As primeiras impressões de Bianca Ramos

A coluna de hoje, conta com as primeiras impressões da madrinha de bateria da Lins Imperial e musa da ala Cheyene do bloco Cacique de Ramos: Bianca Ramos. . Minhas impressões pessoais sobre Carnaval de Maquete reaviram os corredores do 7ª andar do prédio da Reitoria. Minhas memórias afetivas remontam o período em que cursei Escola de Belas Artes, na Federal do Rio de Janeiro. Embora meu curso fosse especificamente de Licenciatura em Educação Artística, mantinha interação com os cursos de Indumentária, Cenografia e afins. Pelos corredores do 6ª e 7ª andar da Reitoria, onde aconteciam os cursos, era comum o vai e vem semanal de maquetes. Cada uma mais linda que a outra. Os alunos já na metade do curso de ceno, tinham que reproduzir maquetes dos cenários teatrais quase que semanalmente. Com propostas de peças e encenação das mesmas. Como a imersão no curso de Artes acontecia em horário integral, similar a de um colégio interno, os boatos maliciosos era de que os alunos de ceno concluiriam seus cursos preparados para projetar cenários em maquete, mas não teriam arcabouço para construir cenários em proporções reais. O que discordo completamente, mas todo curso tem sua anedota provocativa. Aonde quero chegar… que esse ofício projetivo, quando organizado e categorizado agora para a linguagem carnavalesca, dividido em agremiações, e essas agremiações organizadas em grupos: Acesso, Especial e de Avaliação; se transforma nessa arte carnavalesco-virtual, tendência desse mundo moderno 3.0. Será que estamos preparados para todas as possibilidades de carnaval que a virtualidade nos oferece? Escolas de samba virtuais, escolas de samba de maquete… Para os amantes dessa arte, que muitas das vezes trazem à tona o debate sobre a necessidade de verbas públicas, assim como, de apoio da iniciativa privada para que tudo aconteça, quando o carnaval se desenvolve no ambiente virtual, por sua essência anárquica e provocativa, faz com que tudo isso ocorra pela vontade de seus organizadores. Vontade atrelada à paixão.
Na medida que as maquetes são projeções do que poderia ser real, o carnaval de maquete do modelo atual, são uma média de 30 propostas de enredo desenvolvidas e setorizadas para aqueles que amam essa arte – essencialmente carnavalesca. Essas propostas de enredo resultam em sambas de enredo – alguns inéditos, outros reeditados, homenagens às personalidades do carnaval; rainhas, musas, musos.. e porque não, reis também? Lugares de destaques, nos carros alegóricos de maquete ou em lugares específicos do desfile são selecionados para essas personalidades carnavalescas já consagradas. Ideias que não seriam facilmente aceitas na avenida podem ser projetadas sem maiores delongas em maquetes.
Em um país que poderia produzir muito mais em sua indústria cinematográfica, e só não o faz por ausência de instâncias que financiem esse setor, transcrever propostas de roteiros, e mesmo de enredos, desenvolver esses enredos, mesmo que de brincadeira no ambiente virtual, pode ser uma alternativa produtiva a essa falta de recursos. Brincadeira quando se faz com amor e organização vira coisa séria. E coisa séria também precisa de apoio, recurso e visibilidade. E quem sabe, observando as escolas de samba de maquete e as propostas de desfile, vistas assim do alto, não encontremos as soluções que tanto buscamos para o carnaval?
Toda a cultura inicial de desfiles que remetia à ideia de brasilidade, que sempre foi a grande temática dos primeiros carnavais, são apenas um dos exercícios que o desfile de escolas de samba de maquete promove e propõe. Além de unir diferentes estados brasileiros em prol de um ofício. E carnaval começa assim… uma brincadeira, junta um, dois, junta três… e vira coisa séria. Fevereiro não teremos aglomeração, mas teremos carnaval virtual. Èvoe!

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