente, ingressei na graduação em Artes Cênicas- Cenografia na UFRJ e iniciei minha jornada pela UESM sendo convidado para ser carnavalesco da Tijucano. Pude experimentar aprendizados da graduação nas maquetes, as fantasias passaram a ter croquis e alegorias desenhos técnicos, por exemplo. Tais estudos concomitantes me levaram institivamente ao meu Trabalho de Conclusão de Curso “G.R.E.S.M.V. Unidos do Tijucano apresenta: O Auto da Trupe de La Mancha”. Orientado por Ronald Teixeira, realizei uma exposição dos desfiles de 2019 da Tijucano para a UESM e para o Carnaval Virtual. A exposição ficou por duas semanas no Prédio de Letras da UFRJ atraindo desde estudantes à amantes do carnaval para apreciar quatro maquetes de alegoria, mais de trezentos bonecos devidamente fantasiados, ilustrações, vídeos e textos curatoriais.

A preparação para a exposição do desfile- Trabaho de Conclusão de Curso de Nicolas. Foto: Arquivo Pessoal
A exposição dos desfiles de 2019 da Tijucano para a UESM e para o Carnaval Virtual Foto: Arquivo Pessoal

 

 

 

Yuri Bastos

  • Carnavalesco da Princesinha do Sul e graduando de Arquitetura e Urbanismo no Universidade Federal de Pelotas.

As escolas de samba têm se profissionalizado ao longo da sua trajetória, buscando em profissionais de diversas áreas conhecimentos técnicos para o desenvolvimento da produção carnavalesca, entre essas áreas, a arquitetura e a cenografia tem se destacado por impactarem diretamente no visual da festa e por terem grandes nomes, como Renato Lage, cenógrafo e Marcus Ferreira, arquiteto e atual campeão do carnaval do Rio. O projeto intitulado “Arquitetando Carnavais: a inserção da arquitetura na produção material do carnaval”, propõe o estudo dos processos projetuais e de produção de alegorias, adereços e fantasias do carnaval real, relacionando com os processos e conceitos de arquitetura e cenografia. O carnaval de maquete é ponto fundamental dessa pesquisa, pois une os dois pontos, carnaval real e arquitetura. Está em paralelo com os processos de elaboração de desfile carnavalesco, enredo, sinopse, elaboração de protótipos, construção do desfile… e é parte do processo projetual da arquitetura, como estudo de volume, e como resultado final com maquete detalhada.

Princesinha do Sul – Pelotas/RS
O enredo da agremiação de Pelotas para o Carnaval 2021

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A UESM, para o carnaval 2021 ainda conta com algumas parcerias acadêmicas de sucesso, como por exemplo os alunos da Equipe de Mídia, que estudam Jornalismo e Produção Cultural em instituições como a Universidade Federal Fluminense – UFF (Eloah Mota), Universidade Federal de Alagoas – UFAL (Willian Alves) e dO Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM (Alessandro Mota), vinculados ao Instituto Idéia Coletiva e a formação do Juri desse ano, uma parceria firmada com o Observatório de Carnaval da Universidade Federal do Rio de Janeiro- OBCAR-UFRJ. Obrigado Nícolas por mais essa importante matéria e nos vemos na próxima edicão da Coluna Especiais.

Saiba mais sobre o Carnaval de Maquete da UESM

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*em colaboração voluntária ao SRzd

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