‘Vontade era quebrar a loja’, diz Vilma Nascimento sobre abordagem racista
Três dias após ser homenageada no Congresso Nacional, Vilma Nascimento, de 85 anos, conhecida como “Cisne da Passarela” e porta-bandeira histórica da Portela, a maior campeã do Carnaval carioca, denunciou abordagem racista feita por uma segurança numa loja do aeroporto de Brasília, na última terça-feira (21).
As imagens divulgadas mostram a sambista guardando seus pertences ainda dentro do estabelecimento. Segundo a gravação, ela foi acusada de ter levado um produto sem pagar. A segurança do estabelecimento solicitou que a bolsa de Dona Vilma fosse revistada. Nenhuma irregularidade foi encontrada, de acordo com a família, que registrou queixa na polícia.
Desabafo
Em entrevista ao vivo para o programa “Encontro”, na manhã desta sexta-feira (24), ao lado da filha Daniela, que estava junto com ela durante a abordagem, Vilma fez um desabafo. “Com 85 anos, nunca pensei passar por isso. A minha vontade era quebrar a loja toda”, disse.
“Foi um absurdo!! Cheguei a perguntar se a funcionária estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor, mas ela se calou”, disse Daniela, explicando que a abordagem primeiro foi a ela, mas que depois ouviu no rádio a segurança dizendo que se tratava da mãe.
“Aí eu já gelei, porque faz comigo, mas não faz com a minha mãe”. Ela, que fez imagens da abordagem, contou por que tomou a atitude: “Comecei a gravar, porque fiquei com medo de minha mãe ser discriminada, sei que minha mãe é honesta”.
Repercussão
Pelas redes sociais, uma onda de revolta e solidariedade se espalhou em apoio a um dos maiores símbolos da cultura popular brasileira. Escolas de samba, artistas, autoridades e amigos fizeram publicações sobre o ocorrido.
Em nota, a Portela repudiou o caso e disse que “o constrangimento, demonstrado nas imagens divulgadas, é sentido por todos que temos no samba parte importante de nossa identidade”.
Loja e aeroporto se posicionam
Através de nota, a Dufry Brasil, loja onde Dona Vilma foi abordada, pediu desculpas publicamente. A empresa diz que a abordagem foi fora do padrão do grupo e que a fiscal de segurança foi afastada de suas funções. A Dufry diz ainda que está reforçando todos os procedimentos internos e treinamentos dos funcionários pra evitar que esse tipo de situação se repita.
A Inframerica, concessionária que administra o aeroporto de Brasília, diz que repudia qualquer tipo de ação discriminatória.
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