Vídeo: padre chama Bolsonaro de bandido e diz para eleitores se confessarem

Padre Edson Adélio Tagliaferro. Foto: Reprodução de Internet

Padre Edson Adélio Tagliaferro. Foto: Reprodução de Internet

O padre Edson Adélio Tagliaferro, da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, que fica na cidade de Artur Nogueira, no interior de São Paulo, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e repreendeu os fiéis que ajudaram a elegê-lo.

A afirmação ocorreu durante a celebração eucarística realizada neste domingo (5). Devido a transmissão online, a cena viralizou nas redes sociais.

Durante a homilia, o religioso chamou Bolsonaro de “bandido” e falou que os fiéis que votaram nele deveriam se confessar pelo pecado cometido. “Quem votou nele devia se confessar, pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu”, disse o padre.

“Vocês querem que eu fale aquilo que todo mundo fala, que não deixam ele trabalhar? Não! Bolsonaro não presta. Bolsonaro não vale nada. E quem votou nele devia se confessar, pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido para presidente”, completou  fazendo críticas à ausência de um ministro da Saúde diante da pandemia da Covid-19. Em seguida, ele orou pelas vítimas fatais da doença.

Após a repercussão do vídeo, o padre diz que a fala selecionada ficou descontextualizada. Segundo ele, no dia da missa ele falava sobre o profeta Amós, que foi em sua fala contra o rei Joroboão II, rei de Israel. Também no Evangelho (Mt 9,1-8), Jesus tem um embate com os fariseus por perdoar os pecados de um paralítico.

“Antes de tudo, é bom que saibam reconhecer no padre um ser humano que também sofre as incoerências da vida, tem suas lutas interiores e desafios exteriores a enfrentar. Naquele dia específico eu tive uma conversa acalorada com uma apoiadora do presidente da República. Isso talvez tenha sido decisivo para o ocorrido”, escreveu o padre.

Segundo o padre, diante disso tudo fiz a homilia e nela refleti sobre Amós. E assim como o profeta ele fez critica. “Trazendo isso para nossa realidade é possível entrever que, se fosse Amós a pregar teria também falado dando nomes aos argumentos. Foi o que fiz. Toda pessoa séria na vivência de sua fé está preocupada com o destino do país e a dor dos pobres. Não é difícil fazer quarentena numa bela casa, com a geladeira cheia e vultosa conta bancária. Mas não é esta a realidade do nosso país. Infelizmente. E isso não está aí por acaso, é fruto de uma história. Afinal foram 388 anos de escravidão negra dos 500 de nosso país colonizado. Somente na cidade de São Paulo são 30.000 pessoas na rua nestes dias de frio. Quantos inocentes ainda terão que morrer baleados em nosso país? E por aí vai.”

O padre continuou dizendo que “Eu sabia das consequências embora não imaginasse que pudesse sair dos limites da cidade onde vivo”.

Ele diz que o pano de fundo da referida homilia não foi pregar o ódio e divisões. “Não tinha a intenção de fazer críticas vazias e apenas provocativas. Mas meu objetivo claro foi dizer que, como cristãos que somos, não podemos ser dúbios quanto a prática da fé. Mais que uma crítica política, foi uma provocação teológica. Não foi a defesa de outro partido político como alguns disseram. Foi uma explanação à cerca da fé em Jesus Cristo e a clareza do seu Evangelho de vida”.

Segundo ele, naquela homilia do dia 2/07 “lembrei-me e citei Mt 5, 37 ( Que teu sim, seja sim, que teu não seja não!) e Ap 3, 14 -16 (nem frio nem quente, seria melhor ser frio ou quente, porque os mornos eu vomito da minha boca). Este foi o pano de fundo da reflexão. Qual está sendo nossa opção como cristãos? Ela representa o Evangelho de Jesus? Olhando a realidade a nossa volta, que tipo de Igreja queremos ser? Que cada um responda segundo sua consciência!”.

Seria bom ainda se perguntar por que um vídeo dizendo estas coisas se espalhou como fogo no capim seco? Há tantas pessoas que dizem isso na internet, não sou o primeiro. O que mudou? Talvez não seja somente eu a estar cansado e angustiado com tudo o que está acontecendo e esta voz acabou representando tantas vozes entaladas na garganta de muita gente.

Termino citando o grande escritor Dante Alighieri e uma citação em sua obra prima Divina Comédia. Segundo ele, na porta do inferno está escrito: “Ao entrar deixe a esperança. Eu posso até ir para o inferno, porque jamais quero desobedecer a uma ordem do meu Senhor e sou merecedor disso pelos meus muitos pecados, mas não terei como deixar a esperança ao entrar, pois minha esperança é Cristo e ele estará para sempre no meu coração, por toda a eternidade. Rezem por mim!”, escreveu o padre Edson Adélio Tagliaferro.










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